O que significa, além das
declarações bombásticas, dos slogans
surgidos de repente, e das manifestações de muitas fontes vituperando um
assassínio mais do que tudo provocador, muito além das invectivas, e das
palavras de ordem. Será que muitos confundem berros e unissona gritaria, com
válidas respostas à afrontosa barbárie que não hesitou em levantar a própria
horrenda figura, como se julgasse, em meio à suposta proteção que cai sobre o
Rio, que ainda permanece a temporada do salve-se quem puder, em meio à
eliminação arrogante e afrontosa de Marielle Franco, do PSOL.
Uma vez mais, no Rio de Janeiro, que
coleciona um ex-governador na cadeia, e uma cultura que, como o inço e a
podridão, levanta a cabeça, afrontando com negaças jurídicas, o Império da Lei,
reponta mais uma afronta, quando se executa com a vil audácia de quem pensa
fazê-lo impunemente a mulher que se levantara pelo trabalho e pelos próprios
ideais, que, pelo brilho, parecem incomodar a muitos, inclusive às perigosas
ratazanas que atacam nas sombras.
Saberemos breve - e o tempo parece
ter pressa - de como ficará a intervenção
no Rio de Janeiro. Pesa sobre ela uma sombra. Pois a bandidagem age como se ela fosse
apenas uma instância burocrática. Inquieta-me essa desenvoltura da mala vita. Não quero crer que todos
esses praças, esses oficiais, e o digno general que a comanda, vieram ao Rio de
Janeiro pensando que, em mostrando a tropa, a gente do mal se encolheria ou até
mudasse os próprios hábitos. Não quero crer que o insolente, abominável ataque
contra um grande valor do Rio de Janeiro tenha pensado possível que a
impunidade lhe seria possível. Continuo a crer em que a intervenção veio movida
de uma intenção - que é a de recolocar o Rio no mapa das cidades visitáveis,
enquanto vivíveis. Mas se ela o pretende, não pode por um instante, admitir que
a gente do mal prevaleça sobre o bem. Na verdade, todo malfeito simboliza o
desafio ao Estado, não a este estado do Rio de Janeiro, mas ao Estado que
representa o Brasil! Se a intervenção é para valer, ela tem que mostrar o próprio
empenho, coerência e força em tudo aquilo que acaso respire os ares da
confrontação e do desrespeito, seja ele pequeno ou grande.
Se o bárbaro assassínio de Marielle
Franco, que tomba sob as balas covardes da mala vita, que o seu sacrifício não seja em vão. Toda afronta - e
esta foi a maior - não pode ser deixada no chão, como se o Poder do Estado
ignorar possa qualquer transgressão, desde que clara e manifesta. Assim, a
força do Estado, se abomina os magnicídios, também não pode fingir que o seu
trabalho em qualquer favela possa ser conspurcado ou o eventual símbolo da
contravenção seja reposto de forma ousada e provocadora. Não é através de
simulações e fingimentos que o Poder do Estado se afirma e se impõe.
Vamos honrar a Marielle e a todos
aqueles que desejam a volta do Direito, do Respeito às Instituições, porque em
desrespeitando simbolos que pensam menores
é que saltam para os ataques afrontosos.
O Poder que se respeita não
finge. Ele cumpre a Lei e nesse sentido, como poderia fazer concessões que só
os fracos teriam por apropriadas?
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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