quarta-feira, 7 de março de 2018

Eleições na Itália


                                             

         Os partidos que partilhavam o poder nos anos passados  - e já faz tempo - hoje são expressões históricas. Silvio Berlusconi, com longo predomínio, foi afastado pelos escândalos que provocou.
          A  sua volta à cena - e as esperanças que motivou - mostra o que é feito do panorama político italiano, e o estado lamentável de suas lideranças.
          Como se verificou, os partidos populistas foram os dois maiores ganhadores de sufrágios, o que é lamentável, se tivermos presente as lideranças  do século XX (mesmo se afastarmos os logros como Andreotti).
          A confusão é tal, o populismo burro reponta como a 'solução', e assim temos partidos e coalizões partidárias que oferecem como caminho o agridolce do populismo irresponsável.
           Nesse contexto, o grande vencedor, com cerca de 32% dos votos é o Movimento Cinco Estrelas, encabeçado por Luigi Di Maio.  É uma mistura de progressistas, eurocéticos e outros votantes desencantados. Sâo contra muitas conquistas da Comunidade Européia, esquecidos que a Itália integra desde o início o núcleo duro da CEE.
            Tal movimento é seguido de perto pela Liga, cujo líder é Matteo Salvini. As suas admirações não surpreendem, mas tampouco animam.  Este líder político admira a ultra-direita da francesa Marine Le Pen e até essa figura, que é Donald Trump, que não sei se reflita o chamado Declínio estadunidense,  ou se é apenas brincadeira de mau-gosto. Não surpreende, portanto, se as posições da Liga (do Norte) sejam fascistóides, anti-imigração e xenófobas (prometem, inclusive, 'limpar' a Itália dos imigrantes).  É preocupante, decerto, o ressurgimento do fascismo na Itália, sem esquecer nunca que a ultradireita sempre foi uma presença forte na Bota.   
               Esperava-se muito de Silvio Berlusconi.  Infelizmente as plásticas e os afastamentos compulsórios não afastam certos problemas. Não se vá esperar que uma figura como Berlusconi possa ser visto como 'salvatore'. Teve apenas 14% dos votos.
                Talvez o golpe mais forte haja sido os 19% de Matteo Renzi. Que tenha feito bem o seu dever de casa não impressionou o eleitorado, que preferiu o ignoto dos movimentos oportunistas. Com uma Europa lidando com o populismo nostálgico do Brexit (Reino Unido) e partidos direitistas (Polônia e Hungria, sobretudo), as grades figuras da cena européia (Angela Merkel e Emmanuel Macron ) ficam mais sozinhas.  Para a terra de De Gasperi, torna-se um tanto penoso apresentar essas tristes e despreparadas figuras que ressurgiram nas eleições italianas.
( Fonte: The  New York Times )

Nenhum comentário: