domingo, 10 de março de 2019

Guaidó aumenta a pressão


                

        O  lider opositor Juan Guaidó convocou, ontem, nove de março, diante de milhares de partidários, uma grande mobilização até Caracas, em data a definir,  para intensificar a pressão pela saída de Nicolás Maduro. Guaidó, na oportunidade, o responsabilizara pessoalmente pelo gigantesco apagão que atinge esse grande país produtor de petróleo e que causou a morte de vários pacientes internados em nosocômios.
         Com um megafone, e falando da capota de uma caminhonete - policiais, para tal destacados, impediram que palanque fosse montado para o presidente interino -  Guaidó convocou, ainda com data por definir, uma mega-mobilização do interior até Caracas, do interior até a capital Caracas, para pressionar pela saída do poder do caudillo Nicolás Maduro.  Guaidó responsabilizou pelo desastroso apagón o presidente Maduro, a quem atribuiu direta responsabilidade pessoal pela situação desastrosa do país.
            Nesta oportunidade, o presidente interino declarou para o povo caraquenho  que fará "un giro" com deputados pelo interior do país, para, em seguida, definir a data da mega-mobilização que, segundo Guaidó, acontecerá muy pronto (muito em breve).
             Referindo-se à sede de Governo, os multitudinários partidários do presidente interino passaram a gritar "Miraflores, Miraflores !", que é - como se sabe  a designação do centro do poder presidencial na Venezuela, e aonde reside Nicolás Maduro e a esposa Celia.

              Aumentando a ênfase, o lider da Oposição reiterou que está disposto  a autorizar a ação de uma força estrangeira quando acreditar ser conveniente. "Intervenção !" bradou a multidão, à qual o líder das oposições ao chavismo respondeu parafraseando o presidente Donald Trump: "Todas as opções estão sobre a mesa."
               Juan Guaidó, até então presidente da Assembleia Nacional, que fora neutralizada em um golpe branco do Tribunal Supremo (cúmplice de Maduro) quando a sua competência legislativa foi transferida para a Constituyente dos Barrios, presidida por Delcy Rodriguez, sem ter em seus membros um pingo de legitimidade, eis que foi sufragada em votação fraudulenta e espúria, como assinalado pela  própria companhia europeia que lhe organizara a eleição...
                  A iniciativa de Guaidó, assumindo o poder executivo, em 23 de janeiro,  ainda que de forma demonstrativa, tomara de surpresa a cúpula chavista de Miraflores, e com a assunção da presidência - ainda que simbólica pelo jovem Guaidó - que foi apoiada pelo líder oposicionista Leopoldo López, e que continua em prisão domiciliar em Caracas, ao lado da corajosa e pugnaz esposa Lilia.             
                    Guaidó, ao assumir a presidência, ainda que de forma simbólica, em 23 de janeiro, teve a vantagem da surpresa, e foi apoiado como presidente interino por cerca de cinquenta países.

                    Quanto ao apagón, a explicação de Nicolás Maduro e dos próprios sequazes, foi a de atribui-lo sem piscar de olhos "a uma guerra eletrica promovida pelo imperialismo americano." Como o chavismo não lograra avançar contra a criação do "inimigo americano",  acorreram para explicá-lo por novo "ataque cibernético", que terá supostamente frustrado a tal " restauração" que já teria avançado 70% "quando sofremos, ao meio dia, um novo ataque de caráter cibernético, a uma das fontes de geração que funcionava perfeitamente, o que perturbou e derrubou tudo o que havíamos conseguido", disse o ditador Maduro a uma multidão...
                              Esse apagão gigantesco, o pior sofrido no país de trinta milhões de habitantes começara na 5ª feira, às 16:53hs. em Caracas (Brasília, 17:53hs) e em quase todos os 23 estados da Venezuela.
                                O fornecimento de energia foi sendo restabelecido gradualmente tanto na capital, e nos Estados de Miranda e Vargas, mas permaneceu interrompido em muitas regiões, como Tachira, Zulia e Barinas. A inquietação geral não diminuíu decerto com o silêncio das autoridades que, no prevalecente geral descontrole, sequer divulgaram balanços regulares da evolução da situação.
                                  Em algumas poucas áreas da capital Caracas, o serviço foi restabelecido de madrugada, mas no dia seguinte, a energia voltou a ser cortada pelo meio-dia, com o sucessivo colapso nas comunicações.
  
                                 Segundo um morador da capital - área sudeste - "Não há água, luz ou comida. Não aguentamos mais", foi o desabafo de Jorge Lugo, caraquenho.
                                     Como seria de esperar, os hospitais viveram situações dramáticas.  Aqueles (poucos) que dispõem de geradores de energia, os utilizam apenas para o que consideram  emergências. 

                                       Pesam fundadas suspeitas sobre dezenas de mortes provocadas pelo apagão. O Ministro das Comunicações Jorge Rodriguez as qualificou de noticias falsas.

                                        Na pobreza dos órgãos públicos ao cabo de tantos anos de desgoverno chavista, a conjunção entre o severo apagón e o mau funcionamento dos geradores emergenciais (além de sua criminosa falta em diversos hospitais públicos) o registro das mortes compreende quinze infelizes que careciam de diálise, a par de um recém-nascido  e um adolescente de quinze anos, na grande Caracas.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )  

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