Leitor amigo, as palavras quando oportunas, não se deveria deixá-las
dormitar no dicionário.O comportamento do atual Primeiro Ministro do Reino
Unido, Boris Johnson, é exemplo
disso. Pois o Houaiss nos vem em
ajuda, quando trata do verbete energúmeno
: sendo o primeiro significado obsoleto (possuído pelo demônio, possesso).
Já a
segunda acepção, em pleno uso: indivíduo que, exaltado, grita e gesticula excessivamente. Mas é a terceira que cai como uma luva:
indivíduo desprezível, que não merece confiança; boçal, ignorante.
O
próprio modo de agir nessa crise do Primeiro Ministro nos mostra que não se
pejou em arrancar da idosa Rainha a autorização para cerrar por um tempo o
Parlamento, valendo-se de argumentos falsos e mendazes para
obter o que desejava. Não é necessário mergulhar na leitura do comportamento de
antecessores de Johnson, para que o expectador se dê conta da pouca dignidade
deste ocupante de um posto, em que é preferível não intentar comparações, pelo
que trariam de chão, desfavorável e, em verdade, inconveniente, se tivermos
presente os excessos que vem perpetrando esse senhor.
A atitude e o comportamento de Boris Johnson é uma mescla de reações que
vão do desconexo à absoluta falta de conexão com realidade que, diante dele
surge, claramente acima de sua capacidade
de enfrentá-la e, sobretudo, compreendê-la.
Se se carece de ulterior referência, a menção da deputada Jo Cox
parece bastante para descrever-lhe a
total falta de sentimento e humana compreensão. Dizer que a parlamentar é u'a martir do Brexit mostra que Sua Excelência ou é torpe, ou leva
o próprio atabalhoamento a extremos de insensibilidade.
Diante desse desafio, e a sua manifesta incapacidade de lidar com tal monstro
que ele tanto contribuíu para invocar e torná-lo desgraçadamente real, o Parlamento deve conscientizar-se - e pode
fazê-lo com a ajuda, seja da família, seja dos próprios companheiros de partido
- que Sua Excelência está tristemente incapacitado para enfrentar o presente desafio, o qual -
pelas suas características toynbeeanas
- se acha demasiado acima de suas faculdades mentais e emocionais.
(
Fontes: A.J. Toynbee; The Economist; O
Estado de S. Paulo )
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