sexta-feira, 9 de março de 2018

Temer escreve à R. Dodge


                            

          Após ser incluído em investigação que apura irregularidades envolvendo a Odebrecht, o Presidente Michel Temer dirigiu ontem carta a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, capeando artigos contrários à investigação de presidentes por fato estranho ao mandato.
             Entre eles, um parecer do Professor Ives Gandra da Silva Martins, em que o jurista argumenta, interpretando o artigo 86 da Constituição, que "o Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções".

             Na semana passada, o ministro Edson Fachin, a pedido da Procuradora-Geral da República, incluíu o presidente como investigado em um inquérito que apura suspeitas de repasses de propinas da Odebrecht para campanhas eleitorais do MDB em troca de favorecimento à empresa. Já eram investigados no caso os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). O inquérito foi aberto em abril de 2017, com base nas delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht.
                "Reitero que o objetivo é meramente acadêmico já que não me insurgirei contra o despacho dado pelo ministro Fachin acolhendo sua postulação. E de logo registro que respeito e respeitarei sempre as suas manifestações, já que, tenho absoluta certeza, são guiadas pela sua convicção jurídica", disse Temer na carta.
  
               O envio da carta diretamente à procuradora-geral causou estranheza em integrantes do Ministério Público. Na avaliação de um procurador da República, que falou sob condição de anonimato, a carta pode ter uma intenção política, já que, em sua análise, a maioria dos ministros do Supremo tende a acolher a possibilidade de investigar o Presidente da República.

( Fonte:  O  Estado de S. Paulo )  

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