O governo da Colômbia
entrou ontem em alerta por causa das três semanas de exercícios militares que a
Venezuela começou a fazer na fronteira entre os dois países. O alerta foi anunciado pelo Conselheiro de Direitos Humanos e
Assuntos internacionais da Presidência, Francisco Barbosa.
É realmente estranhíssimo em que o
governo chavista de Nicolás Maduro entre num jogo bastante fora da realidade,
como parecem ser os exercícios militares venezuelanos previstos para durarem
um tempo imprecisado junto da longa fronteira com a Colômbia.
Não se trata, de acordo com o
conselheiro de Direitos Humanos e Assuntos Internacionais da presidência da Colômbia, Francisco Barbosa, de algo que tenha a
ver com a realidade. Segundo Barbosa, a Colômbia não entrará na "histeria do chavismo" que "faz
esse tipo de anúncio militar sempre que precisa ganhar apoio interno".
O conselheiro do Presidente da Colômbia, Ivan Duque, disse
que Bogotá acompanha com atenção o que
está ocorrendo na fronteira, mas sublinhou
que o seu país resolve os
problemas que têm com os vizinhos com diplomacia.
A vice-presidente colombiana, Marta
Lucia Ramirez, disse ontem, dez de setembro, que a Colômbia não cairá em
provocações do regime de Nicolás Maduro "pois não é um país
belicista". Ela também afirmou que seu governo vem tentando reativar o
Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), para "evitar
qualquer tipo de ação criminosa e qualquer tipo de provocação militar".
Como se sabe, o Tiar é um acordo
regional de defesa militar mútua que fornece base legal para eventual
intervenção externa. O acordo em tela é firmado pelos governos do Brasil,
Argentina, Bahamas, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, El Salvador,
Guatemala, Haiti, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana,
Trinidad e Tobago, Uruguai e Cuba.
Na segunda-feira à noite, o
Departamento de Estado informou que os Estados Unidos da América e outros
países da região estariam invocando o Tiar. "Onze países, incluindo os
Estados Unidos e o governo interino de Juan Guaidó estão solicitando a
invocação do Tiar para confrontar a crise que Maduro provocou."
Na semana passada, o
presidente venezuelano determinou a realização dos exercícios militare na
fronteira com a Colômbia. Na ocasião, o chavista afirmou que mandaria instalar
um sistema de mísseis na região para se defender de um possível ataque do país
vizinho. Mais de três mil soldados foram mobilizados, segundo o Governo
venezuelano.
Após o anúncio das
manobras militares, Duque afirmou que Maduro "deveria deixar as bravatas
de lado e se preocupar em alimentar a população venezuelana". Ontem,
Barbosa garantiu que o Presidente da Colômbia denunciará , na Assembleia-Geral
das Nações Unidas, no fim de setembro, que Maduro dá proteção a grupos armados
ilegais, como o Exército de Liberação Nacional (ELN) e dissidentes da Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia ( FARC).
Na madrugada de ontem,
dez de setembro, Maduro voltou a acusar a Colômbia de espionagem, mas sem apresentar quaisquer provas. "Nos últimos três meses, eles tentaram, a
partir da inteligência do governo colombiano, cooptar sub-oficiais e oficiais
venezuelanos para afetar nosso sistema de radares, nosso sistema de defesa
aérea e o sistema de mísseis",. afirmou Maduro. "Felizmente,os
serviços de inteligência e o moral entre
nossos soldados pode deter e afastar estas pretensões de penetrar a
capacidade de defesa da Venezuela."
Documentos do Serviço
de Inteligência Militar da Venezuela (Sebin), divulgados no domingo pela
revista colombiana Semana indicam que guerrilheiros dos ELN e das Farc não apenas têm refúgio na
Venezuela, mas também contam com
proteção do Exército, treinamento e abastecimento de armas por ordem de Maduro.
Essa denúncia
de proteção é antiga. O ex-presidente colombiano Alvaro Uribe já
suspeitava de que o então presidente
Hugo Chávez dava proteção às FARC dentro
da Venezuela. Um laudo da Interpol, de maio de 2008, ligou o chavismo à
guerrilha com base em dados encontrados em computadores de um dos chefes das
FARC, Raul Reyes, que morreu em um ataque do exército colombiano a um
acampamento da guerrilha no Equador.
Nota. Quanto à seriedade dessa suposta ameaça da
Venezuela chavista contra a Colômbia, e
a alegada ordem de Nicolás Maduro: "Chegou a hora de defender nossa
soberania" Terá sido deste modo que Nicolás Maduro anunciou ontem o início
da mobilização de 150 mil homens na fronteira com a Colômbia.
Ainda haveria a esclarecer que
papel - se existe algum - estaria assumindo o governo da Federação Russa, na
pessoa do Presidente Vladimir Putin, supostamente com a disponibilização de
armas e outros instrumentos militares, nessa estranha montagem da mobilização
do exército venezuelano contra a suposta ameaça da Colômbia.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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