sábado, 12 de agosto de 2017

Crise Peru x Venezuela

                              

        O Peru vem assumindo, através de seu presidente Pedro Pablo Kuczynski, uma enérgica postura contra o regime de Nicolás Maduro, que  se transforma a olhos vistos em  ditadura.
         Para sublinhar a posição contrária do governo peruano à involução do regime chavista, em termos democráticos, o presidente Kuczynski determinou a expulsão do embaixador Diego Molero.
         A decisão do presidente peruano está embasada na seguinte assertiva: "O governo peruano decidiu expulsar o embaixador Diego Molero após ter expressado sua condenação à ruptura da ordem democrática no país."
          Há consenso no Peru para essa radicalização no que tange às relações diplomáticas com Caracas. Essa enérgica iniciativa - que não se cinge à postura tradicional das meias medidas - foi proposta pelo Congresso peruano, no qual tem maioria a oposição, representada pelo partido de Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que cumpre pena de 25 anos de prisão, por corrupção e crimes contra a Humanidade.

           Distanciando-se dos moderados na América Latina, diante das brutais mortes de demonstrantes na Venezuela, caçados como virtuais criminosos, e a quem se procura covardemente intimidar com longas penas na prisão por ousarem participar de pacíficas demonstrações contra o corrupto governo chavista de Maduro, o Presidente Kuczynski criticou acerbamente o ditador venezuelano, evitando a tônica do apelo à diplomacia e seus instrumentos habituais, que no caso podem ser entendidos como chavões sem sentido para quem menospreza os recursos diplomáticos.

              Recentemente,  o ditador venezuelano chamara Kuczynski de "cão covarde a serviço do imperialismo". Em resposta, o presidente peruano afirmou:  "Não me encontrarei com Maduro. Minha mensagem é: renuncie."

              De toda forma, a deriva do regime chavista para a ditadura é sublinhada pelo posição do Peru. Foi exposta a infame manobra de instalar  assembléia constituinte, sem abrangente apoio popular, e, na prática, restringindo  seus membros aos chavistas, com a fraude tão sanhuda quanto distanciada da realidade, a fim de preparar o afastamento da Assembléia Legislativa, com larga maioria da Oposição, o que apenas reflete o quanto o chavismo e o próprio Maduro são minoritários perante o Povo da Venezuela. A Constituinte de Maduro reflete a fraude imperante, o que se espelha tanto no seu apoio popular (restrito a uma parcela minoritária da população), e destituída, por conseguinte, de qualquer autoridade para arrotar normas e pretender sufocar a posição democrática majoritária, através dos infames truques da fraude eleitoral sem quaisquer barreiras.

               Diante de uma ruptura tão larga entre a realidade - que é assim vista não só pela oposição majoritária, mas pela maior parte dos governos livres da América Latina - torna-se cada vez mais difícil julgar possível negociar com o atual governo ditatorial de Maduro, em que a incompetência administrativa é apenas uma das partes do flagelo que fustiga o infeliz Povo venezuelano.


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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