Os militantes da SPD
mostraram que têm mais juízo do que a sua delegação ministerial. Com efeito, o
tão temido voto da militância apoiou sem maiores restrições a grande
coalizão. Isto já se desenhava no
horizonte, e a lenta, burocrática resposta corroborou o que já se previa.
Há um claro desafio da
extrema-direita, a chamada Alternativa
para a Alemanha (AfD). A formação do gabinete fica bem mais difícil, com o
reforço da anti-imigração AfD, eis
que muitos dos partidos antes disponíveis ficam mais temerosos de participar do
governo e ... perder em seguida mais cadeiras para a extrema-direita.
Daí a relutância dos
democratas-livres, parceiros habituais no passado da CDU (União Cristã Democrática) e até dos Verdes. É de notar-se que
também participa da coalizão o partido-gêmeo da CDU, a União democrática social, que representa, na
prática, a sigla na Baviera, como SDU.
A CDU e a SPD têm perdido apoio no
leste, nos estados da antiga Alemanha Oriental, que ainda não chegaram ao nível
econômico da Alemanha Ocidental. É de
esperar-se que a Merkel - ela própria originária da antiga Sowiet Zone - possa ajudar a coalizão a ganhar mais apoio no Leste.
Com a longa pausa eleitoral - agora
afinal resolvida - a militância social-democrata (463 mil membros) sufragou a
coalizão com a CDU, com 66% a favor, em
um total de 78% da militância votando. Martin Schulz, o antigo líder da SPD, o
vento levou. O novo contra-parte da Merkel é o líder interino da SPD, Olaf
Scholz.
Segundo a afirmação de Frau Merkel e os
prognósticos de seus companheiros na CDU-CSU, a necessidade maior está em focalizar nos
temas domésticos, visto que - por decisão sobretudo da Merkel - cerca de um
milhão de imigrantes entraram na RFA em anos recentíssimos.
Nas negociações inter-partidárias, a
SPD ficou com três pastas chave - exteriores, trabalho e finanças - mas talvez
se esqueça de que Angela Merkel conserva a posição de Chanceler. Um membro
importante da Europa - Emmanuel Macron, presidente da
França - já lhe bate à porta para discutir o que necessita ser feito para proteger
a área do euro. Outro membro - que não
se sabe ainda aonde ficará - e é o Reino Unido, hoje encabeçado por Theresa May, com mãos não tão seguras
quanto às da Chanceler - também lhe baterá à porta, acerca do processo do Brexit, que ainda não se sabe como há de
terminar...
( Fonte: The
New York Times )
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