terça-feira, 13 de março de 2018

Rex Tillerson sai do Dept. de Estado


                             

         Até que Tillerson durou bastante em Foggy Bottom, se levarmos em conta a sua opinião de Donald Trump (um imbecil). Especialista em petróleo, Tillerson não escondia tampouco o próprio escasso respeito por diplomacia.
          Tal impressão da chefia responsável pelas questões externas não deixaria de refletir-se nas várias áreas do Departamento, com o respectivo menosprezo influindo sobre as diversas atividades, na chefia do qual Hillary trouxera o seu conhecimento e vivo interesse pelos temas correntes da política exterior.
          Nada mais inadequado  de que um chefe sem maior apreço e, por conseguinte, despojado do interesse e das consequentes afinidades que são fatores  capitais para a direção de uma secretaria de Estado, em termos de motivação e da consequente e indispensável  interação.
           Essa falta de comunicação e de respeito mútuo - pois nenhum subordinado terá prazer em trabalhar e atuar sob a direção de alguém que não lhe respeite o mister - seria, com outro Presidente, já determinante para o eventual afastamento de Tillerson.
           Em termos de química, por conseguinte,  inexistia qualquer respeito recíproco entre os atores respectivos, e daí se intui que a permanência de Tillerson já se achava predestinada a fim assaz breve. Por conseguinte, se nos ativermos às peculiaridades dessa presidência, pode-se dizer que, atendidos os obstáculos e a falta de empatia, Rex W. Tillerson até que durou mais do previsível.
            O que terá levado Tillerson a ir um pouco além dentro do tempo normal que lhe caberia, está na circunstância de que o interesse geral desse Presidente se afigura bastante fluido e ele parece ter horror a longos dossiers, assim como e sobretudo, a questões mais anosas e complexas, eis que o atual 45º presidente seria um espontâneo, um amador de temas breves e pouco intrincados. Trump detesta ler demasiado e o afinco no estudo não é decerto característica sua. Como já se diz amiúde, além de ler pouco, ele crê na intuição e, por conseguinte, nas prontas impressões. Em poucas palavras, ele não é um intelectual, nem parece ter maior respeito pelos que o são. Quanto a Tillerson, decerto lê um pouco mais, mas não esconde o próprio desapreço pelas sutilezas e mensagens da carrière.  Empapado em petróleo, não ousemos compará-lo com um Talleyrand.[1] 

(Fontes: The New York Times, The New Yorker, Nouveau Petit Larousse Illustré )    


[1] Talleyrand-Périgord, Charles Maurice de  (1754-1838), o diplomata por excelência, teve grande importância pela destreza na política exterior, máxime  no Congresso de Viena (1814-15), quando o poder napoleônico desmoronara, e somente da própria habilidade logrou preservar o Reino de França entre as grandes potências da época.


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