terça-feira, 17 de agosto de 2010

CIDADE NUA IV

Um bom Partido (16)

Saíram à noitinha do Rio de Janeiro. Não é a melhor hora para tomar a linha vermelha, sobretudo na sexta-feira, mas ele não tinha escolha.
Os dois vestiam pulôvers e roupas mais quentes, pois o friozinho à beira-mar prenunciava temperaturas mais baixas na serra.
Em uma sucessão de obras, o tráfego se arrastava. Embora na frente os assentos fossem separados, sempre encontravam jeito de se achegarem. E se as efusões contribuíam para embaçar as vidraças, seriam dos poucos que não se importavam muito com o ritmo lento da circulação.
Somente depois de deixarem o Fundão para trás o trânsito se tornou mais fluido. Álvaro nunca gostara de viajar de noite, mas na larga rodovia de Teresópolis os faróis dos carros não incomodavam, sobremodo no contorno da baía até o começo da subida, depois de Guapimirim.
Dessa feita, porém, os mútuos carinhos e a cálida ternura de Eudóxia pareciam encurtar a quilometragem. A ponto de ter de recordar-se, de tempos em tempos, da importância de guardar a atenção para as eventuais surpresas da estrada.
Encetada a ascensão da montanha, com suas ladeiras, os tardos, carregados caminhões e a sucessão de curvas, a tarefa de motorista seria menos dificultosa. Os perigos da serra reclamavam maior concentração, se bem que os meigos abraços lhe trouxessem disposição que não imaginava ainda possuir.
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