A
República Popular da China atinge nesta semana os setenta anos de sua fundação
por Mao Zedong e sua geração. A RPC tem
óbvia dificuldade em fruir do chamado soft power, termo criado por Joseph
Nye, relativo à atração exercida por aspectos
de sociedade, política e cultura suscetíveis a influenciar outras
nações.
Enquanto à RPC se refere, o desempenho econômico não se afigura
suficiente para criar simpatias e aplacar críticas em áreas como direitos humanos e disputas
territoriais. Nesse sentido,"muito do que o governo chinês e o PCC fazem
para afetar a narrativa do país tem dimensão mais encoberta, corrupta ou
coercitiva. Alguns analistas chamam até de 'sharp power', afirma Sarah Cook,
pesquisadora da Freedom House, em
entrevista ao Estado.
O
PCC tem consolidado seus esforços ultimamente para expandir estratégias e influenciar governos estrangeiros e
instituições globais, como as Nações Unidas, explica Ms. Cook. Segundo tal
interpretação, tais esforços cresceram primo,
na liderança de Hu Jintao e sobretudo com o maoísta Xi Jinping.
Segundo Cook, o foco desses esforços tem sido os países em
desenvolvimento, que têm recebido vultosas quantias em investimentos e
transações comerciais. Sem embargo, se algumas das atividades são
transparentes e projetariam visão positiva da RPC, outras, segundo a analista
não poderia ser chamadas de soft power.
Dessarte, temos exemplo do esforço diplomático da China, i.e. quando duas ilhas do Pacífico
Sul, Ilhas Salomão e Kiribati, romperam relações diplomáticas com Taiwan e as
estabeleceram com a RPC. Dessarte, Taiwan viu reduzido a apenas quinze os países com quem mantém
relações. Essas duas pequenas ilhas foram as últimas a ceder à pressão
econômica da RPC (dispõe de plano de assistência de US$ 1,78 bilhão para o sul
do Pacífico, agora como doadora só atrás de EUA e Austrália.)
Para
o professor Alexandre Ratsuo Uehara, coordenador do Centro Brasileiro de Estudos de Negócios Internacionais
e Diplomacia Corporativa da ESPM, na história recente houve duas maneiras de as nações tentarem atingir posição de liderança. Sempre segundo a
interpretação de Uehara, tal ocorreu sem
sucesso com a RFA, França e Japão. No outro vertente, estariam o Reino Unido e
os EUA.
Na verdade, atravessamos um período de transição histórica, mas seria
a meu ver prematuro tentar definir papéis em um momento fluído, em que os dois
principais poderes, por um lado os Estados Unidos - que ainda é a Superpotência
-, e por outro surge um novo contendor na cena mundial, que é a RPC. Há entre
esses dois grandes países diferenças marcantes, que são tão óbvias que
dispensam maiores especificações.
Deixemos para a História futura o trabalho que a ela pertence. Por
enquanto, nos cabe referir o momento presente. E eventuais modificações que por
ele sejam determinadas, podem induzir-nos a avaliações a que falta a necessária
perspectiva.
( Fontes:
O Estado de S. Paulo, e subsidiariamente, Mao, de Jung Chang; Prisoner of the State - The Secret Journal of Premier Zhao Ziyang; The People\' s Republic of Amnesia - Tiananmen Revisited, by Louisa Lim)
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