Não vale a pena
repetir os erros de Donald Trump, como se estivessem surgindo por um
determinado e lamentável equívoco.
Tampouco se devem fazer ilusões sobre determinadas questões, como se fossem
distintas. Porque se enganam aqueles que acreditam na possibilidade de que algo
de bom e aproveitável possa sair de uma personalidade como a do atual
presidente estadunidense.
À falta de preparação administrativa e
governamental, se juntam outros fatores que não dissipam as inevitáveis dúvidas
e os consequentes temores de situação tendente
a introduzir não a impessoalidade da Lei mas inquietante e progressiva falta
de controle.
Muitos já esqueceram a negativa
avaliação por ele recebida de parte dos psicólogos americanos, quando estourou
- ainda nos pródromos da respectiva candidatura - uma crise que levara a respectiva
associação a emitir parecer assaz negativo sobre a sua personalidade e
consequentes perspectivas de um governo Trump. Na época, a dúvida ainda era válida
saída de emergência para o problema que se estava gestando, o qual poderia ser
jogado na lata de lixo da história se
Trump fosse derrotado na eleição então pendente. O que importa nesse primeiro caso isolado é
que a avaliação psicológica não o
recomendava absolutamente para os enormes desafios do cargo.
Além do grande problema que deverá
enfrentar - e me refiro, como é óbvio, à investigação que está sendo realizada
pelo Conselheiro especial Robert Mueller
III - Trump vem perdendo - e bastante cedo na própria Administração - um
número inquietante de bons auxiliares, como o seu principal assessor econômico,
Gary D. Cohn, que já disse nesta terça-feira que vai deixar a Casa Branca.
Pensava-se que as guerras
tarifárias eram coisa do passado, sendo a questão importante demais para ser
tratada unilateralmente. Para tanto, existe a Organização Mundial do Comércio,
para resolver os problemas tarifários do comércio internacional.
Que a Superpotência esteja nas
mãos de alguém que não tem preparo, nem
uma visão inclusiva dos problemas mundiais - como é a regra manifesta nas relações
internacionais - só tende a agravar o problema, mormente pela própria condição
dos EUA de dependerem de tal Presidente. Como indicado por esta frase, é
desastroso que os problemas multilaterais do comércio internacional - e tal é
apenas um dos aspectos em que a participação de Trump é de grande relevância,
por representar Washington - venham a ser atingidos pelas ideias abstrusas e
superadas do Presidente americano. A esse propósito, como autor desse artigo
estou apenas chovendo no molhado. A politóloga de nomeada, Elizabeth Drew, por artigos em The
New York Review of Books já
chamara a atenção sobre a ameaça que Donald Trump representa para o mundo e
para os Estados Unidos, em especial.
A imagem da Caixa de Pândora
não poderia ser mais adequada. Lançada a
ideia, já se adianta que as tarifas sobre o aço, antes consideradas de
aplicação geral e sem exceções, já viriam à luz de uma forma diversa, eis que,
por ora, se excluiria do exercício o Canadá e
o México. Na visão do estadista Trump, essa cláusula que beneficia os dois
vizinhos dos Estados Unidos não seria
permanente, a menos que os dois países concordassem com um grande ajuste na
presente renegociação do NAFTA.
Como se verifica, a eleição e já
o primeiro ano de governo de Mr Trump nos mostram alguém que muito tem
contribuído para os dramas de tantos imigrantes que, de repente, por sorte
madrasta, se vêem diante de quem tem tantos preconceitos contra esses viajantes
existenciais que, muita vez tangidos pelo infortúnio, vieram bater à porta
estadunidense, animados como uma legislação que lhes acenava como a terra do acolhimento e da boa
oportunidade. Nesse filme, o herói - na
verdade a heroína - é a democrata Sally Yates,
que em audiência de um subcomitê do Senado americano deu antológica resposta ao
Senador Ted Cruz (Rep. - Texas), que
pensara colher lã e saíu tosquiado pela brava funcionária que cuidara da
Secretária da Justiça, então acéfala,
despachando as questões com a segurança de uma titular. Não espanta que haja sido prontamente
exonerada pelo novel Presidente...
Mas voltemos à causa geral
do presente pandemônio. Fundado na própria ignorância, Trump não hesita em
abrir caixas de Pandora, e inventar o que pensa serem mágicas soluções para
questões que mal conhece e das quais tenha uma visão preconceituosa e simplista
(como agira no intróito do próprio governo, com mudanças desastrosas na questão
da imigração) .
A superficialidade constitue
outro grande risco das medidas de Trump. Definir a abertura de uma guerra
comercial, como qualquer coisa de bom e de fácil solução (sic), é demonstrar monumental ignorância quanto ao problema e uma leviandade que a História
pespega em poucas criaturas, como foi o
caso da consorte de Luis XVI, Maria Antonieta, que acabou, a pobre, na
guilhotina, mostrando que na política, a
imagem pode ser por vezes mais danosa do que a realidade fática...
( Fontes: Elizabeth Drew in The New York Review, The New
Yorker.)
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