terça-feira, 10 de setembro de 2019

Aras se compromete com pauta evangélica


                        
         Indicado pelo Presidente Bolsonaro para a P.G.R., Augusto Aras foi o único candidato a sucessor de Raquel Dodge a se comprometer  com uma série de "valores cristãos", previstos em Carta da Associação Nacional de Juristas Evangélicos. (Anajure)
             Entre eles, na lista defendida pela associação estão a manutenção dos símbolos religiosos em repartições públicas, monumentos públicos com conotação religiosa, feriados religiosos e a menção a "Deus" no preâmbulo do texto constitucional.
              O documento declara, outrossim, que o Poder Judiciário deve abster-se de atuar como legislador. Para a entidade, o Ministério Público deve ter sua atuação limitada às funções institucionais, evitando condutas 'personalistas', em operações como a Lava-Jato   - ideia já exposta por Aras.

              Bolsonaro prometeu editar projeto de lei para proibir "ideologia de gênero", no ensino fundamental. Há dez ações no STF questionando a constitucionalidade de leis estaduais e municipais que versam sobre a mesma vedação  a orientações sobre sexualidade e gênero  nas escolas. Sete delas foram propostas pela PGR. Para a Anajure, as leis devem ser reconhecidas como válidas.

                " Há uma desconstrução de valores morais nos últimos anos, a imposição de uma agenda contrária ao pensamento de pais e famílias, da Igreja. E isso não é bom.", afirmou Santana. Ele disse que a Anajure (Associação Nacional de Juristas Evangélicos) não deseja "impor" a sua visão moral ao País, mas busca que ela seja "respeitada". Para ele,o "alinhamento" entre governo e Procuradoria Geral  significa  "estar harmônico sem falta de independência".
                    A carta, outrossim, expõe argumentos contra questões como o aborto e o reconhecimento de família, na esfera pública, composta por uma união homoafetiva. "A instituição familiar deve ser preservada como heterossexual e monogâmica,"
                       A Anajure defende, por outro lado, a possibilidade de realização de tratamentos para "reversão sexual", afirma que os registros públicos devem admitir apenas o gênero binário (masculino e feminino), argumenta em favor do ensino confessional e sugere a criação de cargos de Estado para defender a liberdade religiosa internacionalmente.
                           Num dos trechos, a entidade pede comprometimento  do PGR  com o "mandamento" de que as igrejas "são imunes à cobrança de tributos e assim devem permanecer". O temor de que elas venham a ter as receitas taxadas aumentou por causa do projeto de uma contribuição sobre pagamentos em estudo, com apoio de setores da equipe de Bolsonaro, enquanto o Congresso debate a reforma tributária. Anajure e a Frente Parlamentar Evangélica se articulam para barrar a iniciativa.

                        Aras iniciou ontem corpo a corpo no Senado, onde será sabatinado, em busca de apoio e já começou a montar sua equipe. O subprocurador aposentado Eitel Santiago Pereira confirmou, em redes sociais, que aceitou convite para o cargo de secretário-geral da PGR. "Que Deus abençoe minha decisão."
                          Nas redes, Eitel já pediu vetos de Bolsonaro à Lei de Abuso e já saíu em defesa do regime militar. "Com base em documentos da época e testemunhos de pessoas que participavam ativamente da vida pública naquela quadra da vida nacional, considero mais correto 
posicionamento dos que sustentam  que houve uma revolução em 1964."

Protestos.  

                         Ontem, nove de setembro corrente, líderes do M.P. realizaram atos em defesa da independência da instituição e contra a indicação  de Augusto Aras.  Bolsonaro ignorou a lista tríplice eleita pela categoria.
                          Em Brasília, Mario Bonsaglia, o principal preterido na qualidade de
primeiro colocado na lista resultante da votação dos integrantes da PGR - afirmou  que "preocupa
 a visão de que o Procurador-Geral precisaria ter um programa alinhado do governo".

                            Procurado (pela reportagem do Estadão), Aras não se manifestou.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )       

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