Theresa May
pode ser medíocre, mas ela desfruta da enorme vantagem do status quo. Desde varias
semanas, a sua principal política se norteia em contrariar de toda forma a
possibilidade de alguma política honesta que dê ao Povo inglês a oportunidade
de tomar partido com relação à União Europeia.
Assim, as votações no Parlamento são
repetidas em uma série de fragorosas - mas irrelevantes - derrotas para a causa
do Brexit.
A May parece querer vencer pelo cansaço. Nesses termos, as derrotas se
sucedem, mas ela cuida de que tais vereditos não enfraqueçam a sua posição
pro-Brexit.
Para tanto, ela conta com a estranha
ajuda do Partido Trabalhista. Dir-se-ía que o Labour de Jeremy Corbyn é uma verdadeira mula
sem cabeça. São conhecidos os pendores anti-UE
do líder trabalhista. Essa posição cética quanto ao europeismo não
encontra, contudo, eco na maior parte da bancada trabalhista, e é nesse bizarro
contexto que o estranho líder ainda
levanta velhas suspeitas (anti-sionista é uma delas).
Entrementes, a risonha May cuida de
ganhar tempo, pois ela tem a preocupação de jamais abrir uma brecha, ou
alternativa, para que o povo inglês venha
a ser consultado. Essa possibilidade é sempre evitada, como se o que mais
temesse é a perspectiva de que todas as suas medíocres jogadas fossem varridas
pela abertura da consulta ao Povo Soberano, que faz semanas bate às moucas
portas da Primeiro Ministra.
E a tese do velho Ingenieros - os medíocres podem ter
valor - se vê uma vez mais repetida por essa risonha Primeiro Ministro, se na
prática confirmada, ao permitir que a porta (desejada pela juventude) para o Remain - vale dizer
continuar na União Europeia - venha a ser, por uma infinidade de truques
parlamentares, na prática, sistematicamente recusada por manipuladas votações a
cargo da Primeiro Ministro.
Pobre povo inglês! quer manifestar
o próprio desejo soberano e é nisso impedido, porque tal não se adapta aos mofinos planos da May. Confunde com água de
barrela o sonho de uma geração...
(Fontes:
O Estado de S. Paulo, The Independent )
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