Na imagem do velho
boxeador, que conversava com meu amigo e eterno mestre Miguel Álvaro Ozório de
Almeida, o knock-out sai sempre de um
murro que a vítima da vez nunca saberá de onde saíu. A 'nobre arte', assim chamada e pasmem!
sem traço de ironia pelos aficionados, é um desforço aparentemente simples,
quase singelo, na aparência, mas decerto guarda muitas surpresas, e, como em
quase tudo na vida, mais existirão quanto menos preparado estiver o suposto aprendiz.
E já entrevejo o sorriso meio
maroto de Miguel Ozório, que, com suas longas estórias, foi marco na minha
carreira, e por quem não trepidei em ceder um punhado de anos de poder - e
consequentes atrasos na longa caminhada que empreendemos com a confiança dos
anos passados e os saltos no escuro a que a amizade por vezes nos empurra.
E
não é que a existência diplomática, a chamada carrière, me ensinaria com
os tortos traços do impenetrável futuro, que o aprendizado existencial não se limita a postos de poder, mas também a
tais convívios na planície com os poucos maiores que a vida te faz encontrar
pelo caminho.
(
Fonte: travessia no Itamaraty )
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