Bastou apenas um amistoso para mostrar por que o Brasil perdeu no Mundial da África do Sul. A seleção jovem de Mano Menezes precisou tão só dos minutos iniciais para vencer o natural nervosismo da estreia e praticar o futebol brasileiro no seu velho estilo.
Não custou muito para exorcizar o fantasma de Dunga de nossa equipe. Através do futebol arte e do toque de bola, o scratch assumiu com naturalidade controle da partida e do adversário, criando oportunidades de gol, além dos dois convertidos no primeiro tempo. Se tudo parecia difícil para o conjunto da Copa do Mundo – que o jogo inicial contra a fraquíssima Coreia do Norte confirmaria – o desenrolar da partida contra os Estados Unidos apenas indica a potencialidade do novel selecionado do ex-treinador do Corinthians.
Se um time ainda não suficientemente treinado e entrosado pode render o que apresentou na noite de ontem, parece mais do que lícito esperar – e sem oba oba – que as possibilidades da renovada seleção apontem para trajetória bem diversa daquela reservada ao ‘grupo’ do antigo técnico.
Além de esquema de jogo que mais parecia apropriado para um desses países sem tradição no futebol, para os quais é inusitado prêmio passar da fase inicial da copa, tal a postura defensiva antes assumida, talvez a falha mais gritante da seleção de Dunga terá sido o seu culto à mediocridade na escolha dos atletas. Ressalvadas as inevitáveis exceções de praxe, o que mais assombrou no scratch foi a opção de não levar para o certamen a melhor equipe possível.
Não pretendo aventurar-me a tentar explicar critério tão absurdo e insensato. No passado idiossincrasias pessoais enfraqueceram a nossa seleção, como a estulta não-convocação de Romário em 1998. Nunca, porém, tal licença foi utilizada com tanta liberalidade como para a Copa da África do Sul. Que isso tenha ocorrido – com particulares ora vindas à tona com relação a jogadores chave – é responsabilidade demasiado grande para ser lançada tão somente nos ombros do diretor-técnico.
Mas do leite derramado, que nos seja bastante a lembrança, para não repetir os erros passados. E a jovem seleção de Mano Menezes, ainda verde e com pouca coordenação, já desvela um quadro muito diferente da mediocridade pregressa. O futebol brasileiro não carece de modelos para escolher o caminho certo, que a natural habilidade de seus jogadores aponta.
Esqueçamos os Felipe Melo e outros brucutus. Afinal chegou a hora de Neymar, o melhor jogador em campo – que dentre os seus galardões, tem o de haver sido barrado por Dunga – e os meninos do Santos, como Ganso, a par de outros muitos.
Saudemos o feliz retorno do verdadeiro futebol brasileiro. Até 2014 decerto que o caminho será longo. A caminhada, no entanto, ficará mais fácil e menores os percalços, se Mano não esquecer que, ao contrário do antecessor, ele deva usar e abusar do craque brasileiro. Não temos tantos que até nos permitimos reforçar tantas seleções estrangeiras, como vimos no último Mundial ?
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
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