terça-feira, 6 de março de 2018

Arriscado espionar contra a Rússia


                             
       Ao ler sobre a história do ex-agente duplo russo internado no Reino Unido, Sergei Skripal, desde ontem internado em estado grave, na cidade de Salisbury depois de ter sido exposto a substância não identificada, logo me lembrei de o que ocorrera há tempos também na velha Inglaterra, a desafeto de Vladimir Putin que não viu mal em aceitar tomar taça de chá com dois russos vindos especialmente de Moscou para visitá-lo. 
        Os meus leitores com boa memória se lembrarão de o que ocorreu  com o pobre Alexander Litvinenko, que fugira da Rússia, para escapar da vingança de Vladimir Putin. O problema é que ele cometeu o grande erro de confiar em outros russos que queriam conversar com ele em casa de chá inglesa. Litvinenko pagaria com a vida tal ingenuidade, pois o chá tinha polonium como um dos ingredientes (segundo verificado no exame pós-óbito). Se esse veneno tem a vantagem de matar em pouco além de 24 horas, a sua desvantagem está no fato de que é subproduto de reator atômico, o que restringe bastante a gama dos suspeitos.
            Os ingleses são um povo hospitaleiro e mandou-se investigar por um Lord  as circunstâncias do assassínio de Litvinenko. Como referi alhures, Sua Senhoria Robert Owen chegou à conclusão no seu veredito que a morte de Litvinenko pode ter sido aprovada pelo próprio Presidente Putin, porque Alexander Litvinenko desertara para a Inglaterra, insatisfeito com o rumo tomado pelo novo governante. Ele faleceria em 23 de novembro de 2006.
             Mas voltemos ao que aconteceu com o ex-coronel Sergei Skripal, da unidade de inteligência militar GRU. Skripal foi acusado de trair agentes de seu próprio país. Em 2010, no entanto, o ex-agente duplo (espionava também para o Reino Unido) teve sua pena de 13 anos perdoada, e foi entregue às autoridades britânicas, em uma troca de espiões no estilo Guerra Fria, ocorrida em Viena, em que os russos presos pelos Estados Unidos foram devolvidos a  Moscou.
               Agora, segundo a polícia, Skripal foi encontrado inconsciente em banco de praça de Salisbury, ao lado de duas outras pessoas, um homem de cerca de 60 anos e uma mulher de trinta - que também foram levados para atendimento médico. Nenhum deles tinha ferimentos visíveis.  Ainda não está esclarecido pelo hospital de Salisbury o que terá causado o problema.

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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