sábado, 23 de março de 2019

Governo Bolsonaro: críticas de Rodrigo Maia


                              

        Segundo noticia o Estado de S. Paulo,  um dia depois de ameaçar deixar a articulação política da reforma da Previdência na Câmara, o presidente Rodrigo Maia negou ontem, dia 22, que abandonará a função. Disse, no entanto, que o governo Bolsonaro não pode terceirizar a responsabilidade.
         Para o presidente  da Câmara dos Deputados, o Presidente Jair Bolsonaro deve assumir a liderança nesse processo, caso contrário terá dificuldades para aprovar as mudanças nas regras de aposentadoria.
        "O discurso dele (v.e. Bolsonaro) é: sou contra a reforma, mas fui obrigado a mandá-la, ou o Brasil quebra. Ele dá sinais de insegurança ao Parlamento", declarou Maia, em entrevista ao Estadão.  "Hoje o governo não tem base. Não sou eu que vou organizá-la", e, nesse sentido,  Maia também afirmou  que o governo é um "deserto de idéias". Fez, no entanto, exceção do Ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara acrescentou que o Brasil "precisa sair do Twitter e ir para a vida real".

            E o Deputado Rodrigo Maia acrescentou: "Ninguém consegue emprego por causa do Twitter. Precisamos que o país volte a ter um projeto. Qual é o projeto do governo Bolsonaro fora a Previdência  e o projeto de Sérgio Moro? Não se sabe."         
            O presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse ao Estado  que o governo não tem projeto para o país além da Reforma da Previdência. Passado um dia após ameaçar deixar a articulação política para a aprovação das mudanças na aposentadoria por causa dos ataques recebidos nas redes sociais pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), Maia calibrou o discurso e assegurou a continuidade do trabalho. Fez, porém, várias críticas e advertiu que o Presidente precisa deixar o Twitter de lado, além da "disputa do mal contra o bem", e se empenhar para melhorar a vida da população.

