O pior erro que se possa cometer com um agente
político é subestimar-lhe a capacidade.
Dada a sistemática tática que ela vem exercendo, tal é a postura da Primeiro Ministra,
Theresa May.
Como todo político medíocre, a May não está interessada em grandes
causas. O seu escopo é bem menor. Ela quer sobreviver à presente situação
política. Nesse contexto, o seu
interesse prioritário, não é alcançar grandes objetivos. O que ela pretende é
como um caranguejo aferrar-se a uma lâmina de metal. Pouco importa que o
objetivo não seja importante. Por ora,
ela precisa é quebrar o viés negativo que as suas iniciativas vem provocando.
De alguma forma, o que ela carece é ganhar tempo. Da causa e de seus resultados,
ela pensará mais tarde.
Como um agente medíocre, ela não
mira grandes soluções. Tampouco se aferra a grandes fins, ou neles crê.
Tenha-se presente que no referendo ignobilmente administrado por David
Cameron, em que ele perdeu por uma série de erros, e por isso teve de
sair da cena política, não se deve
tampouco esquecer que a mente pouco brilhante da May, então encarregada de
vistos e da secretaria do Interior, cuidou de defender a causa do Remain.
Alguém terá alguma dúvida quanto
a sua substancial contribuição para que a causa de o Reino Unido continuar na
União Europeia terá ido para o brejo, sob o peso da mediocridade da Secretária
do Interior Theresa May?
Mas a May deve ter de si própria um juízo inabalável e confiante. Ela
pensa que ganhar tempo é essencial para a sua causa, e vê as sucessivas
derrotas que as suas posições têm causado, como registros positivos, pois ela
pensa que tudo esteja em ganhar tempo.
Como ela cuida de estreitar a pauta de votações. por ora a May alimenta a ilusão de que ganhar
tempo, mesmo com o prazo limite da saída cada vez mais próximo, não representaria uma situação muito grave e sobretudo, ela
pode continuar a pensar que o controle da situação ainda está sob seu
alvitre.
Como não dá maior
importância aos trabalhistas, não se pode excluir que a rasteira final que ela
venha a sofrer se origine do Partido Trabalhista. Jeremy Corbyn gostaria de uma
chance de chegar a Downing Street 10, e
o despreparo da May, e a sua estranha segurança de que pode continuar a
perder votações sem que disso decorram situações diversas e perigosas, tal
parece que não afeta a sua suposta estratégia perde-dora.
Outro aspecto que ela
vem ignorando com postura quase real, é
a possibilidade de que surjam nos Comuns candidaturas que favoreçam não o
Brexit, mas afinal o referendo para valer, que crie condições de um movimento
que ponha abaixo todos esses andaimes para dar vaza ao dito Brexit, e que
pensem nas posições de Escócia e Irlanda, em que as posições do Remain
continuam fortes e podem com isso carregar a esses dois pequenos países do
Reino Unido, para derrubar de vez a opção do brexit, passando-se a um referendo em que a tônica do Remain
afinal prevaleça. Além de outros efeitos
benéficos para o povo inglês, avultaria o da exclusão, por incompatibilidade,
da Theresa May da governança, com a escolha de alguém mais capaz para a direção dos negócios ingleses, desta
feita livres da roleta russa das propostas contrárias a União Europeia...
(Fontes: Estado de S. Paulo, The Independent)
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