Em 1948 aconteceu a chamada catástrofe (Nakba) para os árabes
palestinos. Em luta desigual, com as forças judaicas mais bem organizadas e com
maior preparo e melhor equipamento militar, Israel obteve vitória que lhes
abriu parte relevante do território que hoje dominam.
Infelizmente, nem a porfia pela terra teve
quartel, nem os palestinos dispuseram de organização capaz de sustentar o
embate e que estivesse em condições de tornar a luta entre os dois povos mais
condizente com as condições do terreno, de forma a valer-se de táticas e planos
estratégicos que tivessem presente a vantagem do palestino sobre o judeu, em
termos de recursos humanos.
Infelizmente, um dos heróis do Povo
palestino, Yasser Arafat - e que se empenhou durante toda a sua existência pela
causa de sua gente - e tampouco se
poderia excluir que a própria saúde não tenha
sido minada por meios hoje ignotos empregados pela parte adversa - sempre
privilegiou o método da guerrilha contra as forças israelenses. Ora, excluído o processo da paz entre os
povos palestino e israelense, e o seu malogro, a despeito de Camp David, e a
força política inicial da simbólica tentativa de reconciliação entre os dois
Povos, ele viria a falhar, primo
pelo despreparo da parte palestina em evitar o desvio para o enfraquecimento do
processo de paz, e secondo
pela falta de um processo de paz digno desse nome, através da cessação das
invasões de terras palestinas pelos colonos, além da implementação das resoluções
do Conselho de Segurança, máxime na primeira fase do restabelecimento da Paz e
da justa distribuição de terras na margem ocidental do Jordão.
Infelizmente, os Estados Unidos, ao
invés de liderarem o processo de paz, na prática cederam a iniciativa a uma
das Partes, no caso Israel, que, por uma
série de concessões na direção desse empreendimento, enquanto os Estados Unidos
deixaram de ter a liderança que haviam exercido até a presidência de
Eisenhower, cedendo na prática a preponderância no processo a Israel, que de
Estado cliente passou a evidenciar atuação cada vez menos dependente da
Superpotência, o que se deve notadamente a concessões do presidente Richard
Nixon e do Secretário de Estado, Henry Kissinger. Fatores políticos com a
influência crescente do poder judaico transformaram o processo, com a inversão
de papéis, e o virtual predomínio crescente do estado-cliente sobre a
Superpotência.
Nos últimos tempos, com o
fortalecimento político das forças da direita israelense, e em particular do
Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu, e a bisonhice de Donald Trump - cujas
iniciativas, a exemplo da transferência da embaixada americana de Tel Aviv para
Jerusalém, só tendem a piorar o quadro de um já dificil relacionamento entre as
duas Nações.
A política de Israel, marcada por contínuo
e sustentado intento de avanço político
para apossar-se de o que resta das terras palestinas só pode contribuir para o
agravamento e consequente ulterior deterioração do processo. Como a força generacional está com a
comunidade palestina, essa anti-política israelense de caráter imperialista,
que chega a tentar imitar os antigos bantustans da África do Sul, não tem perspectiva maior, eis que - a despeito de todas
as provocações e intentos de desvirtuar o que resta do processo de paz, através
da antipolítica de enxotar o palestino da terra ancestral (vinda de colonos
americanos, judeus russos e de outros países), a radicalização só faz aumentar,
com a perseguição sistemática do Povo palestino, e a criação de condições
ultra-negativas pelos atuais dirigentes israelenses que, na realidade, pela
má-fé e o metódico fechamento de quaisquer possibilidades de soluções pacíficas
e equitativas para o problema da terra,
o que a atual direção política de
Israel está na realidade preparando é a vitória na guerra, e a sua derrota, que
será efetiva porque final, na Paz, dada a metódica contribuição na falta
absoluta de quaisquer condições para a criação de atmosfera fundada na verdade
e na boa-vontade. Muros e arames farpados são conhecidos das duas comunidades,
e o que impressiona é a total ausência no presente de visão política, tão
inteligente, quanto abrangente, que se disponha a tarefa que não é desconhecida
de muitos israelenses. Só a Paz, justa e equitativa, com respeito recíproco,
poderia oferecer a saída com grandeza para que esses dois Povos venham a forjar
o entendimento, que a Razão e a História
tornam inelutável.
Entregá-lo a agentes da cepa de
Netanyahu - que já tem a própria polícia a investigá-lo - é o mesmo que
condená-lo a inglório fim, que esses dois Povos decerto não merecem. E para
começar, o respeito devido ao Palestino será a unica linguagem factível para
que essa contextualização da violência como meio de convivência, por ser totalmente
inviável, seja afastada para sempre, em todos os seus avatares. Se o ódio não
constrói, a grande avenida para a Paz será calçada pelo respeito mútuo e a
igualdade nas condições existenciais. A Justiça
precisa para sobreviver do ar da liberdade. Ele é comum a todos.
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