            "O governo é um deserto  de ideias", afirmou Maia.  "Se tem propostas, eu não as conheço. Qual é o projeto do governo Bolsonaro fora a Previdência? Não se sabe".  Na avaliação do presidente da Câmara, o ministro da Economia, Paulo Guedes, é "uma ilha" dentro do Executivo.
              Lembrado de que Bolsonaro comparou possíveis dificuldades no relacionamento às brigas de um namoro e avisou que vai procurá-lo, Maia disse que o presidente ficar sem conversar com ele até o fim do mandato, não haverá problema. "Não preciso falar com ele. O problema é que ele tem de conseguir várias namoradas no Congresso para aprovar a Previdência. Eu já sou a favor. Ele pode me deixar para o fim da fila", argumentou Maia.
               Indagado porque decidira abandonar a articulação da reforma, Maia respondeu: "Apenas entendo que o governo eleito não pode terceirizar sua responsabilidade. O presidente precisa assumir a liderança, ser mais proativo. O discurso dele é: sou contra a reforma, mas fui obrigado a mandá-la, ou o Brasil quebra.  Ele dá sinalização de insegurança ao Parlamento.  Ele tem de assumir o discurso  que faz o ministro Paulo Guedes. Hoje o governo não tem base. Não sou eu que vou organizar a base. Precisamos reorganizar essa conversa. O presidente da Câmara sozinho em uma matéria como a reforma da previdência não tem capacidade de conseguir 308 votos. Está escrito lá na PEC 'autoria: Poder Executivo'. Então o Poder Executivo precisa ser um ator ativo nesse processo político."
                 Perguntado se ele continua à frente da articulação, disse Rodrigo Maia: "Dentro do meu quadrado, sim. Agora, acho que quanto mais eles tentam trazer para mim a responsabilidade do governo, mais estã piorando a relação do governo com o Parlamento. Quanto mais eu assumir o protagonismo na reforma da Previdência, pior para a reforma da Previdência. O governo precisa  vir a público de forma mais objetiva, com mais clareza, com mais energia na votação da reforma.  Quando o Paulo Guedes vem aqui, eles saem com boa expectativa."
                  Indagado sobre o governo precisa fazer, respondeu Maia. "Ele precisa construir um diálogo com o Parlamento, com os líderes, com os partidos. Não pode ficar a informação que o meu diálogo não é pela matéria, é pelo toma lá, dá cá. A gente tem de parar com essa conversa, Como o presidente vê a política? O  que é a novo política para ele?  Ele precisa colocar em prática a nova política. Tanto é verdade que ele não colocou que tem 50 deputados na base. O presidente da Câmara talvez seja o político que hoje mais defende a aprovação da reforma da Previdência e eu vou continuar cumprindo esse papel pelo Brasil.  Faço o alerta: se o governo não organizar sua base, se o presidente não começar a fazer política com os partidos, com os parlamentares dialogando, vai ser muito difícil aprovar a reforma da Previdência. O ciclo dos últimos trinta anos acabou e agora se abre um novo ciclo do qual ele é o primeiro líder. Ele precisa saber o que  colocar no lugar."
                   Perguntado se o presidente ainda não o fez,  Maia respondeu: "Ele estará transferindo para a Presidência da Câmara e do Senado uma responsabilidade que é dele. Então, ele fica só com o bônus e eu fico com o ônus de ganhar ou perder. Se ganhar, ganhei com eles. Se perder,perdi sozinho. Então isso  para uma matéria como  a Previdência é muito grave. Porque não é qualquer votação. É a votação que vai dizer o que o Brasil quer.Se é reduzir o número de desempregados, reduzir o número de pobres no Brasil. Se o Brasil quer voltar a poder investir em saúde e educação ou se o Brasil vai ter hiperinflação. Então não é uma votação qualquer para você falar assim 'leva que o filho é teu', Não é assim. Essa é uma matéria que vai ser um divisor de águas inclusive para o governo Bolsonaro. Então, ele precisa assumir um protagonismo. Foi isso que eu falei. Não falei que vou deixar de trabalhar, deixar de defender coisas que eu tenho convicção, eu não deixo de fazer porque brigo com A. com B., com C.
                   Perguntado sobre o que acha se o posicionamento do filho do presidente Carlos Bolsonaro nas redes sociais está atrapalhando o governo, respondeu:
                   "O Brasil precisa sair do Twitter e ir para a vida real. Ninguém consegue emprego por causa do Twitter. Ninguém consegue uma vaga na escola, uma creche para uma criança, ser operado no hospital por causa do Twitter. Precisamos que o País volte a ter projeto. Qual é o projeto do governo Bolsonaro fora a Previdência e o projeto do ministro Sérgio Moro? Não se sabe. Qual é o projeto de um partido de direita para acabar com a extrema pobreza? Criticaram tanto a Bolsa Família nos últimos anos e não propuseram nada até agora para o lugar. Criticaram tanto a evasão escolar de jovens e agora a gente não sabe o que o governo pensa para os jovens e pensa para as crianças de zero a três anos. O governo é um deserto de ideias.
                      Perguntado sobre se temos um desgoverno, respondeu Maia:"As pessoas estão precisando da reforma da Previdência. Mesmo que elas não saibam. As pessoas precisam  que o governo volte a funcionar. Nós temos uma ilha de governo com o Paulo Guedes, com a equipe dele. Tirando ali, você tem pouca coisa. Ou pouca coisa pública. Nós sabemos onde estão  os problemas. Um governo de direita deveria estar fazendo não apenas o enfrentamento nas redes sociais sobre se o comunismo acabou ou não, mas deveria estar dizendo: "No lugar do Minha Casa, minha Vida, para habitação popular nós estamos pensando isso; para saneamento, nós estamos pensando aquilo". O que o governo pensa sobre saneamento básico?
                        Indagado afinal se é por isso que o DEM até hoje não entrou na base, respondeu Presidente da Câmara:  "É porque para o DEM, como para todos os partidos, a prioridade não são nomeações como o presidente acha, a prioridade é conhecer qual é o projeto do governo, em que governo eu vou entrar, quais são as propostas para que eu possa projetar 2022 ou 2032.
                        "Por que o embate com o ministro Sérgio Moro? Ele tem que encaminhar o projeto, dialogar e respeitar a tramitação, que é dada pelo Presidente da Câmara, que foi eleito com 33.334 votos e sem o apoio do governo. O projeto é importante. Conheço a Câmara dos Deputados razoavelmente bem. Certamente, muito melhor que o ministro Moro. E sei como eu posso ajudar a que o projeto sem atrapalhar a Previdência possa tramitar. O que me incomodou? O ministro passou da fronteira. Mas tenho certeza que daqui a algumas semanas ele vai ver que foi muito melhor para o projeto dele. Ele me mandou mensagem hoje."

( Fonte:  O Estado de S. Paulo)   

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