A temida guerra fiscal
adquire feição não tão ameaçadora quanto a princípio se delineou. O anúncio
feito na Casa Branca pelo Presidente Trump apresenta uma realidade não tão
áspera, nem tão severa, como a tônica dos comentários pessimistas que a
caracterizaram.
Sente-se o respiro de alívio. De
certo modo, o que se temera a princípio, uma ambiência no comércio de traços hobbesianos, ora cede a conotações não
tão fortes, eis que a receita é aplicada sobretudo à segunda maior economia do
planeta, i.e., a República Popular da
China.
Esta promessa de campanha de Donald
Trump é agora implementada, dentro de seu esforço de ressuscitar velhas
fábricas, no chamado cinturão da
ferrugem, assim como 'castigar' a China por suas práticas de utilizar-se da
tecnologia americana, assim como apossar-se indevidamente de segredos
comerciais, fazendo companhias perderam posições e empregos, e, em
consequência, bilhões de dólares em renda.
Tais medidas incluem a isenção pela
Presidência Trump de uma longa lista de isenções tarifárias em aço e alumínio,
concedidas a aliados americanos - como o Brasil - e que entrarão em efeito nesta sexta-feira.
Assim, juntamente com a decisão da Administração Trump de isentar a União
Européia (que fez lobby agressivo e
público por tal isenção) fazem parte dos beneficiários a Coreia do Sul, Brasil, Canadá, e México das
tarifas sobre metais baratos, o que a ação mostra sobretudo é a ênfase da
agenda de Trump que, na verdade, penaliza uma única nação, a China comunista.
Por sua vez, Peter Navarro, diretor
do Conselho de Comércio Nacional da Casa Branca, afirmou: "O que os
Estados Unidos estão fazendo é defender-se estrategicamente da agressão
econômica da China." Nesse sentido, Navarro acrescentou: "Nós
repetidamente manifestamos as nossas
preocupações com a China enquanto uma economia não de mercado."
Por outro lado, o Representante
estadunidense para o Comércio internacional informou o Comitê de Finanças do
Senado que recomendara que as próximas
ações contra a RPC incluam tarifas sobre produtos chineses em todas as
indústrias avançadas que Beijing deseja inserir no seu plano "Made in
China 2025". Essas indústrias incluem veículos elétricos, navegação de
alta tecnologia e a tecnologia aeroespacial.
Muda portanto a estratégia geral
contra a RPC. Ao invés de tentar persuadi-la a aderir à regrada ordem econômica
internacional - política que data de Richard Nixon e Henry Kissinger - muda a
visão básica dos Estados Unidos quanto à RPC: agora, ela se torna concorrente
estratégica, que se propõe enfraquecer a segurança e a prosperidade americanas.
Esta nova postura estadunidense vem
em momento delicado, no qual o Presidente Trump deseja valer-se da ajuda de
Beijing quanto aos programas nucleares e de mísseis balísticos da Coréia do
Norte.
O crescimento da China na cena
internacional levara Washington a não designar
Beijing como um manipulador de sua moeda no mercado de divisas. Tal se deveu à
colaboração prestada pela RPC, no que concerne às pressões exercidas sobre o
líder norte-coreano, Kim Jong-un.
( Fonte: The
New York Times )
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