quarta-feira, 9 de agosto de 2017

A Escalada de Maduro

                    
                              
       Apesar de bisonho e violento,  o esquema do ditador Maduro de implantar a ditadura chavista - em mistura de força bruta, desrespeito aos princípios democráticos e de cinismo - acha-se em pleno desenvolvimento.
       Os deputados da Assembléia Legislativa - os legítimos, porque eleitos em eleições regulares, e na disputa partidária - foram impedidos de adentrar o prédio do Parlamento, como se fosse espaço a que não tivessem direito de ingressar.
       Por outro lado, a vis ditatorial - ou o que vai no bestunto de Nicolas Maduro - não admite resistências ou exceções. A Chefa da Constituinte, Delcy Rodriguez contou com apoio militar para apossar-se, na noite de segunda, do salão de sessões do Parlamento.
      Além disso, a chamada Comissão da Verdade deverá virar uma espécie de comissão estalineana (Cf. os expurgos determinados pelo ditador Stalin, em que foram executados vários líderes revolucionários na década de trinta do século passado.  
        Segundo o ditador, a Comissão da Verdade pode julgar qualquer um, o que configura poder discricionário em tese absoluto. Na História, se tivessem algum nível Maduro e seu bando, só há dois exemplos similares, e que marcaram a orgia assassina de regime enlouquecido pelo poder absoluto na luta das facções. Maduro pode escolher entre Fouquier Tinville, o presidente do Tribunal Revolucionário, em que a convocação do suspeito anunciava a sua próxima ida à Praça da Concórdia e à guilhotina; e o Camarada Joseph  Stalin, que, tangido pela paranóia, prendia e julgava os antigos companheiros revolucionários, que deviam confessar os próprios desvios antes de marcharem para o pelotão de fuzilamento.
          O sinistro TSJ - Tribunal Supremo de Justiça - em sessões na madrugada condenou o prefeito de Chacao, Ramón Muchacho (julgado in absentia pois está foragido) a quinze meses de prisão, sua destituição do cargo e sua inabilitação política (espécie de cassação, conforme a prática da justiça militar de nossos militares). Muchacho, cujo paradeiro é desconhecido, divulgou na sua conta do Twitter um comunicado: "Nos condenam por fazer nosso trabalho, por garantir o legítimo direito aos protestos pacíficos e ao exercício dos direitos civis e políticos dos venezuelanos. Nos condenam por lutar por uma mudança na Venezuela."
           Em escalada na sua estratégia de pressionar diplomaticamente a Venezuela através da comunidade internacional, ministros do exterior e representantes de doze países decidiram adotar ontem, oito de agosto, um conjunto de medidas para tornar evidente e indiscutível sua condenação aos atos ilegais e de força do governo de Nicolás Maduro.
           Depois do anfitrião da reunião em Lima, Ricardo Luna, discursou o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes: "Essa reunião dá um passo muito importante no rumo do isolamento diplomático de um regime que perdeu a razão e castiga seu povo com o horror da crise econômica, do desabastecimento e da repressão."
            Na "Declaração de Lima", os ministros do exterior de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru afirmam não reconhecer a Assembléia Constituinte, eleita na semana passada, e reiteram seu apoio à Assembleia Nacional, controlada pela Oposição venezuelana. Pela declaração, os atos que dependam da aprovação do Legislativo só serão reconhecidos após aprovados pela Assembleia Nacional.
              Em termos de providências práticas, os ministros concordaram em não apoiar nenhuma candidatura venezuelana em mecanismos de organizações regionais internacionais, e informam que darão prosseguimento à aplicação da Carta Democrática Interamericana, na OEA. Decidiram ainda pedir o adiamento da reunião de cúpula entre a União Européia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, que estava programada para este outubro. Além disso, os chanceleres igualmente asseveraram que "a Venezuela não cumpre com os requisitos nem obrigações dos membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU."
              É de notar-se que além dos países do bloco chavista - Nicarágua, Equador, Bolívia - também não participou da Declaração o Uruguai - decerto por conta da liderança de Mujica -  o que é lamentável, pela obtusidade em negar-se a condenar a violenta ditadura de Nicolás Maduro.
           

(  Fonte: O Estado de S. Paulo  )

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