sábado, 9 de março de 2019

A longa agonia de Theresa May


                             
       Escrever sobre o beco sem saída em que se meteu o governo da May quando a Primeira Ministra passou a insinuar sobre um Brexit sem acordo com a União Europeia, como se tal fosse possibilidade política - e econômica - séria desvela os riscos enormes a que a estratégia aventureira do Reino Unido acabaria por causar para a Inglaterra e o povo inglês.
         Até o líder trabalhista, Jeremy Corbyn recordou-lhe a proximidade do fim político se ela prosseguisse em tal anti-estratégia.
          E um comentarista respeitado, como Tom Peck, não lhe dá pelo andor da carruagem, e pelos seus erros em termos de incentivo irresponsável ao Brexit,  que a sua presença como Primeira Ministra se estenda muito mais do que alguns dias.

         Como relembra o articulista do Independent, não faz muito a May fora em tempos do gabinete de David Cameron defensora ardorosa do Remain (permanecer),  e adversária, por conseguinte, do Brexit . Naquele referendo realizado em período estival, em que a causa da saída da Comunidade Europeia foi instrumentalizada por demagogos irresponsáveis, que se valeriam de um afluxo menor de sufragantes - causado pelas férias de verão e o consequente afastamento do público dos votantes (em férias, no Continente ou alhures) que  daria às forças da separação um poder de articulação bem maior. Com efeito, a redução artificial causada pelo êxodo estival seria a maior ajudante da falsa vitória do Brexit contra o Remain. Muito diversa seria a acorrência  à consulta plebiscitária, e por conseguinte muito mais pujante a presença daqueles defensores da permanência na União Europeia  de o que seria a respectiva potência se a consulta se realizasse em época em que o número total de votantes estivesse com a capacidade numérica não diminuída pelos desfalques inelutáveis das viagens lúdicas e de recreação, que são o eterno atrativo estival.
            A fraqueza atual da May - a ponto de que se lhe vaticine como certa a própria queda - se o seu obscuro gabinete voltar a enfrentar a infernal rotina de mais um voto de confiança, constitui na verdade o resultado da respectiva obstinação em desejar contra vento e maré arrancar votação favorável ao próprio Gabinete, como se essa triste formação e a constrangedora mediocridade da respectiva Líder já não apontassem não só co-mo certo, mas na verdade como inelutável que ela venha a ser a causa da sua irrremediável perda.
              Quando a chefe do gabinete de Sua Majestade não mais infunde nem entusiasmo, nem tampouco confiança, nessa turva e arriscada jogada de pôr em risco a própria situação econômica do Reino Unido, como se o aleatório da falta de garantias fosse um pormenor desimportante, ela estava, na verdade, assinando a própria confissão de suma incompetência política, incompetência essa que está a um passo da irresponsabilidade de criar situações econômicas irreversíveis no curto prazo, em decorrência da respectiva falta de luzes e de uma visão sensata e judiciosa das perspectivas políticas que têm à sua frente, e cuja manipulação possui limites bastante estreitos, que não devem ser ultra-passados, eis que o abismo pode parecer válida  solução para os tontos lemmingues, mas nunca o será para o Povo inglês.


( Fontes: The Independent, artigo de Tom Peck )

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