A reação dos Estados Unidos, apoiada pelos demais quatro membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, foi ainda mais rápida de o que se poderia prever.
Tal constitui resposta ao anúncio do acordo Brasil – Turquia – Irã, jubilosamente festejado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus acólitos. Em declaração perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado, a Secretária de Estado, Hillary Clinton anunciou: “Chegamos a um acordo sobre uma redação forte com a cooperação de Russia e China”. Sem dar detalhes do pacto dos cinco membros permanentes, e mais a Alemanha, Hillary observou: “Planejamos circular o projeto de resolução para todos os membros do Conselho ainda hoje. E deixe-me dizer, senhor Presidente, que penso ser este anúncio uma resposta tão convincente quanto nos é possível apresentar no que concerne aos esforços realizados em Teerã nesses últimos dias.”
Se o Conselho adotar a Resolução – como se afigura bastante provável - ela representará a quarta rodada de sanções que objetivam induzir o governo iraniano a cessar o enriquecimento de urânio, atender às solicitações da AIEA para inspecionar sítios suspeitos, entregar documentos relativos à suspeição de pesquisa de armas, e permitir entrevistas com cientistas iranianos. As três rodadas anteriores não levaram o Irã a submeter-se às exigências feitas pelo Conselho.
O anúncio de Hillary Clinton foi realizado no contexto de audiência do Senado para examinar o recente acordo firmado com a Rússia - o novo Start. O Senador Christopher Dodd, Democrata de Connecticut, considerou o entendimento sobre a redação da resolução que imporá sanções ao Irã “um grande passo avante”. A propósito, assinalou Dodd que o Senado trabalha em projeto que impõe sanções ao Irã. “Sanções internacionais fazem muito mais sentido do que unilaterais”, declarou o senador, que acrescentou: “mas não pretendemos recuar de nosso esforço em favor de sanções unilaterais”.
Segundo a Secretária de Estado o acordo subscrito pelo Irã, Brasil e Turquia deixaria ainda o Irã em clara violação de suas obrigações internacionais, eis que Teerã prossegue com a acumulação de urânio enriquecido. Criticou igualmente os “prazos amorfos para a remoção” do urânio de baixo enriquecimento.
A Secretária Hillary Clinton reconheceu os esforços dos líderes do Brasil e da Turquia para a formulação do recente acordo em Teerã. No entanto, observou que as seis principais potências se reuniram para associar a comunidade internacional na empresa de “estabelecer sanções fortes que mandarão, a nosso ver, mensagem inequívoca de o que é esperado do Irã”.
A pronta resposta dos Estados Unidos, e a surpreendente rápida concordância de China e Rússia com a redação de resolução enérgica, que prevê, inclusive, vistorias de navios destinados ao Irã – como ocorreu em providência que visou a Coreia do Norte - redimensiona de forma drástica o esforço e a exuberância demonstradas em princípios da semana pelo Presidente Lula, Ahmadinejad e o Primeiro Ministro Recep Erdogan, da Turquia.
Nesse contexto, cabe a pergunta se todo o esforço diplomático empreeendido antes e durante a viagem do Presidente Lula ao Irã terá valido a pena, sobretudo se levarmos em conta a associação com um regime opressor do próprio povo, e que está empenhado em óbvia campanha de construir um artefato nuclear.
Fiado na sua alegada boa fortuna, o Presidente Lula e os seus acólitos julgaram acertado entrar em linha de colisão com a superpotência, servindo aos inconfessos propósitos do regime dos ayatollahs para dificultar e estorvar a formação de acordo internacional de imposição de sanções a Teerã, proposto pela Administração Obama.
Ao cabo de tudo, e em brevíssimo espaço de tempo, eis a Secretária de Estado – que não se furtou durante a missão Lula de externar a própria insatisfação – em condições de anunciar entendimento que torna inútil o acordo tripartite, que tantas manifestações de júbilo motivara em seus signatários.
Terá sido esta malsinada expedição à antiga Pérsia a via apropriada para quem tão ardentemente deseja obter um assento permanente no Conselho de Segurança ? Não mandaria a elementar prudência que soubéssemos manter a boa vontade de Washington ? Será que o magno diplomata Lula pensa que seus amigos Ahmadinejad, Castro e Chávez são preferiveis a Obama, nessa longa e até hoje vã empresa de empolgar um assento permanente no Conselho, mesmo que de segunda ordem, eis que despojado do direito de veto ?
São perguntas decerto a princípio sem sentido. Irrompem em cena, todavia, por obra e graça do despautério da missão Lula a Teerã.
( Fonte: International Herald Tribune )
quarta-feira, 19 de maio de 2010
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