quinta-feira, 22 de março de 2018

EUA: isenção tarifária para Aliados


                                
         A temida guerra fiscal adquire feição não tão ameaçadora quanto a princípio se delineou. O anúncio feito na Casa Branca pelo Presidente Trump apresenta uma realidade não tão áspera, nem tão severa, como a tônica dos comentários pessimistas que a caracterizaram.
           Sente-se o respiro de alívio. De certo modo, o que se temera a princípio, uma ambiência no comércio de traços hobbesianos, ora cede a conotações não tão fortes, eis que a receita é aplicada sobretudo à segunda maior economia do planeta, i.e., a República Popular da China.
           Esta promessa de campanha de Donald Trump é agora implementada, dentro de seu esforço de ressuscitar velhas fábricas,  no chamado cinturão da ferrugem, assim como 'castigar' a China por suas práticas de utilizar-se da tecnologia americana, assim como apossar-se indevidamente de segredos comerciais, fazendo companhias perderam posições e empregos, e, em consequência, bilhões de dólares em renda.   
          Tais medidas incluem a isenção pela Presidência Trump de uma longa lista de isenções tarifárias em aço e alumínio, concedidas a aliados americanos - como o Brasil -  e que entrarão em efeito nesta sexta-feira. Assim, juntamente com a decisão da Administração Trump de isentar a União Européia (que fez lobby agressivo e público por tal isenção) fazem parte dos beneficiários a  Coreia do Sul, Brasil, Canadá, e México das tarifas sobre metais baratos, o que a ação mostra sobretudo é a ênfase da agenda de Trump que, na verdade, penaliza uma única nação, a China comunista.
          Por sua vez, Peter Navarro, diretor do Conselho de Comércio Nacional da Casa Branca, afirmou: "O que os Estados Unidos estão fazendo é defender-se estrategicamente da agressão econômica da China." Nesse sentido, Navarro acrescentou: "Nós repetidamente  manifestamos as nossas preocupações com a China enquanto uma economia não de mercado."
           Por outro lado, o Representante estadunidense para o Comércio internacional informou o Comitê de Finanças do Senado  que recomendara que as próximas ações contra a RPC incluam tarifas sobre produtos chineses em todas as indústrias avançadas que Beijing deseja inserir no seu plano "Made in China 2025". Essas indústrias incluem veículos elétricos, navegação de alta tecnologia e a tecnologia aeroespacial.
           Muda portanto a estratégia geral contra a RPC. Ao invés de tentar persuadi-la a aderir à regrada ordem econômica internacional - política que data de Richard Nixon e Henry Kissinger - muda a visão básica dos Estados Unidos quanto à RPC: agora, ela se torna concorrente estratégica, que se propõe enfraquecer a segurança e a prosperidade americanas.
           Esta nova postura estadunidense vem em momento delicado, no qual o Presidente Trump deseja valer-se da ajuda de Beijing quanto aos programas nucleares e de mísseis balísticos da Coréia do Norte.
             O crescimento da China na cena internacional levara Washington a não designar Beijing como um manipulador de sua moeda no mercado de divisas. Tal se deveu à colaboração prestada pela RPC, no que concerne às pressões exercidas sobre o líder norte-coreano, Kim Jong-un.     

( Fonte:  The New York Times )     

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