O lider opositor Juan Guaidó convocou, ontem,
nove de março, diante de milhares de partidários, uma grande mobilização até
Caracas, em data a definir, para
intensificar a pressão pela saída de Nicolás Maduro. Guaidó, na oportunidade, o responsabilizara pessoalmente pelo gigantesco apagão que atinge
esse grande país produtor de petróleo e que causou a morte de vários pacientes
internados em nosocômios.
Com
um megafone, e falando da capota de uma caminhonete - policiais, para tal
destacados, impediram que palanque fosse montado para o presidente interino - Guaidó convocou, ainda com data por definir,
uma mega-mobilização do interior até Caracas, do interior até a capital
Caracas, para pressionar pela saída do poder do caudillo Nicolás Maduro. Guaidó responsabilizou pelo desastroso apagón o presidente Maduro, a quem
atribuiu direta responsabilidade pessoal pela situação desastrosa do país.
Nesta oportunidade, o presidente interino declarou para o povo caraquenho que fará "un giro" com deputados
pelo interior do país, para, em seguida, definir a data da mega-mobilização
que, segundo Guaidó, acontecerá muy pronto (muito em breve).
Referindo-se
à sede de Governo, os multitudinários partidários do presidente interino
passaram a gritar "Miraflores, Miraflores !", que é - como se sabe a designação do
centro do poder presidencial na Venezuela, e aonde reside Nicolás Maduro e a
esposa Celia.
Aumentando a ênfase, o lider da Oposição reiterou que está disposto a autorizar a ação de uma força estrangeira
quando acreditar ser conveniente. "Intervenção !" bradou a multidão,
à qual o líder das oposições ao chavismo respondeu parafraseando o presidente
Donald Trump: "Todas as opções estão sobre a mesa."
Juan Guaidó, até então presidente da Assembleia Nacional, que fora
neutralizada em um golpe branco do Tribunal Supremo (cúmplice de Maduro) quando a
sua competência legislativa foi transferida para a Constituyente dos Barrios,
presidida por Delcy Rodriguez, sem ter em seus membros um pingo de
legitimidade, eis que foi sufragada em votação fraudulenta e espúria, como
assinalado pela própria companhia
europeia que lhe organizara a eleição...
A iniciativa de Guaidó, assumindo o poder executivo, em 23 de janeiro, ainda que de forma demonstrativa, tomara de
surpresa a cúpula chavista de Miraflores, e com a assunção da presidência -
ainda que simbólica pelo jovem Guaidó - que foi apoiada pelo líder
oposicionista Leopoldo López, e que continua em prisão domiciliar em Caracas,
ao lado da corajosa e pugnaz esposa Lilia.
Guaidó, ao assumir a presidência, ainda que de forma simbólica, em 23 de
janeiro, teve a vantagem da surpresa, e foi apoiado como presidente interino
por cerca de cinquenta países.
Quanto ao apagón, a explicação de Nicolás Maduro e dos
próprios sequazes, foi a de atribui-lo sem piscar de olhos "a uma guerra
eletrica promovida pelo imperialismo americano." Como o chavismo não
lograra avançar contra a criação do "inimigo americano", acorreram para explicá-lo por novo
"ataque cibernético", que terá supostamente frustrado a tal "
restauração" que já teria avançado 70% "quando sofremos, ao meio dia,
um novo ataque de caráter cibernético, a uma das fontes de geração que
funcionava perfeitamente, o que perturbou e derrubou tudo o que havíamos
conseguido", disse o ditador Maduro a uma multidão...
Esse apagão
gigantesco, o pior sofrido no país de trinta milhões de habitantes começara na
5ª feira, às 16:53hs. em Caracas (Brasília, 17:53hs) e em quase todos os 23
estados da Venezuela.
O fornecimento
de energia foi sendo restabelecido gradualmente tanto na capital, e nos Estados
de Miranda e Vargas, mas permaneceu interrompido em muitas regiões, como
Tachira, Zulia e Barinas. A inquietação geral não diminuíu decerto com o
silêncio das autoridades que, no prevalecente geral descontrole, sequer divulgaram balanços regulares da evolução da
situação.
Em algumas poucas áreas da
capital Caracas, o serviço foi restabelecido de madrugada, mas no dia seguinte,
a energia voltou a ser cortada pelo meio-dia, com o sucessivo colapso nas
comunicações.
Segundo um
morador da capital - área sudeste - "Não há água, luz ou comida. Não
aguentamos mais", foi o desabafo de Jorge Lugo, caraquenho.
Como seria
de esperar, os hospitais viveram situações dramáticas. Aqueles (poucos) que dispõem de geradores de
energia, os utilizam apenas para o que consideram emergências.
Pesam
fundadas suspeitas sobre dezenas de mortes provocadas pelo apagão. O Ministro
das Comunicações Jorge Rodriguez as qualificou de noticias falsas.
Na
pobreza dos órgãos públicos ao cabo de tantos anos de desgoverno chavista, a conjunção
entre o severo apagón e o mau funcionamento dos geradores emergenciais
(além de sua criminosa falta em diversos hospitais públicos) o registro das mortes compreende quinze
infelizes que careciam de diálise, a par de um recém-nascido e um adolescente de quinze anos, na grande
Caracas.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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