sábado, 10 de março de 2018

Na Venezuela, a Fome persegue as mulheres


                               

         Se tenho minhas dúvidas sobre a exatidão desse estudo - publicado na Semana da Mulher - não vou negar-lhe espaço, conquanto tenha a impressão de que a fome naquele país de péssima e corrupta administração não faz distinções sobre os sexos e a idade, atendido obviamente o grande anteparo da riqueza.
           Sem embargo, o despacho de Caracas nos diz que se os homens comem pouco e mal em meio à geral crise venezuelana, a situação das mulheres seria ainda pior. Assim, dos vinte alimentos ingeridos em média pelos venezuelanos dentro da chamada cesta básica, elas consomem  doze, os de menor valor nutricional. Por sua vez, eles consomiriam quinze, os mais completos, em geral, proteínas.
           A relação foi apresentada ontem pela diretora do Centro Hispano-Americano para a Mulher, Fabíola Romero, em Caracas, com base em estudo feito no segundo trimestre do ano passado.
            Feitas as necessárias restrições para a realidade desse estudo, realizado em momento já superado pelo avanço da crise, que é dinâmica, e não tão vagarosa quanto a situação geral, que foge obviamente ao controle da burocracia, a apresentadora frisa a "pobreza do gênero", eis que o desemprego afetaria mais as mulheres. Sempre de acordo com o levantamento, para cada cem homens na pobreza, há 112 mulheres na mesma situação.
             Em 33%  dos lares consultados, elas deixaram de comer alguma vez durante a crise e 60% delas abriram mão de alguma refeição para favorecer outros membros da família. Em 53% dos lares consultados, se come uma ou duas vezes por dia.
             Outrossim, o estudo indica que quatro em cada dez casas têm comando feminino - em 70% dos casos, elas não vivem com companheiro. O levantamento também conclui que elas são as que mais frequentam as filas de supermercados, que consomem de oito a catorze horas por semana, e estão mais suscetíveis à pressão do chavismo nos mercados em que alimentos subsidiados são distribuídos. "As mulheres são as que estão mais subordinadas aos mecanismos do Estado", afirmou Fabíola Romero.

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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