Seja por falta de
capacidade ou não, as ameaças - sejam vãs ou verdadeiras - de gospodin Vladimir Putin não provocam
maiores reações na Administração Trump.
A peculiar situação atual - a amizade dos dois chefes de Estado - cria
uma indefinição entre os dois países.
Muita vez, a postura de Trump entorpece
de certa forma a reação estadunidense. A
explicação dessa estranha 'dormência' na eventual reação de Washington em
situações sensíveis poderia ser encontrada nas declarações prestadas a comitê
do Senado pelo tenente-general Paul Nakasone, o indicado pela Administração
para dirigir tanto a Agência de Segurança Nacional, quanto o Cyber-Comando dos
EUA.
Nakasone confirmou, a respeito, que
existem planos para retaliar Moscou por seu hacking
eleitoral (para prejudicar a candidatura
de Hillary Clinton).
No entanto, com Mr Trump na
presidência, os russos, assim como outros adversários dos Estados Unidos, não
parecem dar muita atenção a tal possibilidade, segundo reconheceu o próprio
Tenente-general Nakasone : "nesta ocasião eu diria que eles não pensam
muito sobre o que lhes possa acontecer. Eles
não têm medo de nós (EUA)".
No dizer do Times, as ameaças russas e o vácuo estratégico em Washington pairam
no ar, sem provocar maiores reações dos
Estados Unidos.
É talvez ainda mais estranho que os
Estados Unidos continuem na dúvida quanto ao emprego das armas cibernéticas nas
quais dispenderam bilhões de dólares
para construir-lhes um arsenal.
Há, no entanto, no ar muito mais do
que os aviões de carreira da antiga charge
do humorista Aporelly. Segundo refere o New
York Times, "o Pentágono acredita que muitos dos novos planos que
Putin anunciou na semana passada para reforçar seu arsenal - inclusive torpedos
nucleares, mísseis de cruzeiro nucleares, e outras novas armas - têm alguns anos
pela frente para serem utilizáveis."
Putin chamou os novos mísseis de
"invencíveis", por poderem contornar defesas anti-missilísticas.
Como pretexto para esse início de corrida
armamentista, Putin culpou o fracasso estadunidense de implementar tratados de
controle armamentista. Mas o que na
verdade o incomoda são as defesas anti-missilísticas dos Estados Unidos, que, no entender do governante russo,
estão dirigidos tanto contra a Rússia, como contra a Coreia do Norte. Os
responsáveis americanos não deixaram de sinalizar que essa asserção está muito
longe de refletir as diferenças respectivas nas tecnologias alvo da defesa
estadunidense.
O desafio cibernético é o mais
novo, e dessarte não é cativo das estratégias de gerações passadas. Não
obstante, em afirmações públicas feitas nestas últimas semanas, os principais
encarregados da Administração Trump na área da inteligência reconheceram que o
presidente tem ainda de discutir estratégias com eles para evitar que os Russos
venham a interferir nas eleições
intermediárias do corrente ano. E será que vai despertar estranheza que Mr
Trump haja expresso pesadas dúvidas quanto ao fato de que os Russos intervieram
em 2016, contradizendo as conclusões das autoridades americanas em inteligência
?...
Há quatro anos atrás, depois
que ele assumiu o comando, o Almirante Rogers disse que um de seus objetivos
era assegurar que os adversários dos Americanos
iriam "pagar um preço" por suas ações cibernéticas contra os
EUA, que "seria muito maior do que
o benefício" derivado do hacking. Ele igualmente tem dito frequentemente que a
retaliação não careceria de ser necessariamente uma ação cibernética contrária,
mas poderia também envolver sanções econômicas ou isolamento diplomático.
Sem embargo, na semana passada, o
Almirante Rogers reconheceu que o seu
próprio teste não havia surtido efeito.
Questionado acerca de que
pressão ele aplicara nos russos, ele disse: " Nós estamos tomando medidas,
mas provavelmente elas não são suficientes". Ele também pôs de lado as
sanções que o Congresso aprovara no ano passado - e que Mr Trump deixara de
aplicar - como insuficientes para mudar "seja o cálculo, seja o
comportamento" de Mr Putin.
Na audiência de confirmação do General
Nakasone dois dias depois, o Senador Ben
Sasse, republicano de Nebrasca, disse
que "o problema não é técnico" mas político, se tomarmos em conta o
impressionante arsenal cibernético dos Estados Unidos.
Continuando ainda em forma evasiva,
declarou o Senador Sasse, que é do mesmo partido do Presidente Trump: "Nós
não estamos respondendo de modo algum
que possa ser adequado para o desafio que se nos depara."
Quanto tempo ainda passará
para que o Congresso americano e as demais autoridades competentes se atrevam a
dizer que o rei está nu?
( Fonte: The New York Times
)
Nenhum comentário:
Postar um comentário