Guaidó, de regresso de
seu périplo de dez dias na América do Sul, nesta segunda-feira dia quatro de
março, tem mostrado, como líder oposicionista, coragem e equilíbrio.
Apesar da guerra de nervos do
regime Maduro de que ele seria detido ao regressar por sair para a América
Latina, abandonando o pátrio território, ainda que por uma tournée relâmpago Guaidó manteve a calma, tanto evitando
motivos para 'reforçar' as acusações do campo chavista, sem deixar de evidenciar uma sobranceira
atitude de quem não dá motivos para ataques dos maduristas, sem contudo
esquecer que ele é o Presidente interino da Venezuela, apoiado por mais de 50
países.
Ele soube
não desperdiçar os seus poucos e delicados trunfos, pois ao usá-los com medida,
sem inúteis provocações, valorizando-se na sua rápida tournée na América Latina,
preservando a força moral do candidato,
ele se houve bem no seu périplo de Latino America, evidenciando que não é nenhum novato na
política, nem tampouco deslumbrado. Soube, outrossim, atuar com a necessária afirmação política, ao
seguir a trilha perigosa de um candidato com uma base contestada pelo corrupto
regime chavista, sem escorregões, e, sobretudo, sabendo dosar à maravilha a
pressão local das manifestações da massa popular, que soube entremear com o seu
retorno e a possibilidade de tentativa de intimidação de parte de um campo
chavista que mal se contém em fazer um 'agrado' ao caudillo de Miraflores, se
para tanto lhe desse Juan Guaidó uma fímbria de desculpa.
A mesma habilidade foi
evidenciada nas demonstrações que fez realizar em Caracas e alhures. Como a
parte ainda exposta nessas primeiras manobras,
Juan Guaidó tem surpreendido a muitos pelo cocktail de coragem e
habilidade, com que dosa as respectivas forças, tendo bem presente que Nicolás
Maduro e a sua corrupta aliança que ainda está no poder, não desejaria outra
coisa que uma escorregadela do
jovem Guaidó, causada por postura provocativa do presidente interino.
Não que Guaidó tenha
poucas cartas. Mas ele não deve esquecer que o seu jogo no imediato futuro
defronta um adversário na verdade podre, e com apoiadores que tendem a
sentir-se cada vez mais inseguros diante das habilidades do presidente
interino. Para isso. ele dever ter
presente que carece de fugir da hubris, porque ela, em última análise, o enfraqueceria.
Trata-se, na verdade,
de um jogo florentino. Se souber dosá-lo e se não piscar, as chances de prevalecer de parte de
Guaidó são muito grandes. Mas ele não
pode subestimar o adversário, apesar de ter a maioria do povo venezuelano do
próprio lado.
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
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