domingo, 29 de setembro de 2019

Os setenta anos da RPC


                                  

      A República Popular da China atinge nesta semana os setenta anos de sua fundação por Mao Zedong e sua geração.  A RPC tem óbvia dificuldade em fruir do chamado soft power, termo criado por Joseph Nye, relativo à atração exercida por aspectos  de sociedade, política e cultura suscetíveis a influenciar outras nações.
        Enquanto à RPC se refere, o desempenho econômico não se afigura suficiente para criar simpatias e aplacar críticas  em áreas como direitos humanos e disputas territoriais. Nesse sentido,"muito do que o governo chinês e o PCC fazem para afetar a narrativa do país tem dimensão mais encoberta, corrupta ou coercitiva. Alguns analistas chamam até de 'sharp power', afirma Sarah Cook, pesquisadora da Freedom House, em entrevista ao Estado.
           O PCC tem consolidado seus esforços ultimamente para expandir estratégias  e influenciar governos estrangeiros e instituições globais, como as Nações Unidas, explica Ms. Cook. Segundo tal interpretação, tais esforços cresceram primo, na liderança de Hu Jintao e sobretudo com o maoísta Xi Jinping.
   
          Segundo Cook, o foco desses esforços tem sido os países em desenvolvimento, que têm recebido vultosas quantias em investimentos e transações comerciais. Sem embargo, se algumas das atividades são transparentes e projetariam visão positiva da RPC, outras, segundo a analista não poderia ser chamadas de soft power.
             Dessarte, temos exemplo do esforço diplomático  da China, i.e. quando duas ilhas do Pacífico Sul, Ilhas Salomão e Kiribati, romperam relações diplomáticas com Taiwan e as estabeleceram com a RPC. Dessarte, Taiwan viu reduzido a apenas quinze os países com quem mantém relações. Essas duas pequenas ilhas foram as últimas a ceder à pressão econômica da RPC (dispõe de plano de assistência de US$ 1,78 bilhão para o sul do Pacífico, agora como doadora só atrás de EUA e Austrália.)
              Para o professor Alexandre Ratsuo Uehara, coordenador do Centro  Brasileiro de Estudos de Negócios Internacionais e Diplomacia Corporativa da ESPM, na história recente houve duas maneiras  de as nações tentarem atingir  posição de liderança. Sempre segundo a interpretação de Uehara,  tal ocorreu sem sucesso com a RFA, França e Japão. No outro vertente, estariam o Reino Unido e os EUA.

               Na verdade,  atravessamos  um período de transição histórica, mas seria a meu ver prematuro tentar definir papéis em um momento fluído, em que os dois principais poderes, por um lado os Estados Unidos - que ainda é a Superpotência -, e por outro surge um novo contendor na cena mundial, que é a RPC. Há entre esses dois grandes países diferenças marcantes, que são tão óbvias que dispensam maiores especificações.                
                Deixemos para a História futura o trabalho que a ela pertence. Por enquanto, nos cabe referir o momento presente. E eventuais modificações que por ele sejam determinadas, podem induzir-nos a avaliações a que falta a necessária perspectiva.


 (  Fontes: O Estado de S. Paulo, e subsidiariamente, Mao, de Jung Chang; Prisoner of  the State - The Secret Journal of  Premier Zhao Ziyang; The People\' s Republic of Amnesia - Tiananmen Revisited,  by Louisa Lim)

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