Até que
Tillerson durou bastante em Foggy Bottom,
se levarmos em conta a sua opinião de Donald Trump (um imbecil). Especialista em petróleo, Tillerson não escondia tampouco
o próprio escasso respeito por diplomacia.
Tal impressão da
chefia responsável pelas questões externas não deixaria de refletir-se nas
várias áreas do Departamento, com o respectivo menosprezo influindo sobre as
diversas atividades, na chefia do qual Hillary trouxera o seu conhecimento e
vivo interesse pelos temas correntes da política exterior.
Nada mais
inadequado de que um chefe sem maior
apreço e, por conseguinte, despojado do interesse e das consequentes afinidades
que são fatores capitais para a direção
de uma secretaria de Estado, em termos de motivação e da consequente e
indispensável interação.
Essa falta de
comunicação e de respeito mútuo - pois nenhum subordinado terá prazer em
trabalhar e atuar sob a direção de alguém que não lhe respeite o mister -
seria, com outro Presidente, já determinante para o eventual afastamento de
Tillerson.
Em termos de química, por
conseguinte, inexistia qualquer respeito
recíproco entre os atores respectivos, e daí se intui que a permanência de Tillerson
já se achava predestinada a fim assaz breve. Por conseguinte, se nos ativermos
às peculiaridades dessa presidência, pode-se dizer que, atendidos os obstáculos
e a falta de empatia, Rex W. Tillerson até que durou mais do previsível.
O que terá levado
Tillerson a ir um pouco além dentro do tempo normal que lhe caberia, está na
circunstância de que o interesse geral desse Presidente se afigura bastante
fluido e ele parece ter horror a longos dossiers,
assim como e sobretudo, a questões mais anosas e complexas, eis que o atual 45º
presidente seria um espontâneo, um amador de temas breves e pouco intrincados.
Trump detesta ler demasiado e o afinco no estudo não é decerto característica
sua. Como já se diz amiúde, além de ler pouco, ele crê na intuição e, por
conseguinte, nas prontas impressões. Em poucas palavras, ele não é um
intelectual, nem parece ter maior respeito pelos que o são. Quanto a Tillerson,
decerto lê um pouco mais, mas não esconde o próprio desapreço pelas sutilezas e
mensagens da carrière. Empapado em petróleo, não ousemos compará-lo
com um Talleyrand.[1]
(Fontes: The New York Times, The New Yorker,
Nouveau Petit Larousse Illustré )
[1]
Talleyrand-Périgord, Charles Maurice
de (1754-1838), o diplomata por
excelência, teve grande importância pela destreza na política exterior,
máxime no Congresso de Viena (1814-15),
quando o poder napoleônico desmoronara, e somente da própria habilidade logrou
preservar o Reino de França entre as grandes potências da época.
Nenhum comentário:
Postar um comentário