Boris
Johnson, ao voltar a reunir-se o Parlamento, cancelada a suspensão aplicada
pelo Primeiro Ministro, diante da decisão unânime da Suprema Corte, continua, no entanto, a rejeitar um ulterior
adiamento do Brexit.
Johnson, que perdeu a maioria na Câmara dos Comuns, continuou, no
entanto, a aferrar-se a situações pregressas, como se a realidade não tivesse
importância para ele. A incoerência do Premier
se manifesta de forma gritante, por não conformar-se Johnson com a
nova realidade legal.
Com efeito, o Prime Minister prometera
cumprir a Lei e com isso o Reino Unido deixaria a União Europeia a 31 de
outubro. Mas todos sabem que a realidade legislativa no Parlamento agora é
outra. Segundo a legislação aprovada pelos partidos de oposição antes da
suspensão do Parlamento (que a Corte Suprema tornou ilegal), o governo é
obrigado a pedir um adiamento se um acordo de separação não for alcançado com
Bruxelas até o dia 19 de outubro p.f.
É preocupante e mesmo inquietante a postura do Primeiro Ministro em ignorar
solenemente a realidade jurídica legal, que doravante o obriga a pedir esse adia-mento se o dito acordo de separação não fôr alcançado com Bruxelas até o dia 19
de outubro.
O total irrealismo de Johnson
chegou até a manifestar-se na sua estapafúrdia menção da deputada trabalhista
Jo Cox, assassinada, com 41 anos, a facadas e tiros a poucos dias antes da realização do plebiscito,
por um energúmeno, o neonazista Thomas Mair, de 53 anos, que foi por isso
condenado à prisão perpétua. Jo era
adepta da permanência do Reino Unido na U.E. O modo de agir
de Johnson exala uma total falta não só de bom senso, mas também e
sobretudo de realismo, a par do respeito devido a um mártir da liberdade,
enquanto digna trabalhadora, morta com cruel barbárie, por sua defesa dos
ideais do Labour, e pelo que
significara o ingresso na Comunidade Europeia.
Aliás equilíbrio e bom senso
constituem características que não são decerto reforçadas pela educação e o
meio em que circula, com tanta excessiva desenvoltura, esse enfant gâté de sociedade que luta em vão para não ser rotulada
de decadente.
Não faltam razões para
acoimar o iracundo Boris Johnson de um orgulho desmesurado, que se afigura tão
grande a ponto de que se venha a temer possa Sua Excelência cair em uma das
categorias que Herr Doktor Sigmund Freud
tão bem descreve...
( Fonte: O Estado de S.
Paulo )
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