quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Um estranho exercício militar


                                   
       O governo da Colômbia entrou ontem em alerta por causa das três semanas de exercícios militares que a Venezuela começou a fazer na fronteira entre os dois países.  O alerta foi anunciado  pelo Conselheiro de Direitos Humanos e Assuntos internacionais da Presidência, Francisco Barbosa.
         É realmente estranhíssimo em que o governo chavista de Nicolás Maduro entre num jogo bastante fora da realidade, como parecem ser os exercícios militares venezuelanos previstos para durarem um tempo imprecisado junto da longa fronteira com a Colômbia.
           Não se trata, de acordo com o conselheiro de Direitos Humanos e Assuntos Internacionais  da presidência da Colômbia, Francisco Barbosa, de algo que tenha a ver com a realidade. Segundo Barbosa, a Colômbia não entrará  na "histeria do chavismo" que "faz esse tipo de anúncio militar sempre que precisa ganhar apoio interno".
           O conselheiro  do Presidente da Colômbia, Ivan Duque, disse que Bogotá acompanha com atenção  o que está ocorrendo na fronteira, mas sublinhou  que o seu país resolve  os problemas que têm com os vizinhos com diplomacia.
           A vice-presidente colombiana, Marta Lucia Ramirez, disse ontem, dez de setembro, que a Colômbia não cairá em provocações do regime de Nicolás Maduro "pois não é um país belicista". Ela também afirmou que seu governo vem tentando reativar o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), para "evitar qualquer tipo de ação criminosa e qualquer tipo de provocação militar".
             Como se sabe, o Tiar é um acordo regional de defesa militar mútua que fornece base legal para eventual intervenção externa. O acordo em tela é firmado pelos governos do Brasil, Argentina, Bahamas, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Trinidad e Tobago, Uruguai e Cuba.
               Na segunda-feira à noite, o Departamento de Estado informou que os Estados Unidos da América e outros países da região estariam invocando o Tiar. "Onze países, incluindo os Estados Unidos e o governo interino de Juan Guaidó estão solicitando a invocação do Tiar para confrontar a crise que Maduro provocou."
                  Na semana passada, o presidente venezuelano determinou a realização dos exercícios militare na fronteira com a Colômbia. Na ocasião, o chavista afirmou que mandaria instalar um sistema de mísseis na região para se defender de um possível ataque do país vizinho. Mais de três mil soldados foram mobilizados, segundo o Governo venezuelano.
                       Após o anúncio das manobras militares, Duque afirmou que Maduro "deveria deixar as bravatas de lado e se preocupar em alimentar a população venezuelana". Ontem, Barbosa garantiu que o Presidente da Colômbia denunciará , na Assembleia-Geral das Nações Unidas, no fim de setembro, que Maduro dá proteção a grupos armados ilegais, como o Exército de Liberação Nacional (ELN) e dissidentes da Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ( FARC).
                          Na madrugada de ontem, dez de setembro, Maduro voltou a acusar a Colômbia de espionagem,  mas sem apresentar quaisquer provas.  "Nos últimos três meses, eles tentaram, a partir da inteligência do governo colombiano, cooptar sub-oficiais e oficiais venezuelanos para afetar nosso sistema de radares, nosso sistema de defesa aérea e o sistema de mísseis",. afirmou Maduro. "Felizmente,os serviços de inteligência e o moral entre  nossos soldados pode deter e afastar estas pretensões de penetrar a capacidade de defesa da Venezuela."
                               Documentos  do Serviço  de Inteligência Militar da Venezuela (Sebin), divulgados no domingo pela revista colombiana Semana   indicam que guerrilheiros  dos ELN e das Farc não apenas têm refúgio na Venezuela, mas também  contam com proteção do Exército, treinamento e abastecimento de armas por ordem de Maduro.
                                  Essa denúncia de proteção é antiga. O ex-presidente colombiano Alvaro Uribe já suspeitava  de que o então presidente Hugo Chávez dava  proteção às FARC dentro da Venezuela. Um laudo da Interpol, de maio de 2008, ligou o chavismo à guerrilha com base em dados encontrados em computadores de um dos chefes das FARC, Raul Reyes, que morreu em um ataque do exército colombiano a um acampamento da guerrilha no Equador.
Nota.  Quanto à seriedade dessa suposta ameaça da Venezuela chavista contra  a Colômbia, e a alegada ordem de Nicolás Maduro: "Chegou a hora de defender nossa soberania" Terá sido deste modo que Nicolás Maduro anunciou ontem o início da mobilização de 150 mil homens na fronteira com a Colômbia.
              Ainda haveria a esclarecer que papel - se existe algum - estaria assumindo o governo da Federação Russa, na pessoa do Presidente Vladimir Putin, supostamente com a disponibilização de armas e outros instrumentos militares, nessa estranha montagem da mobilização do exército venezuelano contra a suposta ameaça da Colômbia.

( Fonte: O Estado de S. Paulo  )                      

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