terça-feira, 26 de março de 2019

É tempo de Sobrenatural de Almeida ?


                             
                        
            De tropeço em tropeço,  Theresa May vai perdendo a condição de Primeira Ministro.  Nesse quadro, o Parlamento aprovou ontem emenda que dá aos deputados controle sobre o mecanismo de saída do Reino Unido no que tange à União Europeia.
          Nesse sentido, o chamado processo de saída do Reino Unido da União Europeia -  the  Britain  exit (Brexit) - ficaria agora sob estrito controle dos deputados, na medida em que é factível ter algum domínio sobre o imponderável...
          A emenda aprovada - que contou, inclusive, com o apoio da Oposição trabalhista - submetida à votação sob a forma de proposta multipartidária - fora apresentada pelo conservador  Oliver Letwin, e contara com 329 votos a favor e 302 contra.  Essa emenda teve o apoio de três ministros do gabinete da May, os quais em seguida pediram demissão do ministério.
            No descontrole que caracteriza esse débil governo,  o gabinete  se opunha à emenda, que classificara como "um mau precedente".

            O que torna possível a emenda que acaba de ser aprovada?  A partir de quarta-feira, 27 de março,  o Parlamento determinará a forma que o Brexit deva revestir: manutenção do mercado único, realização de um novo referendo e anulação da saída da União Europeia, entre as alternativas.
             A situação do gabinete de Theresa May não poderia ser, portanto, mais precária.  O próprio DUP - um dos primeiros erros da May, que convocara eleições pensando reforçar a própria condição política, e que  viria a obrigá-la a um acordo com esse pequeno partido protestante irlandês,  em sua primeira revelação da própria inabilidade política - agora o DUP dá sinais evidentes de desconforto político e de uma iminente saída do governo.  

             Por outro lado, o Parlamento retirou do gabinete a prerrogativa  de dispor sobre as formas de Brexit.  A May é despojada de qualquer poder em determinar as formas em que a saída (ou não) do Parlamento inglês vá revestir. Tanto um novo referendo - que venha substituir a consulta de 2016 torna-se possibilidade concreta - ou até mesmo o desfazimento do processo do dito Brexit, anulada a separação do Reino Unido da União Europeia.
               Dada a usura do processo, a desmoralização e o consequente enfraquecimento da liderança e do gabinete de Theresa May, chegar-se-á ao momento amargo para a incompetente e confusa Theresa May, em que ela, na prática, se vê despojada de todo e qualquer controle que possa ter sobre o processo de ruptura dos laços com a União Europeia.

                 Diante dessa lamentável situação, não se poderá excluir que o processo venha a concluir-se com a demissão da Theresa May e com a volta do Reino Unido à União Europeia. A incompetência da May gerou uma situação de anomia, que pode levar  ao restabelecimento do statu quo ante.  Se a união com Bruxelas prevalecerá, é outra estória.  Se tal situação se confirmar, e o Reino Unido voltar ao seio da Comunidade Europeia, os partidários desse feliz retorno só terão a agradecer à incapacidade e ao descontrole de Theresa May.

                       Neste caso, teremos perante nós um resultado que será decorrente da profunda incapacidade gestora da Primeira Ministro.
                       Nessas condições e tendo presente as atuais premissas em Westminster,  nunca tantos que desejaram tão profundamente a continuação da velha Álbion no seio da Comunidade Europeia deverão tanto à ineficiência da atual residente de Downing Street 10, que no posto soube emular a entranhada inabilidade do predecessor  David Cameron...

(Fontes: O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo,  Nelson Rodrigues (que nos apresentou ao Sobrenatural de Almeida...)

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