sábado, 2 de março de 2019

Acusações do advogado Cohen contra Trump


                                   
            Michael Cohen, ex-advogado particular de Donald Trump, ampliou as acusações contra o  45º presidente em depoimento na quarta-feira, 27 de fevereiro.
           Além de elencar os seguintes termos ofensivos sobre o presidente - racista, vigarista e trapaceiro -  Cohen afirmou que o presidente sabia de três atos  que são foco de investigação penal sobre a interferência russa (leia-se gospodin Vladimir Putin) nas eleições de 2016 (voltados para prejudicar a candidata Hillary Clinton), assim como a violação das leis de financiamento de campanha.
             Consoante o advogado, o presidente Trump sabia do encontro de um de seus assessores, Roger Stone, com representantes de Wikileaks, durante a campanha presidencial. Cohen afirmou, outrossim, que Trump sabia da divulgação dos e-mails internos do comitê democrata, divulgados pelo WikiLeaks, antes de se tornarem públicos. Há suspeitas de que as mensagens foram obtidas por hackers russos e repassadas ao encarregado dos WikiLeaks, Julian Assange, então asilado na chancelaria da embaixada do Equador em Londres.

             O ex-advogado pessoal de Trump foi condenado a três anos de prisão pelos crimes de fraude, violação das leis de financiamento de campanha eleitoral e falso testemunho ao Congresso.  Cohen começa a cumprir a pena em maio p.f. Desde 2007, foi um dos assessores mais próximos de Donald Trump, e além disso, enquanto advogado, um dos principais defensores de Trump.
               A 27 de fevereiro último, Cohen levou provas do suborno pago a duas mulheres (Stormy Daniels e Karen McDougal) antes da eleição de 2016, para obter-lhes o silêncio  e evitar, dessarte, a divulgação de casos extraconjugais do então candidato a Presidente.  O ex-advogado de Trump também afirmou que ele orientara as negociações para a Torre Trump em Moscou, durante a campanha de 2016. A esse respeito,Trump nega as acusações, garantindo que nunca teve negócios na Rússia durante a eleição.

                   A estratégia dos republicanos tem sido atacar a credibilidade de Cohen, que já mentiu para o Congresso antes.  No Twitter, seu veículo preferido de comunicação, Trump acusou o ex-advogado particular de estar mentindo para reduzir seu tempo de prisão.
                      Até agora,  o busílis por trás das investigações  que atingem Trump e seu entorno, é se o presidente sabia e participara das irregularidades denunciadas por Cohen.  É isso que pode fortalecer a investigação do Procurador Especial,  Robert Mueller III estender-se da  esfera política e passar a criar graves implicações legais contra Trump.

                       Richard Hasen, professor de Direito na Universidade da Califórnia, acredita que o advogado Cohen deu declarações que podem complicar o Presidente.  Sem embargo, para transferir  isso  para a esfera legal e jurídica, seriam necessárias, a seu ver, outras evidências.  "Se corroboradas por outras provas, é possível mostrar que Trump cometeu crimes. Mas, só com base no depoimento, não há evidências suficientes", afirma Hasen.

Impeachment.   O âncora da NBB, Chuck Todd, disse em 27 de fevereiro que Cohen deu o primeiro "depoimento informal" do processo de impeachment  de Trump. Apesar de o Partido Democrata ter o controle da Câmara de Representantes, a atual maioria republicana no Senado é uma trava para que o processo se efetive.
                           Nos Estados Unidos - como no Brasil - o processo de impeachment passa primeiro na Câmara de Representantes. A maioria simples dos deputados aprova o impeachment, mas é preciso dois terços dos senadores para condenarem um presidente. "O impeachment é uma questão muito mais política e, dado o cenário atual, imagino que precisaríamos de mais provas  de o que vimos até agora", é o que ainda declara o professor Hasen.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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