Michael Cohen,
ex-advogado particular de Donald Trump, ampliou as acusações
contra o 45º presidente em depoimento na
quarta-feira, 27 de fevereiro.
Além de elencar os seguintes termos
ofensivos sobre o presidente - racista, vigarista e trapaceiro - Cohen afirmou que o presidente sabia de três
atos que são foco de investigação penal
sobre a interferência russa (leia-se gospodin
Vladimir Putin) nas eleições de 2016 (voltados para prejudicar a candidata Hillary Clinton), assim como a violação
das leis de financiamento de campanha.
Consoante o advogado, o presidente
Trump sabia do encontro de um de seus assessores, Roger Stone, com representantes de Wikileaks, durante a campanha presidencial. Cohen afirmou,
outrossim, que Trump sabia da divulgação dos e-mails internos do comitê
democrata, divulgados pelo WikiLeaks,
antes de se tornarem públicos. Há suspeitas de que as mensagens foram obtidas
por hackers russos e repassadas ao encarregado dos WikiLeaks, Julian Assange,
então asilado na chancelaria da embaixada do Equador em Londres.
O ex-advogado pessoal de Trump foi
condenado a três anos de prisão pelos crimes de fraude, violação das leis de
financiamento de campanha eleitoral e falso testemunho ao Congresso. Cohen começa a cumprir a pena em maio p.f.
Desde 2007, foi um dos assessores mais próximos de Donald Trump, e além disso,
enquanto advogado, um dos principais defensores de Trump.
A 27 de fevereiro último, Cohen
levou provas do suborno pago a duas mulheres (Stormy Daniels e Karen McDougal)
antes da eleição de 2016, para obter-lhes o silêncio e evitar, dessarte, a divulgação de casos
extraconjugais do então candidato a Presidente.
O ex-advogado de Trump também afirmou que ele orientara as negociações
para a Torre Trump em Moscou, durante
a campanha de 2016. A esse respeito,Trump nega as acusações, garantindo que
nunca teve negócios na Rússia durante a eleição.
A estratégia dos
republicanos tem sido atacar a credibilidade de Cohen, que já mentiu para o
Congresso antes. No Twitter, seu veículo
preferido de comunicação, Trump acusou o ex-advogado particular de estar
mentindo para reduzir seu tempo de prisão.
Até agora, o busílis por trás das investigações que atingem Trump e seu entorno, é se o
presidente sabia e participara das irregularidades denunciadas por Cohen. É isso que pode fortalecer a investigação do
Procurador Especial, Robert
Mueller III estender-se da
esfera política e passar a criar graves implicações legais contra Trump.
Richard Hasen,
professor de Direito na Universidade da Califórnia, acredita que o advogado
Cohen deu declarações que podem complicar o Presidente. Sem embargo, para transferir isso
para a esfera legal e jurídica, seriam necessárias, a seu ver, outras evidências. "Se corroboradas por outras provas, é
possível mostrar que Trump cometeu crimes. Mas, só com base no depoimento, não
há evidências suficientes", afirma Hasen.
Impeachment.
O âncora da NBB, Chuck Todd, disse em 27 de fevereiro que Cohen deu o primeiro
"depoimento informal" do processo de impeachment de Trump. Apesar
de o Partido Democrata ter o controle da Câmara de Representantes, a atual
maioria republicana no Senado é uma trava para que o processo se efetive.
Nos Estados Unidos -
como no Brasil - o processo de impeachment
passa primeiro na Câmara de Representantes. A maioria simples dos deputados
aprova o impeachment, mas é preciso
dois terços dos senadores para condenarem um presidente. "O impeachment é uma questão muito mais
política e, dado o cenário atual, imagino que precisaríamos de mais provas de o que vimos até agora", é o que ainda
declara o professor Hasen.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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