De
tropeço em tropeço, Theresa May vai
perdendo a condição de Primeira Ministro.
Nesse quadro, o Parlamento aprovou ontem emenda que dá aos deputados
controle sobre o mecanismo de saída
do Reino Unido no que tange à União Europeia.
Nesse sentido, o chamado processo de saída do Reino Unido da União
Europeia - the Britain
exit (Brexit) - ficaria agora sob estrito controle dos deputados,
na medida em que é factível ter algum domínio sobre o imponderável...
A
emenda aprovada - que contou, inclusive, com o apoio da Oposição trabalhista - submetida
à votação sob a forma de proposta multipartidária - fora apresentada pelo
conservador Oliver Letwin, e contara com
329 votos a favor e 302 contra. Essa
emenda teve o apoio de três ministros do gabinete da May, os quais em seguida
pediram demissão do ministério.
No
descontrole que caracteriza esse débil governo,
o gabinete se opunha à emenda,
que classificara como "um mau precedente".
O
que torna possível a emenda que acaba de ser aprovada? A partir de quarta-feira, 27 de março, o Parlamento determinará a forma que o Brexit deva revestir: manutenção do
mercado único, realização de um novo referendo e anulação da saída da União
Europeia, entre as alternativas.
A
situação do gabinete de Theresa May não poderia ser, portanto, mais
precária. O próprio DUP - um dos primeiros erros
da May, que convocara eleições pensando reforçar a própria condição política, e
que viria a obrigá-la a um acordo com esse pequeno partido protestante irlandês, em
sua primeira revelação da própria inabilidade política - agora o DUP dá sinais
evidentes de desconforto político e de uma iminente saída do governo.
Por outro lado, o Parlamento retirou do gabinete a prerrogativa de dispor sobre as formas de Brexit.
A May é despojada de qualquer poder em determinar as formas em que a saída (ou
não) do Parlamento inglês vá revestir. Tanto um novo referendo - que venha
substituir a consulta de 2016 torna-se possibilidade concreta - ou até mesmo o
desfazimento do processo do dito Brexit,
anulada a separação do Reino Unido da União Europeia.
Dada a usura do processo, a desmoralização e o consequente
enfraquecimento da liderança e do gabinete de Theresa May, chegar-se-á ao
momento amargo para a incompetente e confusa Theresa May, em que ela, na
prática, se vê despojada de todo e qualquer controle que possa ter sobre o processo de
ruptura dos laços com a União Europeia.
Diante dessa lamentável situação, não se poderá excluir que o processo venha
a concluir-se com a demissão da Theresa May e com a volta do Reino Unido à
União Europeia. A incompetência da May gerou uma situação de anomia, que pode
levar ao restabelecimento do statu quo ante. Se a união com Bruxelas prevalecerá, é outra
estória. Se tal situação se confirmar, e
o Reino Unido voltar ao seio da Comunidade Europeia, os partidários desse feliz
retorno só terão a agradecer à incapacidade e ao descontrole de Theresa May.
Neste caso, teremos
perante nós um resultado que será decorrente da profunda incapacidade gestora
da Primeira Ministro.
Nessas condições e tendo
presente as atuais premissas em Westminster, nunca tantos que desejaram tão profundamente a
continuação da velha Álbion no seio da Comunidade Europeia deverão tanto à
ineficiência da atual residente de Downing Street 10, que no posto soube emular
a entranhada inabilidade do predecessor
David Cameron...
(Fontes:
O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo,
Nelson Rodrigues (que nos
apresentou ao Sobrenatural de Almeida...)
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