quarta-feira, 5 de maio de 2010

O Problema Iraniano

A retórica do Presidente Mahmoud Ahmadinejad deve ser levada a sério ? Na medida em que este senhor, com o seu poder delegado pelo lider supremo Ayatollah Ali Khamenei, tem ativa participação, seja na violenta repressão das manifestações civis, seja no esforço de construir um artefato atômico, a resposta terá forçosamente de ser afirmativa.
Com a mesma lógica de ódio e menosprezo de qualquer escrúpulo, o seu discurso, enquanto instrumento de agressão, não tem a menor preocupação com a veracidade ou a promoção da paz.
Dada sua condição de pária internacional, Ahmadinejad sabe que nada tem a perder com a linha tomada por seu discurso na assembleia das Nações Unidas, na abertura da Conferência ao ensejo do 40º aniversário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Nesse sentido, chegou mesmo a acusar os Estados Unidos e outras potências nucleares de tentar intimidar estados não-nucleares e de serem o ‘principal suspeito’ no estoque, proliferação e ameaça de armas nucleares.
As invectivas e o tom de desafio da própria alocução levaram ao abandono do recinto pelas delegações dos Estados Unidos e de vários outros países da União Europeia. Não só as suas acusações descabeladas, mas também e sobretudo o enfoque de cínica negação de qualquer responsabilidade no fracasso das negociações com a AIEA, comprovam a impossibilidade de manter diálogo construtivo com tal senhor.
O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma visita a Teerã marcada para o corrente mês. Veleidades de eventual eficácia suasória de seus argumentos (e daqueles que lhe sejam sugeridos pelos respectivos auxiliares) quanto a obterem algum resultado prático junto a Ahmadinejad, assim como seu Supremo Líder Khamenei, tem a mesma probabilidade de sucesso que os emissários de boa vontade, os quais julgavam possível demover Hitler de seus propósitos bélicos às vésperas da Segunda Guerra Mundial.
Felizmente, o tiranete persa não dispõe de poder militar minimamente comparável ao do Führer germânico. De qualquer forma, grita contra o bom senso e a tradicional diplomacia brasileira, associar nosso país a um déspota não-esclarecido e cuja audiência internacional descamba sempre mais para eixos cuja frequência pode agradar aos muy amigos Hugo Chávez e Raul Castro, porém não é decerto companhia aconselhável para quem semelha deleitar-se no trânsito de círculos mais recomendáveis.

( Fonte: International Herald Tribune)

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