O Estadão de hoje
reserva sua manchete principal à seguinte notícia: "Temer decide disputar a reeleição e
avisa aliados".
Há algum ceticismo no ar, diante da
elevada rejeição que o atual mandatário enfrenta, com a sua obstinada
permanência nos dígitos singulares.
A despeito da elevada rejeição
apontada nas pesquisas, Temer - segundo assinala o Estado de S. Paulo - entende
que ninguém melhor do que ele será capaz de defender o seu legado. Como a esperança é a última que morre,
assessores entusiastas da reeleição
avaliam que a recuperação da economia e outras medidas que o governo
pretende adotar até o final deste presente mandato podem alavan-car seus
índices de aprovação.
Consoante assinala o Estado, a
tendência no Planalto é de que essa
decisão por enquanto não seja anunciada em caráter oficial porque, conforme a
legislação, o presidente pode concorrer à reeleição sem ser obrigado a deixar o
cargo em abril, como acontece, por exemplo, com governadores e ministros.
Ainda segundo tal raciocínio, se
evitaria igualmente a politização das futu-ras ações de seu governo. Apesar dos
baixos índices de aprovação de seu governo
- 6% segundo o último Ibope - o presidente acha que ninguém
melhor do que ele será capaz de defender a própria honra e o respectivo legado.
Tampouco
Temer tem a pressão do calendário eleitoral, já que pela legislação ele não
precisa deixar o cargo até abril para concorrer - como ocorre, v.g., com o Ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles. Este carece de deixar a pasta
nos próximos dias, se ambiciona concorrer ao Planalto. Por isso, Michel Temer
não tem pressa - pode decidir até julho - e vai esticar ao máximo o anúncio
oficial da candidatura. Com isso evita também a politização de todas as futuras
ações de seu governo.
Se ao assumir o Governo Temer se comprometeu com os partidos aliados a
não tentar eventual reeleição em troca de sustentação política, para ele o
problema é que o quadro que havia em 2016 mudou radicalmente, na sua avaliação.
O senador tucano Aécio Neves (MG) é
tangido para fora do quadro depois das investigações abertas a partir do
mega-escândalo da J&F.Além disso, o PSDB passou a adotar tom crítico e se
afastou do Governo federal. Outras relações igualmente mudaram, eis que o
pré-candi-dato tucano Alckmin não se empenhou em impedir que a bancada paulista
do PSDB votasse a favor dos pedidos por seu afastamento.
Também a relação mudou com o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também
já se lançou pré-candidato ao
Planalto, com atitudes menos amicais, beirando o hostil, quanto ao legado de
Temer.
O grande desafio, porém, é
que Temer não ignora que sua baixa popularidade faz com que vários dos
potenciais aliados, dentro do MDB, prefiram
que ele cumpra apenas seu mandato até o fim e libere o partido para tomar outros rumos.
Em vários Estados, como
Ceará, Alagoas e Goiás, inclusive, o MDB deve fechar alianças regionais com o
PT, que hoje constitui o principal opositor ao Planalto. Na sua linguagem
esquizofrênica líderes petistas como Dilma Rousseff falam do "golpe"
como se tivesse existência fática. A par
disso, uma recuperação mais lenta da economia poderia frustrar de vez os planos
do Presidente Temer e convencê-lo a desistir dessa empreitada de sua
recandidatura.
Se Temer ficar convencido da
própria inviabilidade, ele fará o movimento na direção de outro nome. A
alternativa do ministro Henrique Meirelles merece consideração, embora o
ministro da Fazenda não seja carismático. Mesmo assim, sem embargo, Meirelles semelha para Temer constituir uma
boa alternativa.
Que fatores levaram Temer a
considerar a opção do intento por um novo mandato presidencial? Na visão do
Estadão, ele quer defender sua biografia pessoal e profissional. Acha que na
campanha poderá mostrar que conduziu o País para a recuperação econômica num
dos momentos mais graves de nossa História.
Mas o seu propósito não se limita a
tal. Quer rebater os ataques pessoais que vem sofrendo - e que considera
injustos. Fora da corrida pelo Planalto, Temer sabe que perderá protagonismo
político, já que não mais representará
perspectiva de poder. Como
candidato, na sua visão, tal prazo de validade se amplia.
Para se fortalecer, Temer vem
assumindo medidas de interesse e appeal popular.
Assumiu o discurso da Segurança Pública, com a decisão de autorizar a
intervenção nesta área do Rio de Janeiro, anunciada em fevereiro último. Sem
conseguir o necessário apoio do Congresso, também preferiu enjeitar por ora a
desgastante proposta da Reforma Previdenciária, por importante e indispensável
que seja. E agora, já sinalizou com a possibilidade
de aumentar o valor do Bolsa Família,
mirando especialmente na camada mais pobre da população. Entra, no entanto, em área discutível do
assistencialismo, com as suas conotações demagógicas.
Durante
o seu mandato, ele foi denunciado por duas vezes pelo então Procurador Geral da
República, Rodrigo Janot. A acusação se baseou nas delações de executivos da JBS, mas as denúncias foram derrubadas em
votação no plenário da Câmara, em duas oportunidades.
Por fim, Temer tem sofrido ações inusitadas de Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, que, segundo
editoriais de O Estado de S. Paulo, invadiriam prerrogativas constitucionais do
Presidente da República.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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