Depois do longo inverno do domínio
republicano sobre a Casa de Representantes, que em passados decênios
representara bastião do Partido Democrata, agora que jovens e menos jovens
entrevêem a perspectiva de retorno de Speaker
democrata, o New York Times adentra por
uma das sendas menos radiosas da política, ao não trepidar em dar voz a grupo
de oportunistas mal-conhecidos, que ensaiam os primeiros passos na política, e
não hesitam em chafurdar, tangidos por horizontes que crêem promissores, em
táticas que sequer podem comparar-se a de seus mais lúridos adversários do Partido
de Lincoln.
Nancy Pelosi é o nome
da guardiã de o que restou das bancadas democratas na Câmara, depois de longo,
quase infindável inverno, em que, aprovadas as grandes legislações do primeiro
biênio do mandato de Barack Obama, a ressaca do Tea Party, a própria jovem administração mais preocupada em
realizar seminários na Casa Branca, de que preparar-se para arrostar a reação
da direita republicana, tudo isso contribuíu para a onda do GOP lograr a maioria na Câmara de
Representantes no seguinte biênio para em breve, num dramático suceder, criar
as condições de o gerrymander
transformar a alternação democrática dos domínios partidários na Câmara no
longo inverno desse gerrymander, que hoje pela própria erosão dos decênios afinal
acena a desaparecer, para maior brilho da política americana, que deve viver da
realidade diuturna e não das cantigas de ninar das eleições trucadas por este soez
artificio do Massachusetts do século dezenove.
Que agora se
venha, nas fileiras democratas, ao tentar livrar-se da guia segura dos tempos
cinzentos, nas lutas por vezes árduas contra a então perene maioria do GOP, inchada pelos maus ventos de
distritos desenhados pela antipolítica, e que Paul Ryan deva passar o martelo para quem represente a nova
maioria, será esta a hora de andar com uma lanterna à procura de líder
democrata, quanto se tem pela frente
aquela que conduziu as hostes do partido de Franklin Delano Roosevelt
e de Barack
Obama, durante o longo inverno republicano, Nancy Pelosi ?
Não é através da fraqueza e de
práticas sopradas pelas hostes adversárias que se ignora a figura da timoneira
das horas difíceis da longa, inelutável minoria ?
Não serão novatos, mal saídos da primeira refrega, que agora venham
ignorar a boa pastora, com recados soprados por gente que sequer colocou um
sufrágio por essa líder respeitada e respeitável, ao cabo do longo inverno da
democracia, em favor de líder, ontem forjado, e que tangido pela própria
ambição tem pressa de atender a quem menos títulos dispõe para recomendá-la,
i.e. seus adversários, que lhe conhecem e
temem a têmpera, a experiência e a firmeza?
( Fonte: The New York Times )
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