sexta-feira, 7 de maio de 2010

A Eleição no Reino Unido

O pleito de ontem confirmou a queda na representação trabalhista, e o aumento na bancada conservadora. Assim, David Cameron, o líder dos conservadores, tem 305 deputados, e Gordon Brown dispõe, agora, de 260. Por outro lado, também foi confirmado o prognóstico do ‘hung parliament’[1], fenômeno político que não se verificava no Reino Unido desde 1974.
Termina aí a quota dos acertos dos institutos de pesquisa. A despeito das especulações da mídia, devidas sobretudo ao desempenho do lider Nick Clegg no primeiro debate, o resultado obtido pelos liberais-democratas, que se esperava alcançasse a centena de cadeiras, foi decepcionante.
Na verdade, ao contrário das previsões, o partido liberal-democrático sequer logrou o total obtido na eleição de 2005. Segundo as últimas previsões, os liderados de Clegg deverão montar a 57 deputados.
Como em 1974, existe a probabilidade de que seja constituído um gabinete minoritário. Malgrado as declarações de David Cameron – de que está pronto a assumir o encargo – Gordon Brown continua a ter possibilidades de formar o novo governo.
Diante do fato de que nenhum partido alcançou o número mágico de 325 deputados – o da maioria absoluta na Câmara dos Comuns – a Rainha Elizabeth II não tem um claro ganhador a quem convidar para formar o gabinete. Nessa situação, a titularidade de Gordon Brown constitui um trunfo. Como o Primeiro Ministro em funções, ele pode tentar fazer acordo com os liberais democratas e mais alguns partidos menores, como v.g. os nacionalistas escoceses e os representantes do Ulster, congregando uma frágil maioria para a confirmação de gabinete de coalizão.
É conhecida a antipatia de Nick Clegg para com Gordon Brown. No entanto, a sua exigência de negociar com outro líder trabalhista levanta dúvidas quanto a constitucionalidade de formar gabinete de coalizão que não seja dirigido pelo atual Primeiro Ministro(e os conservadores não deixarão de usar essa carta). Nesses termos, Clegg – que tampouco saíu fortalecido pelos comícios – poderá descobrir-se constrangido a engolir Gordon Brown, máxime se este concordar em incluir na plataforma de governo a discussão de um novo sistema de votação (velha reivindicação do Partido Liberal), vale dizer, um sistema proporcional e não o majoritário atualmente em vigor.
A par de problemas de personalidade, trabalhistas e liberais-democráticos adotam posições doutrinais mais próximas, do que, por exemplo, os liberais e os conservadores.
De qualquer forma, a constituição de novo governo não será tão simples quanto o tem sido no passado recente. Gabinetes de coalizão, fundados em pactos ad hoc, e com frágeis maiorias, muita vez dependentes de partidos menores, não costumam ter a vida longa.

( Fonte: C.N.N.)
[1] Parlamento onde nenhum dos partidos tem maioria absoluta (325 membros) para governar.

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