MST
invade parque gráfico de O Globo
Um grupo de cerca 500 integrantes do
Movimento dos Sem Terra (MST) invadiu ontem o parque gráfico do jornal
O Globo, em Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro.
Os manifestantes picharam paredes,
vidros e móveis do local. Eles também
tentaram atear fogo a um totem com o nome do jornal, que não chegou a ser
danificado. A ação foi gravada e divulgada nas redes sociais do grupo.
De acordo com o MST, a
"Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra" reuniu mulheres
do Levante Popular da Juventude, do
Movimento dos Atingidos por Barragens e do Movimento dos Pequenos
Agricultores.
Além da invasão do parque gráfico
do jornal, houve protesto em frente a uma fábrica da Riachuelo em Natal, e
passeatas em Brasília e Porto Alegre (RS onde os manifestantes pararam diante
da sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que condenou o
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a doze anos de prisão, na Lava Jato.
Os manifestantes chegaram ao Globo
em dez ônibus e algumas pessoas portavam facões. Em nota, o grupo Globo
repudiou a invasão, que classificou de ataque à imprensa livre.
"Picharam a portaria,
tumultuaram os trabalhos e só não entraram na área de máquinas porque foram
contidos. O ataque a um jornal é um ataque à imprensa livre, pilar da
democracia. É uma clara tentativa de intimidação, um ato que atropela a
legalidade e o estado de direito democrático", segundo a nota de O Globo.
Inadmissível.
Também
em nota conjunta, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
(ABERT), a Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER), e a Associação
Nacional de Jornais (ANJ) repudiaram o protesto do MST. De acordo com essas
entidades "é inadmissível que um grupo, que se diz defensor das causas sociais,
ameace e ataque profissionais e meios de
comunicação que cumprem a missão de informar a sociedade sobre assuntos de interesse
público".
O texto em tela diz ainda
que "atos criminosos como este são próprios de grupos extremistas,
incapazes de conviver em ambiente democrático, e não pautarão os veículos de
comunicação brasileiros."
Para a Associação
Brasileira de Imprensa (ABI), a ocupação das insta-lações industriais do jornal
"por grupos armados com foices e facões não representa apenas uma ameaça à liberdade de imprensa e de
expressão, mas uma agressão ao Estado Democrático de Direito".
Segundo Ester Hoffmann, da
direção nacional do MST, a jornada das mulheres teve um "caráter de luta
pela democracia". As mulheres denunciam através das mobilizações o momento
de golpe no Brasil, que tem gerado perda de direitos e rompimento democrático,
trazendo piores condições de vida para os pobres e, sobretudo, para as
mulheres", afirmou ela.
Riachuelo.
O protesto em
frente à fábrica da Riachuelo em Natal reuniu cerca de 800 pessoas, segundo os
organizadores. Eles tentaram impedir a
entrada de funcionários, que conseguiram furar o bloqueio. A manifestação durou
cerca de duas horas. Presidente do grupo empresarial, Flávio Rocha chamou o
grupo de "terroristas" e "vagabundos" e disse que não vai
se intimidar com o ato.
"Quero dar um recado a
esse grupo de vagabundos que tentam me intimidar, que não vão conseguir. Só
aumentam minha disposição para continuar lutando para que o Brasil tenha um
presidente, tenha autoridades que fecham a torneira de dinheiro público para
esse grupo de terroristas, de bandidos", disse o empresário, em vídeo
publicado em suas redes sociais. Rocha passou a ter forte atividade política depois
do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e é visto como um postulante às
eleições de outubro.
Defesa de Lula.
Em Porto Alegre,
os manifestantes marcharam pelas
ruas centrais da capital e pararam
em frente à sede do TRF-4. A marcha foi acompanhada pela Brigada Militar.
"Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem", dizia
uma das faixas.
Já em Brasília, o protesto
reuniu setecentas pessoas, que foram do Museu da República até o Congresso,
onde se concentraram aos gritos de "Fora Temer". Manifestantes do
PT e do MST carregavam cartazes a favor
de Lula à Presidência. Eles também protestam contra a desigualdade de gênero, o
programa Escola Sem Partido e a criminalização do aborto.
Testemunhas
O ex-presidente Lula da Silva
arrolou seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, e sua sucessora, Dilma
Rousseff, como testemunhas de defesa na ação penal relativa ao Sítio de
Atibaia.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo)
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