quarta-feira, 18 de agosto de 2010

CIDADE NUA IV

Um bom Partido (17)

A princípio, pelejou um pouco para sair de Teresópolis. De noite, orientar-se não é tão fácil, quanto na plena luz do dia. Acabou, no entanto, graças a indicações de moradores, no entanto, dando no estreito, esburacado e tortuoso caminho que os conduziria ao hotel.
Malconservada e com excesso de curvas, a estrada secundária recomenda cautela. Dessarte, a despeito da cercania do destino, terá sido a parte menos agradável da travessia.
Por isso, chegaram tarde.
Para alívio do casal, contudo, o restaurante tem horário que se adapta aos previsíveis atrasos de quem venha do Rio de Janeiro.
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Admira a rapidez com que Eudóxia se arruma. Veste blusa de seda, a que complementa um colete de couro. Nas noitadas, o contorno dos jovens seios dispensa a ajuda do sutiã. Dessa vez, decerto pelo toque rústico do local, prefere com a minissaia calçar saltos médios.
A serena confiança que Álvaro sempre demonstrou com a namorada, malgrado a audácia de alguns de seus trajes, é um traço que ainda mais dele a aproxima. Ao contrário da insegurança e do ciúme tão comuns em homens mais velhos, ele parecia ter prazer em tê-la a seu lado, do modo em que a ela aprouvesse arranjar-se.
Descem para o salão em que, pelo adiantado da hora, restam poucos convivas. Apesar da penumbra, que oscila entre o lúgubre e o romântico, um que outro olhar a visita de esguelha.
Sentam-se a um canto, como de preferência da dupla. No cálido aconchego da companhia, a única liberdade que ali se reservam será mandar vir meia-garrafa de um Cabernet-Sauvignon chileno.
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