O
brexit é tão vazio, quanto a
Theresa May. E é aí que mora o perigo.
É um falso slogan, que, na verdade, nada tem
de grandioso, como pretendem os seus sequazes. Pois, em realidade, o exit de que se trata é o da História.
Realizado através de um referendo mal
convocado, feito sob os auspícios de quem pensara ouvir o clamor dos tempos,
quando na realidade tal slogan refletia
apenas os míopes desejos de pequenos partidos sem futuro, máxime aquele "republicano" que
daria origem ao movimento, e que já desapareceu de cena, muito propriamente sem
deixar qualquer vestígio em termos dignos de referência.
A
Primeira Ministra representa a confirmação do dito de José Ingenieros de que os
medíocres podem ter valor. Não se fale,
é claro, de um toque de Midas. Quem
dirige a sua "campanha" (pois
disso se trata) cuida de que a revolta de Westminster, rebelião essa que deseja
afastar a mediocridade que está ínsita nesse cínico projeto do brexit,
venha a esfalfar-se em sucessivas e repetitivas votações. Com isso, a Primeiro Ministra cuida de vencer
o futuro pelo cansaço, a ponto de desmoralizar as sucessivas torrentes contra
as suas supostas proposições.
Se
estivesse de boa fé, ela abriria o leque das propostas. Mas o que ela quer é justamente o contrário.
Através de sucessivos votos negativos, o
seu intuito é banalizá-los e esvaziá-los.
Se alguma honestidade lhe presidisse à tática, ela não estaria cinicamente esfalfando os
adversários com suas iteradas manobras.
Procurem por alguma menção a que se abram para o brexit verdadeiras opções.
Além de jogadas vazias, e de visitas a expoentes da U.E., não há qualquer menção de alternativa séria,
como constituiria no caso passar a decisão para o referendo. Não aquele medíocre, em meio ao verão e as
férias, mas uma opção de aut ... aut para valer, que é justamente o que a May não
quer. Ela se crê uma raposa, a ponto
de não desdenhar dos usuais adereços vulpinos, quando na verdade por astúcia ela irá recorrer sempre a tudo, menos redespertar o Povo
soberano, que vem sendo escandalosamente escanteado.
Dessarte,
ela trabalha ao mesmo tempo contra a Europa - que diferença dos líderes políticos
ingleses da segunda metade do século vinte, que perseguiram a unidade europeia
como um fim relevante em si mesmo, só para serem desmentidos pelos pósteros e
não apenas por políticos do nível de David
Cameron, mas também dos que hoje se
acotovelam nos Comuns, sem dar-se conta que constituem massa de manobra da
medíocre May, que tudo fará para que o Reino Unido saia da União Europeia, e
sequer se importa, pois age como na canção de Roberto Carlos - e que tudo mais vá para o inferno!
Que ela - a amiga de Donald Trump - tudo fará nesse sentido, pois sequer
tem noção do caos que irão provocar para a indústria inglesa os seus half-baked (mal-cozidos) planos para
fazer de conta que o brexit de 2016
foi um êxito, malgrado os magros percentuais e as mesquinhas visões que se abrem
para o futuro, com a Inglaterra de novo diminuída, e sua juventude de repente
enraivecida, a exemplo daquela que era rebelde sem saber na realidade do porquê.
E que não se iluda o jovem povo inglês, se os sovados discursos da
Theresa May vão trazer-lhe de volta a deprimente visão de uma Inglaterra sem outra perspectiva que
a de um pequeno mundo reburguesado, eis que, com a sua mentalidade atrofiada,
estarão de volta as duanas, tanto as do pensamento, quanto aquelas das
mercadorias !
( Fontes: José Ingenieros, de Gaulle, a Inglaterra e a União Europeia )
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