segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O Estranho Fenômeno Aldo Rebelo

Na revista Veja que circulou a partir de dez de julho, surgiram duas páginas com bastos elogios para o deputado do PCdoB Aldo Rebelo, sob o título ‘Um Comunista de bom-senso’.
Em blog de 11 de julho, intitulado, VEJA e o Anteprojeto Aldo Rebelo, ocupei-me do texto assinado por Gabriela Carelli. Do que penso a respeito, creio que as linhas abaixo são suficientes:
Esta matéria da revista Veja (...) pode ser considerada um exemplo de como não deve ser elaborada uma reportagem digna desse nome. O leitor merece respeito. O semanário (...) ao alinhar seus argumentos tem de levar em conta mínimos requisitos de caráter ético e informativo.”
Não sei se a palavra a ser usada é estranheza, mas constitui sem dúvida uma das reações para quem topa com as páginas amarelas da entrevista do mesmo semanário, que apareceu nas bancas a 31 de julho. Lá está de novo a personalidade sobre quem Veja se derrama em elogios.
Pois leiam essas pérolas: “Ao aceitar a missão de relatar o projeto do novo Código Florestal Brasileiro, o deputado Aldo Rebelo (...) fez o que poucos de seus colegas no Congresso Nacional costumam fazer: arregaçou as mangas, calçou as botas e se pôs a gastar suas solas. Percorreu dezoito estados e organizou 64 audiências públicas.(...)O novo Código Florestal Brasileiro agora está pronto para ser votado no Congresso.Merece aplausos e apoio por garantir a preservação ambiental (sic) ao mesmo tempo que possibilita o florescimento da agropecuária.”
Tanto a revista, quanto o relator do anteprojeto de Código Florestal – e atual favorito da frente ruralista – se abandonam sem pejo à desinformação. Rebelo alardeia o seu propósito de informar-se, mas é de estranhar que ao lançar-se na empresa não haja julgado oportuno consultar os especialistas na ciência ambiental.
Sua Excelência fala de distorção do Ministério do Meio Ambiente. Não é esta a realidade que o observador sério contempla. Na ânsia de agradar ao seu público ruralista, A.Rebelo perdoa o desmate dos últimos tempos – onze bilhões de reais é um belo calote, senhor deputado – a par de péssimo exemplo para todos os agricultores que não devastaram, respeitando a lei.
Não tenho procuração para defender o ministério do Meio Ambiente, mas a mim, deputado, não me caem bem as injustiças. Eis que tal ministério, por onde passou Marina Silva, mais parece em verdade uma ilha cercada de incêndios e queimadas. E o seu anteprojeto, nobre deputado, está mais para a legislação da Assembleia de Santa Catarina – com a sua absurda redução da APP – do que um Código florestal que realmente defenda o meio ambiente. Precisamos de legislação que preserve os recursos naturais que herdamos de nossos antepassados, e não que sirva para incrementar o desmate e o aumento de contribuição irresponsável para o aquecimento global.
Queira Deus, senhor deputado, que o Povo brasileiro desperte para saber quem deseja empulhá-lo com legislações encomendadas como esta da Frente Ruralista. Não é o momento de carimbar de afogadilho tal gênero de aleijume.
Estudemos com cuidado o anteprojeto. Chamemos os especialistas, aqueles que estejam atualizados sobre a ciência ambiental, os expertos do MMA e todos os interessados de boa vontade no projeto Brasil. Mas não nos apressemos. Agora decerto não é o momento, no lusco-fusco da legislatura em que o senhor e os demais deputados passarão pelas forcas caudinas de três de outubro , e não se sabe quantos hão de deixar os ares rarefeitos do Congresso Nacional !

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