Escrever
sobre o beco sem saída em que se meteu o governo da May quando a Primeira Ministra passou a insinuar sobre um Brexit sem acordo com a União Europeia,
como se tal fosse possibilidade política - e econômica - séria desvela os
riscos enormes a que a estratégia aventureira do Reino Unido acabaria por
causar para a Inglaterra e o povo inglês.
Até o
líder trabalhista, Jeremy Corbyn recordou-lhe a proximidade do fim político se ela
prosseguisse em tal anti-estratégia.
E um
comentarista respeitado, como Tom Peck, não lhe dá pelo andor da
carruagem, e pelos seus erros em termos de incentivo irresponsável ao Brexit,
que a sua presença como Primeira Ministra se estenda muito mais do que
alguns dias.
Como
relembra o articulista do Independent,
não faz muito a May fora em tempos do gabinete de David Cameron defensora
ardorosa do Remain (permanecer), e adversária, por conseguinte, do Brexit . Naquele referendo realizado em
período estival, em que a causa da saída da Comunidade Europeia foi
instrumentalizada por demagogos irresponsáveis, que se valeriam de um afluxo
menor de sufragantes - causado pelas férias de verão e o consequente
afastamento do público dos votantes (em férias, no Continente ou alhures) que daria às forças da separação um poder de articulação
bem maior. Com efeito, a redução artificial causada pelo êxodo estival seria a
maior ajudante da falsa vitória do Brexit
contra o Remain. Muito diversa
seria a acorrência à consulta plebiscitária,
e por conseguinte muito mais pujante a presença daqueles defensores da permanência
na União Europeia de o que seria a
respectiva potência se a consulta se realizasse em época em que o número total
de votantes estivesse com a capacidade numérica não diminuída pelos desfalques
inelutáveis das viagens lúdicas e de recreação, que são o eterno atrativo
estival.
A
fraqueza atual da May - a ponto de que se lhe vaticine como certa a própria
queda - se o seu obscuro gabinete voltar a enfrentar a infernal rotina de mais um
voto de confiança, constitui na verdade o resultado da respectiva obstinação em
desejar contra vento e maré arrancar votação favorável ao próprio Gabinete,
como se essa triste formação e a constrangedora mediocridade da respectiva
Líder já não apontassem não só co-mo certo, mas na verdade como inelutável que
ela venha a ser a causa da sua irrremediável perda.
Quando a chefe do gabinete de Sua Majestade não mais infunde nem entusiasmo,
nem tampouco confiança, nessa turva e arriscada jogada de pôr em risco a
própria situação econômica do Reino Unido, como se o aleatório da falta de
garantias fosse um pormenor desimportante, ela estava, na verdade, assinando a
própria confissão de suma incompetência política, incompetência essa que está a
um passo da irresponsabilidade de criar situações econômicas irreversíveis no
curto prazo, em decorrência da respectiva falta de luzes e de uma visão sensata
e judiciosa das perspectivas políticas que têm à sua frente, e cuja manipulação
possui limites bastante estreitos, que não devem ser ultra-passados, eis que o
abismo pode parecer válida solução para
os tontos lemmingues, mas nunca o será para o Povo inglês.
(
Fontes: The Independent, artigo de Tom Peck )
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