domingo, 3 de março de 2019

Enough is enough


                      
              Se subsistiam dúvidas - em algum recôndito canto conservador - de que Theresa May ainda tivesse controle da situação, em termos  de condições aceitáveis para uma saída (brexit) negociada com a U.E., a sua enésima derrota no parlamento de Westminster comprovou o ledo engano em que a própria desastrosa incompetência política mais uma vez coloca o Reino Unido.

                Se houvesse boa fé de parte da May, ela poderia - dentro da sua peculiar visão - arriscar mais uma jogada, em que ela submeteria ao parlamento a opção de tentar uma negociação com a U.E. para estabelecer termos aceitáveis para a saída (brexit), que incluíssem o backstop na Irlanda. Em tal sentido, o seu ministro do Foreign Office, Alastair Burt, aí vê a única possibilidade - não há opção de leave sem um acordo entre as Partes.

                 Se ela, no entanto, seja por teimosia, seja por estupidez - e o  seu rastro de derrotas parlamentares demonstra tal capacidade, composta é verdade por uma ulterior característica - a falta de discernimento, em uma postura de lemming, aquele peculiar animal da região ártica que continua a liderar a própria louca coluna de similares, não importa que obstáculos, na corrida terminal rumo ao abismo -  continue seguindo a sua singular e burra falta de flexibilidade, é mais do que tempo que as lideranças do Parlamento se convençam,  afinal, que as saídas parlamentares usuais não mais são cabíveis, e que os líderes estabeleçam como ultima ratio  o recurso ao povo soberano, que através de uma consulta pública refaria o caminho mal-preparado em 2016, para que ele estabelecesse , através de referendo, o que resta urgentemente fazer, se remain na União Europeia, ou se tenciona leave , para cortar de uma vez esta insana e incompetente busca do Parlamento, mal  dirigido é verdade, que transmite para os associados de ultramar mais do que uma impressão de falta de seriedade e porque não dizer de um mínimo de visão política, consonante com as tradições políticas dessa Casa que não devem ser alijadas como adornos que passaram de moda: pois a tudo sobreleva o interesse dos súditos de Sua Majestade. 

                 Quando esta Casa, pela gravidade da matéria, não mais demonstra condições de resolver a magna questão, pelos seus representantes, será conforme o desafio da Hora e aos próprios interesses do Povo Inglês, que lhe seja confiada a resolução de questão a que as lideranças já sobejamente demonstraram da oportunidade de submeter através de geral consulta a decisão definitiva a um novo Referendo, organizado de forma a respeitar a relevância do tema, de modo a determinar, se o povo de Sua Majestade decide de forma terminante se permanece (remain) ou se deixa (leave) a Comunidade Europeia.  

( Fonte: The Independent )

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