O primeiro ministro de Israel, Binyamiu
Netanyahu e o general Benny Gantz iniciaram a 23
de setembro negociações para formar entre eles um governo de coalizão em
Israel. Como se esperava, a iniciativa do encontro para encaminhar a formação do
governo de coalizão partiu do presidente israelenso, Reuven Rivlin. O modelo a
ser seguido estaria no precedente da coalizão entre o trabalhista Shimon Peres e o conservador Yitzhak
Shamir, do Likud, entre 1984 e
1988, cada um chefiando o governo por dois anos alternados.
Hoje a principal divergência seria quem
ficará primeiro à frente do governo. O partido de Gantz, o Azul e Branco, terminou a eleição com 33 deputados, dois a mais
do que o Likud, de Netanyahu, que
ficou com 31 - de um total de 120 lugares.
Juntos, portanto, os dois rivais obteriam maioria sem carecer de partidos
menores.
Sem embargo, a vantagem de dois
deputados de Gantz se desfaz quando computados os dois blocos do Parlamento. O
grupo que apóia Netanyahu é maior. A coalizão de direita do atual primeiro
ministro teria recebido apoio de 55 deputados. A centro-esquerda de
Gantz, chegou a ter 57 votos, incluindo os treze
da Lista Árabe, que havia decidido apoiá-lo. Ontem, porém, três deputados árabes
esclareceram que não apoiariam o ex-general, tirando da oposição a vantagem...
A política israelense é ainda mais
sinuosa do que a de outros países. As mudanças de posição - inclusive
estranhíssimas alianças - só são compreensíveis em cenários muito especiais.
Em um contexto amplo, apesar da
imagem simbólica de Gantz e Netanyahu apertando as mãos, a par do otimismo de
Rivlin, os estrategistas dos dois partidos demonstraram ontem que um acordo ainda está distante. Assim, uma
das promessas de campanha de Gantz era a de não governar com Netanyahu:
"Não vamos abrir mão do nosso direito de liderar a coalizão."
De outra parte, vários líderes
do Likud mantiveram a promessa de
governar com os ultraortodoxos e de negociar em conjunto qualquer coalizão de
governo. "Estou comprometido com aquilo que prometi", disse
Netanyahu, após a reunião de ontem. O problema está em que Gantz representa um grupo
político secular que rejeita o contubérnio com a participação dos religiosos no
gabinete.
A par disso, pesa sobre
Netanyahu o risco - e, mesmo, a ameaça - de ser indiciado ainda em 2019, como é
notório, em três casos de corrupção, o que poderia inviabilizar os três últimos
anos de governo, caso o premier venha a ser condenado e preso. Outra
dificuldade a ser contornada é a rejeição de vários membros do Likud em
trabalhar com Yair Lapid, número 2 do Partido de Gantz.
Prazos.
Netanyahu e Gantz terão agora seis semanas para formarem uma coalizão de
governo. Se não conseguirem, Rivlin pode escolher um dos dois para tentar
negociar com os outros partidos - até que todas as opções se esgotem e uma nova
eleição seja convocada. "Qualquer acordo entre Gantz e Netanyahu
requer um nível de confiança mútua que
eles não têm", disse Gideon
Rahat, analista do Israel Democracy Institute. Sem esquecer por fim, que há
outra ameaça contra a aliança, partindo do lado do Likud e especificamente, dos
prazos judiciais contra o Primeiro Ministro Bibi Netanyahu e as contas que têm
que prestar com a Justiça israelense, e o seu incorruptível Procurador-Geral.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário