Vladimir Putin, o
operador glacial, terá acaso errado na dose? Ter-lhe-á porventura passado pela
cabeça que, ao mandar aplicar novichok
no ex-agente duplo Skripal, homiziado na esquecida cidadezinha de Salisbury, na Inglaterra, tudo lhe
sairia a contento, como acontecera com a eliminação por gás polonium do antigo desafeto de gospodin Putin, em 2006? Se Londres aguentara o tranco de operação
contra o agente Litvinenko, que morreu em hospital inglês, vítima de clara ação
de guerra fria, sob as presumíveis ordens do Kremlin? E ainda por cima, este
assassínio diplomático seria quase abafado, deixando-se a lorde inglês, muitos
e muitos meses depois, a ingrata tarefa de discreta repreensão diplomática, daquela
atrevida operação punitiva, feita nas barbas do Gabinete de Sua Majestade?
Putin, o de nervos de aço, recém-reeleito
- após o afastamento do concorrente Navalny, por suposto dolo determinado por
juiz interiorano - terá ido além de o que lhe recomendaria a prudência,
pensando que a operação por sucedâneo da antiga KGB, aplicando um tardo castigo a um agente duplo também passaria
em branca nuvem, como, na prática, acontecera com o infeliz sucesso mencionado
no parágrafo acima?
Até o amigo Donald Trump determinou
a expulsão de sessenta russos dos
Estados Unidos nesta segunda-feira, juntando-se à operação conjunta da OTAN,
feita em apoio a Theresa May.
No que tange à surpreendente medida pelo amigo
de Vladimir Putin, i.e. Donald Trump, ela inclui doze agentes de inteligência
russos, sediados na Missão junto às Nações Unidas em New York, assim como o
fechamento do Consulado em Seattle. Eles têm sete dias para deixar a terra
americana.
Também participam da operação de
retaliação, dentre catorze nações da União Européia, os seguintes países:
Alemanha, França, Itália, Dinamarca e Polônia. Por sua vez o aliado Canadá
expulsará quatro russos.
Por trás deste atentado de
Salisbury, o ministro do exterior polonês Jacek Czaputowicz considerou o
incidente de Salisbury "um ataque sem precedentes contra civis com o emprego
de armas químicas", o que não se via desde a Segunda Guerra Mundial. O Ministro polonês declarou que o Embaixador
russo e mais três diplomatas foram considerados "personae non grata", concedendo-lhes prazo de partida até três
de abril para deixar o solo polonês.
Por sua vez, a Alemanha anunciou
planos para expulsar quatro diplomatas russos até a próxima semana. Além da
solidariedade com o Reino Unido, especula-se que o novo chefe do Auswaertiges Amt[1],
Heiko Mass, possa ter postura mais afirmativa contra Moscou que o respectivo
antecessor. Mas, por ora, tal não passa de vã especulação da mídia.
Além do tropeço de Putin, logo
após a sua reeleição, a reação de Trump dá-lhe oportunidade de obter substancial
ganho político-diplomático que vai bastante além da solidariedade com Theresa
May. Mas isto é matéria para blog subsequente.
( Fonte: The New
York Times )
Nenhum comentário:
Postar um comentário