Só faltava esta.
Que o governo vá encontrar problema no seu próprio chefe em manter a
unidade indispensável para implementar a reforma da previdência. Nesse senti-
do, a matéria de primeira página da Folha
de hoje, dois de março, tem grande oportunidade : "Governo age para limitar
declarações de Bolsonaro".
Como o blog de ontem sinalizara - Previdência: Bolsonaro começa a piscar -
a sensibilidade do tema era óbvia, e a indicação de recuos presidenciais quanto
ao tema da reforma não poderia ter sido menos oportuna.
Essa aparente insegurança
presidencial não poderia mandar mensagem menos favorável. Daí, os recuos sinalizados pelo Presidente só
podem trazer perplexidades àqueles que se empenham em tornar a reforma realidade.
Diz-se que o "Palácio do
Planalto prepara estratégia para limitar os comentários do presidente sobre o
tema. Membros das áreas econômica e militar querem que ele comente em público só aspectos sociais ou pouco sensíveis da proposta, evitando a
discussão de pontos que possam causar mal-estar com o Congresso."
Os recuos sinalizados (mulheres
se aposentando, com sessenta anos; rediscussão do modelo proposto para
benefícios pagos a idosos, além da fórmula de cálculo da própria pensão por
morte) são inacreditáveis pela fraqueza que desvelam, quando mal se inicia a
tramitação da reforma..
Compreende-se, por
conseguinte, a irritação do ministro Paulo Guedes, da Economia, e do
presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Não é possível imaginar que
o próprio maior interessado na implementação de uma reforma séria, que atenda
ao interesse nacional, possa vir a desestabilizar o principal projeto do seu
Governo, com declarações que denotem insegurança e transmitam mensagem que só tende
a gerar perplexidade em quem acredita no potencial da reforma (sem falar no efeito contrário junto à
oposição...)
Data venia, as observações do Presidente da República me recordam
da oportunidade de o que me dizia o boxeador amador e diplomata Miguel
Ozório de Almeida, me repassando o que lhe confiara um velho colega seu
boxeador: "alguém só vai a nocaute
por um murro de que não se saiba de onde saíu..."
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
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