O uso de armas químicas
por Bashar al-Assad é fato notório. Nesse sentido o novo Secretário de Estado,
Mike Pompeo, acusou o ditador de haver ordenado um ataque com armas químicas:
"O regime de Assad é responsável por inúmeras atrocidades, algumas das
quais chegam ao patamar de crimes de guerra e crimes contra a Humanidade. Hoje
anuncio que os Estados Unidos concluíram que o regime usou gás de cloro, uma
arma química, no dia 19 de maio."
Tal pronunciamento, feito à margem da
Assembleia Geral das Nações Unidas, se reporta à ataque dirigido contra
rebeldes na província de Idlib. O bombardeio seria o primeiro uso de armas
químicas de parte do governo sírio desde a operação militar promovida pelos Estados Unidos, França e Reino Unido,
em abril de 2018.
Pompeo revelou que a Casa Branca dará
US$ 4,5 milhões para a Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq),
para investigar outros possíveis ataques químicos por Assad. Há fundadas
suspeitas que Assad atacou com armas químicas civis sírios, em maio último, no
noroeste da Síria.
O governo do Presidente Trump
bombardeou a Síria em duas oportunidades, pelos ataques químicos realizados
pelo ditador Assad - a quem Putin, como se sabe, tem apoiado. O primeiro fora
em resposta à utilização do gás sarin, a 4 de abril de 2017, pelo governo Assad,
na mesma província de Idlib. A resposta estadunidense, ordenada por Trump, foi
com mísseis Tomahawk, contra base
aérea síria.
Assad é reincidente no uso de armas
químicas, que.de resto, é proibido internacionalmente. Em abril de 2018, Assad
voltou a recorrer às armas químicas, contra o próprio povo. Desta feita foi
utilizado o gás de cloro, em um ataque a Douma, que é subúrbio de Damasco!
Dezenas de civis morreram.
A resposta do Ocidente foi
severa. Estados Unidos, França e Reino Unido lançaram bombardeio contra três
alvos ligados ao programa sírio de armas químicas. Na ocasião, a ONG Human
Rights Watch documentara pelo menos 85 ataques com armas químicas na Síria desde 2013.
Em outubro de 2018, a BBC
documentou evidências suficientes para pelo menos 106 ataques químicos na
Síria, desde setembro de 2013, quando Assad assinou a Convenção de Armas
Químicas. O tratado proíbe a produção, estocagem e o uso
desse tipo de armamento. A fortiori, ao firmar o referido pacto o
Tirano Assad concordou em destruir as
armas químicas que ainda lhe restavam.
A guerra civil na Síria, que prossegue
desde 2011, deixa mais de 370 mil mortos. Nos primeiros tempos, o tirano Assad
parecia derrotado. Isolado em Damasco, os rebeldes avançaram pelo interior do país. A partir de 2014, o conflito se acirra, com o
ingresso do chamado Estado Islâmico nos domínios de Assad, a que se seguem dias
de apogeu, em que o E.I.se vale da desordem \pregressa, para instaurar o próprio califado em amplos
espaços do território antes soberano daquele país.
O agravamento da situação
na Síria, com o crescimento do Estado Islâmico, acaba arrastando os Estados
Unidos para o conflito, em que conta com a ajuda de aliados tradicionais, como
a França, Reino Unido, Austrália e Alemanha, que intervieram em apoio aos
rebeldes, e contra o EI, já a partir de
setembro de 2014.
Entrementes, Assad não
tem outra saída senão bater às portas do Kremlin, em que, em troca do
sacrifício de bases em território sírio, convence Vladimir Putin em prestar-lhe
ajuda. Nesta hora, o ditador sírio vê
inimigos por toda a parte, e não lobriga, por conseguinte, outra saída senão
cortar no próprio território, com gravosas cessões ao oportunista aliado Putin,
para obter nessa hora em que os seus inimigos se avantajam a ajuda
que crê indispensável para que possa sequer pensar ter possibilidades de vencer
o desafio colocado pelo E.I. e os rebeldes, apoiados estes pelo Ocidente.
A longa campanha que
envolve o Exército Islamico, a Siria de Bashar al-Assad e boas parcelas do
Iraque, além da ajuda generosa do povo curdo, ainda que nem sempre atendida na sua justa medida, se
vai encaminhando para a eventual reversão do panorama militar, com a
preponderância de um Assad, "aliado" de Putin, a Turquia sob a
ditadura de Recep Tayyip Erdogan, a par dos Estados Unidos, hoje sob o timão
por vezes errático de Donald Trump, que entra em um novo ciclo eleitoral, com a
ameaça de um processo de impeachment,
que constitucionalmente deve iniciar-se na Câmara de Representantes, hoje sob a
direção de Madam Speaker Nancy Pelosi, mas com a enorme barreira do
Senado, em que Trump dispõe de maioria.
É verdade que nem sempre
tais maiorias logram prevalecer diante dos arrecifes das campanhas eleitorais e
da consequente revelação de eventuais segredos que tornam arriscado às maiorias
ocasionais teimarem em prosseguir no mesmo curso, diante do pressago desafio
das condenações da opinião pública. Na política, existe a velha máxima que
devem perder toda a esperança àqueles
que se aferram às contaminadas alianças a que uma sucessão de incômodas
verdades vai arrebatando toda e qualquer visão de sobrevivência dentro de um
condenado esquema de forças políticas. Quem quer porventura submeter-se à
terrível advertência do poeta: abandonai toda esperança vós que adentrais esse
terrível espaço?
"Fontes: Dante Alighieri "La Commedia",
"Dante - The Limits of the Law", Justin Steinberg"; O Estado de S. Paulo; cobertura da guerra na Síria.
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