Os partidos que partilhavam o poder
nos anos passados - e já faz tempo -
hoje são expressões históricas. Silvio Berlusconi, com longo predomínio, foi
afastado pelos escândalos que provocou.
A sua volta à cena - e as esperanças que motivou
- mostra o que é feito do panorama político italiano, e o estado lamentável de
suas lideranças.
Como se verificou, os partidos
populistas foram os dois maiores ganhadores de sufrágios, o que é lamentável,
se tivermos presente as lideranças do
século XX (mesmo se afastarmos os logros como Andreotti).
A confusão é tal, o populismo burro
reponta como a 'solução', e assim temos partidos e coalizões partidárias que oferecem
como caminho o agridolce do populismo irresponsável.
Nesse contexto, o grande vencedor, com
cerca de 32% dos votos é o Movimento Cinco
Estrelas, encabeçado por Luigi Di
Maio. É uma mistura de
progressistas, eurocéticos e outros votantes desencantados. Sâo contra muitas
conquistas da Comunidade Européia, esquecidos que a Itália integra desde o
início o núcleo duro da CEE.
Tal movimento é seguido de perto
pela Liga, cujo líder é Matteo Salvini. As suas admirações não
surpreendem, mas tampouco animam. Este
líder político admira a ultra-direita da francesa Marine Le Pen e até essa
figura, que é Donald Trump, que não
sei se reflita o chamado Declínio
estadunidense, ou se é apenas brincadeira
de mau-gosto. Não surpreende, portanto, se as posições da Liga (do Norte) sejam fascistóides, anti-imigração e xenófobas
(prometem, inclusive, 'limpar' a Itália dos imigrantes). É preocupante, decerto, o ressurgimento do
fascismo na Itália, sem esquecer nunca que a ultradireita sempre foi uma
presença forte na Bota.
Esperava-se muito de Silvio
Berlusconi. Infelizmente as plásticas e
os afastamentos compulsórios não afastam certos problemas. Não se vá esperar
que uma figura como Berlusconi possa ser visto como 'salvatore'. Teve apenas 14% dos votos.
Talvez o golpe mais forte haja
sido os 19% de Matteo Renzi. Que tenha feito bem o seu dever de casa não
impressionou o eleitorado, que preferiu o ignoto dos movimentos oportunistas.
Com uma Europa lidando com o populismo nostálgico do Brexit (Reino Unido) e partidos direitistas (Polônia e Hungria,
sobretudo), as grades figuras da cena européia (Angela Merkel e Emmanuel Macron
) ficam mais sozinhas. Para a terra de
De Gasperi, torna-se um tanto penoso apresentar essas tristes e despreparadas figuras
que ressurgiram nas eleições italianas.
( Fonte: The
New York Times )
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