De
mortuis, nisi bonum será a expressão latina, mas não é
decerto fácil . atender-lhe o ditame no que concerne ao vascaíno Eurico
Miranda, personalidade controversa no
Vasco da Gama, o CRVG, clube do coração de tantos cariocas e brasileiros.
Quando entrei para a legião dos
torcedores do Clube de Regatas Vasco da Gama, os tempos eram decerto outros. Na época, as finanças do clube de São
Januário ficavam por conta dos portugueses da rua Acre, e a maneira com que
administravam a equipe se refletiu nos diversos campeonatos invictos que
arrebatara o time da colina de São Januário, que por aqueles tempos - quando o
Maracanã começava a ser levantado para receber a Copa do Mundo de 1950 - era a
equipe mais forte do Rio.
Daí se explica a maneira simples com que me tornei vascaíno, ainda que
estivesse em Porto Alegre. Vi a foto do CRVG alinhado em fila indiana, como era
costume na época, foto essa estampada em
revista ilustrada que hoje não mais existe, e que dizia apenas: Vasco de Gama,
campeão carioca invicto de 1949.
Para uma criança como era eu na época,
não houve dúvidas em abraçar a dita equipe - que além do Internacional,
em Porto Alegre - constituiria o meu time do coração doravante.
Mal sabia eu que muito mais tarde Eurico Miranda viria substituir os
portugueses da rua Acre entre os paredros encarregados do Vasco da Gama.
Embora O Globo faça em primeira página um resumo necrológico algo veraz (warts and all) do cartola vascaíno, com todos os defeitos de Eurico Miranda, não creio seja o
caso de repisar nesta tecla. O futuro dirá sobre o verdadeiro papel de Eurico,
deixando o CRVG em posição bastante diversa daquela em que os antigos
benfeitores do Vasco tinham engrandecido o expresso da colina, a ponto de ser base
da seleção canarinho, e ter uma longa preponderância no futebol carioca. O
próprio Flamengo, o seu maior rival, amargaria cerca de oito anos sem conseguir
vencer o CRVG...
(
Fonte: O
Globo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário