Terá atraído tanto a
dourada oferta do Presidente Bolsonaro do posto de Ministro da Justiça ao Juiz
Sérgio Moro, que Sua Excelência não hesitou em desvencilhar-se dos austeros
ônus da magistratura - através da qual e de uma pluralidade de sentenças,
ganhara a admiração de muitos
brasileiros - e assumir o cargo ministerial de maior antiguidade na escala da
República, e que veste o consequente resplendor hierárquico.
Esqueceu-se, porém, que, com os
ouropéis do mando governamental, o
magistrado se despedia da liberdade anterior de ditar
sentença, conforme aos respectivos princípios, para tanto consultados apenas a
Lei e o próprio autônomo sentir.
Em verdade,
com o ouro e o incenso com que lhe visitava o Poder, ao mesmo tempo lhe
retirava, no instante da elevação, ao lhe revestirem os ouropéis do alto cargo
executivo, na emoção de tal honraria, a
antiga liberdade, submetido que
estava agora a um poder mais alto.
Em outras palavras, a velha
fábula do cachorro nédio e lustroso, mas com coleira, e do cão magricela que
ronda as ruas, sem argolas a lhe tolher o livre movimento. De que vale o
pomposo, mas enganoso cargo, se não se é mais senhor do próprio nariz?
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
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