sábado, 31 de março de 2018

A luta dos palestinos pela própria terra


                        

       Em 1948 aconteceu a chamada catástrofe (Nakba) para os árabes palestinos. Em luta desigual, com as forças judaicas mais bem organizadas e com maior preparo e melhor equipamento militar, Israel obteve vitória que lhes abriu parte relevante do território que hoje dominam.
       Infelizmente, nem a porfia pela terra teve quartel, nem os palestinos dispuseram de organização capaz de sustentar o embate e que estivesse em condições de tornar a luta entre os dois povos mais condizente com as condições do terreno, de forma a valer-se de táticas e planos estratégicos que tivessem presente a vantagem do palestino sobre o judeu, em termos de recursos humanos.
       Infelizmente, um dos heróis do Povo palestino, Yasser Arafat - e que se empenhou durante toda a sua existência pela causa  de sua gente - e tampouco se poderia excluir que  a própria saúde não tenha sido minada por meios hoje ignotos empregados pela parte adversa - sempre privilegiou o método da guerrilha contra as forças israelenses.  Ora, excluído o processo da paz entre os povos palestino e israelense, e o seu malogro, a despeito de Camp David, e a força política inicial da simbólica tentativa de reconciliação entre os dois Povos, ele viria a falhar, primo pelo despreparo da parte palestina em evitar o desvio para o enfraquecimento do processo de paz, e secondo pela falta de um processo de paz digno desse nome, através da cessação das invasões de terras palestinas pelos colonos, além da implementação das resoluções do Conselho de Segurança, máxime na primeira fase do restabelecimento da Paz e da justa distribuição de terras na margem ocidental do Jordão.  
          Infelizmente, os Estados Unidos, ao invés de liderarem o processo de paz, na prática cederam a iniciativa a uma das  Partes, no caso Israel, que, por uma série de concessões na direção desse empreendimento, enquanto os Estados Unidos deixaram de ter a liderança que haviam exercido até a presidência de Eisenhower, cedendo na prática a preponderância no processo a Israel, que de Estado cliente passou a evidenciar atuação cada vez menos dependente da Superpotência, o que se deve notadamente a concessões do presidente Richard Nixon e do Secretário de Estado, Henry Kissinger. Fatores políticos com a influência crescente do poder judaico transformaram o processo, com a inversão de papéis, e o virtual predomínio crescente do estado-cliente sobre a Superpotência.
            Nos últimos tempos, com o fortalecimento político das forças da direita israelense, e em particular do Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu, e a bisonhice de Donald Trump - cujas iniciativas, a exemplo da transferência da embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, só tendem a piorar o quadro de um já dificil relacionamento entre as duas Nações.
            A política de Israel, marcada por contínuo e sustentado intento de avanço  político para apossar-se de o que resta das terras palestinas só pode contribuir para o agravamento e consequente ulterior deterioração do processo.  Como a força generacional está com a comunidade palestina, essa anti-política israelense de caráter imperialista, que chega a tentar imitar os antigos bantustans da África do Sul, não tem perspectiva maior, eis que - a despeito de todas as provocações e intentos de desvirtuar o que resta do processo de paz, através da antipolítica de enxotar o palestino da terra ancestral (vinda de colonos americanos, judeus russos e de outros países), a radicalização só faz aumentar, com a perseguição sistemática do Povo palestino, e a criação de condições ultra-negativas pelos atuais dirigentes israelenses que, na realidade, pela má-fé e o metódico fechamento de quaisquer possibilidades de soluções pacíficas e equitativas para o problema da terra,  o que a atual direção política  de Israel está na realidade preparando é a vitória na guerra, e a sua derrota, que será efetiva porque final, na Paz, dada a metódica contribuição na falta absoluta de quaisquer condições para a criação de atmosfera fundada na verdade e na boa-vontade. Muros e arames farpados são conhecidos das duas comunidades, e o que impressiona é a total ausência no presente de visão política, tão inteligente, quanto abrangente, que se disponha a tarefa que não é desconhecida de muitos israelenses. Só a Paz, justa e equitativa, com respeito recíproco, poderia oferecer a saída com grandeza para que esses dois Povos venham a forjar o entendimento, que a Razão e a História  tornam inelutável.
           Entregá-lo a agentes da cepa de Netanyahu - que já tem a própria polícia a investigá-lo - é o mesmo que condená-lo a inglório fim, que esses dois Povos decerto não merecem. E para começar, o respeito devido ao Palestino será a unica linguagem factível para que essa contextualização da violência como meio de convivência, por ser totalmente inviável, seja afastada para sempre, em todos os seus avatares. Se o ódio não constrói, a grande avenida para a Paz será calçada pelo respeito mútuo e a igualdade nas condições existenciais. A Justiça  precisa para sobreviver do ar da liberdade. Ele é comum a todos. 

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