quinta-feira, 14 de março de 2019

De que serve a Mediocridade


                                   
              O  pior erro que se possa cometer com um agente político é subestimar-lhe a capacidade.  Dada a sistemática tática que ela vem exercendo,  tal é a postura da Primeiro Ministra, Theresa May.
   
              Como todo  político medíocre, a May não está interessada em grandes causas. O seu escopo é bem menor. Ela quer sobreviver à presente situação política.  Nesse contexto, o seu interesse prioritário, não é alcançar grandes objetivos. O que ela pretende é como um caranguejo aferrar-se a uma lâmina de metal. Pouco importa que o objetivo não seja importante.  Por ora, ela precisa é quebrar o viés negativo que as suas iniciativas vem provocando. De alguma forma, o que ela carece é ganhar tempo. Da causa e de seus resultados, ela pensará mais tarde.

                  Como um agente medíocre,  ela não mira grandes soluções. Tampouco se aferra a grandes fins, ou neles crê. Tenha-se presente que no referendo ignobilmente administrado por David Cameron, em que ele perdeu por uma série de erros, e por isso teve de sair da cena política,  não se deve tampouco esquecer que a mente pouco brilhante da May, então encarregada de vistos e da secretaria do Interior, cuidou de defender a causa do Remain.  Alguém terá alguma dúvida quanto a sua substancial contribuição para que a causa de o Reino Unido continuar na União Europeia terá ido para o brejo, sob o peso da mediocridade da Secretária do Interior Theresa May?

                    Mas a May deve ter de si própria um juízo inabalável e confiante. Ela pensa que ganhar tempo é essencial para a sua causa, e vê as sucessivas derrotas que as suas posições têm causado, como registros positivos, pois ela pensa que tudo esteja em ganhar tempo.
                      Como ela cuida de estreitar a pauta de votações.  por ora a May alimenta a ilusão de que ganhar tempo, mesmo com o prazo limite da saída cada vez mais próximo,  não representaria  uma situação muito grave e sobretudo, ela pode continuar a pensar que o controle da situação ainda está sob seu alvitre. 

                       Como não dá maior importância aos trabalhistas, não se pode excluir que a rasteira final que ela venha a sofrer se origine do Partido Trabalhista. Jeremy Corbyn gostaria de uma chance de chegar a Downing Street 10, e  o despreparo da May, e a sua estranha segurança de que pode continuar a perder votações sem que disso decorram situações diversas e perigosas, tal parece que não afeta a sua suposta estratégia perde-dora.

                        Outro aspecto que ela vem ignorando com postura quase real,  é a possibilidade de que surjam nos Comuns candidaturas que favoreçam não o Brexit, mas afinal o referendo para valer, que crie condições de um movimento que ponha abaixo todos esses andaimes para dar vaza ao dito Brexit, e que pensem nas posições de Escócia e Irlanda, em que as posições do Remain continuam fortes e podem com isso carregar a esses dois pequenos países do Reino Unido, para derrubar de vez a opção do brexit, passando-se a um referendo em que a tônica do Remain afinal prevaleça.  Além de outros efeitos benéficos para o povo inglês, avultaria o da exclusão, por incompatibilidade, da Theresa May da governança, com a escolha de alguém mais capaz  para a direção dos negócios ingleses, desta feita livres da roleta russa das propostas contrárias a União Europeia...


(Fontes:  Estado de S. Paulo, The Independent) 

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