quinta-feira, 12 de setembro de 2019

A dengue aumenta 600% no Brasil


                 

        Não é um bom anúncio, mas creia-me, leitor, não o faço com prazer. Pois a dengue é um estranho sinônimo de subdesenvolvimento. Não é que para essa terra, a antiga Santa Cruz, o nome ela o deve à sua principal exportação, tão logo Cabral e seus conterrâneos lusos por cá passaram, a princípio vestidos em costumes de golas altas, nada adequados para o calor imperante. E é com a canícula que o Aedes Aegypti volta...        

             A cada verão - e, nos trópicos, essa estação não dá muita importância às regras europeias em termo de sazões. É o tempo do calor, o mosquito vetor já dispõe de suas defesas para atuar não só no período estival, mas também em outras estações que lhe dão a necessária entrada para valendo-se dos descuidos privados e das ausências públicas, para puxar um tapete sujo que, graças à aliança entre a miséria e a doença, se prodiga em uma diversificação sinistra - que torna os trópicos ainda mais tristes, e a terrível dengue - que nossos antepassados não conheciam - vai assumindo caras hediondas, trazendo a zika (que ao afetar as grávidas, faz com que os bebês nasçam sem cérebro) a chicungunha (que se porventura contraída, traz dores mil às juntas dos infelizes enfermos), e para os menos imaginosos, a conservadora dengue, que, ao que dizem, já reponta em muitas partes, com febrão e dores.  
                 Como já faz tempo que essa guerra não declarada existe, enquanto persistem as campanhas, os esquadrões de mata-mosquitos, e toda a parafernália social que repercute nos jornais e nos anúncios que se espalham nas ruas ensolaradas, a atmosfera sob o jugo do astro-rei, traz a canícula e aquela modorra que a gente do lugar já conhece bem, enquanto uns grupos espalhados vêem com  olhar vazio mais um dia passar...

( Fontes: O Estado de S. Paulo, leituras vadias )

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