quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Governo Maduro bloqueia Odebrecht

                    

        Segundo noticia a imprensa a construtora Odebrecht não poderá  tocar nenhuma das onze obras inacabadas que tem na Venezuela. Um tribunal do país determinou a suspensão e mandou que a Guarda Nacional assegure que nenhum material seja tocado nos canteiros da obra inacabada.
         A decisão, tomada pela Segunda Corte do Contencioso Administrativo, em sentença de 9 de agosto, acatou pedido feito pela Procuradoria Geral da República, para que salvaguardasse os bens da sucursal venezuelana da empresa, com o fim de resguardar o patrimônio público.
         O tribunal justificou a decisão afirmando que 11 das 20 grandes obras que os governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro encomendaram à empresa estão totalmente paralisadas.
         A Procuradoria-Geral pediu a várias instâncias  que realizem inspeções nas construções.  Verificou-se, outrossim, que em algumas já não há um só operário e que a maioria das obras está longe do término. Exemplo disso é a terceira ponte sobre o Orinoco, no estado de Bolívar, que faz fronteira com o Brasil. Inacabada, ela está pela metade. Em outras obras, como a segunda linha de metrô de Los Teques, cidade satélite de Caracas, a construção não chega a 38%.
            Antes de sua destituição pela Constituinte de Maduro, a Procuradora-Geral Luísa Ortega Díaz denunciou o pagamento pela Venezuela à Odebrecht de US$ 30 bilhões por obras de infraestrutura (pontes, represas, linhas de metrô e teleféricos). Sem embargo, a maioria dela está muito longe da sua conclusão, apesar de que diversas delas hajam sido pagas integralmente. A ex-Procuradora-Geral indicara que havia indícios de que pelo menos 20 funcionários, ex-funcionários e parentes respectivos tenham recebido propina, em troca da concessão dos contratos para a empresa.
               Embora a sentença não ofereça motivo algum para  a paralisação das obras - muito ao contrário, ela afirma que "estão paralisadas sem justificativa" - no setor de construção se garante que os atrasos nos pagamentos pelo governo e, previsíveis razões, as investigações que sob a responsabilidade da Procuradora e problemas com entrega de material impediram a empresa de cumprir com suas obrigações, dentro dos prazos previstos.
                   Dadas as condições da economia, não surpreende que na Venezuela a escassez não seja apenas de alimentos e remédio, mas também de material de construção, como cimento e vigas de aço, apesar de serem de fabrico nacional.
                    Por óbvias razões - a investigação  pela Procuradora-Geral Ortega  que  vinha sendo realizada no que tange à Odebrecht está ameaçada de paralisação.
                    Ontem, o novo Procurador-Geral, Tarek William Saab, nomeado pela notória Assembléia Constituinte sob a presidência de Delcy Rodriguez, não só anunciou a destituição de Pedro Lupera e seu auxiliar, Luis Sanchez, mas também providenciou a detenção de ambos, por supostamente participarem de  rede de procuradores que extorquiam dinheiro e chantageavam pessoas e, por isso, devem prestar contas à Justiça.
                      Na verdade,  Lupera e Sánchez estavam encarregados de investigar a Odebrecht. Foram eles que, no início de agosto,viajaram a Salvador para encontro com o publicitário João Santana e sua companheira, Monica Moura, com o escopo de obter em informações sobre  suposto financiamento ilegal da última campanha de Chávez de parte da Odebrecht e outras empresas brasileiras. A dupla também buscava provas  dos subornos pagos pela companhia a funcionários chavistas em troca de fraudados contratos milionários. Fontes do Judiciário garantem que ambos não voltaram  à Venezuela.  Saab também requereu  a prisão preventiva do deputado  German Ferrer, marido de  sua antecessora no cargo, acusando-o de ser o "o líder desse bando de chantagistas". Depois disso, a residência de Ortega e Ferrer em Caracas foi invadida pela polícia, afirmou a ex-procuradora que não estava no local.
                           Não surpreende que a investigação, na verdade, haja sido pedida por Diosdado Cabello, homem forte do chavismo, que segue métodos gangsteristicos.  Por isso, e diante da ameaça de Lupera e Sanchez de investigarem a Odebrecht e suas conexões com os governantes - Diosdado terá tratado de denunciar por antecipação  a Procuradoria  que se "transformou por culpa da administração anterior, em grande centro de chantagem e corrupção", afirmando que "procuradores extorquiam empresários, detentos. Temos gravações".
                        Consultada a respeito das acusações contra o marido, a mulher de Lupera afirmou: "Como eles temem o caso Odebrecht..."


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

Nenhum comentário: