quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Entre brados e berros Boris Johnson assusta os ingleses


                              
        Boris Johnson, ao voltar a reunir-se o Parlamento, cancelada a suspensão aplicada pelo Primeiro Ministro, diante da decisão unânime da Suprema Corte,  continua, no entanto, a rejeitar um ulterior adiamento do Brexit.
          Johnson, que perdeu a maioria na Câmara dos Comuns, continuou, no entanto, a aferrar-se a situações pregressas, como se a realidade não tivesse importância para ele. A incoerência do Premier se manifesta de forma gritante, por não conformar-se Johnson com a nova realidade legal. 
            Com efeito,  o Prime Minister prometera cumprir a Lei e com isso o Reino Unido deixaria a União Europeia a 31 de outubro. Mas todos sabem que a realidade legislativa no Parlamento agora é outra. Segundo a legislação aprovada pelos partidos de oposição antes da suspensão do Parlamento (que a Corte Suprema tornou ilegal), o governo é obrigado a pedir um adiamento se um acordo de separação não for alcançado com Bruxelas até o dia 19 de outubro p.f.
                É preocupante e mesmo inquietante a postura do Primeiro Ministro em ignorar solenemente a realidade jurídica legal, que doravante  o obriga a pedir esse  adia-mento se o dito acordo de separação  não fôr alcançado com Bruxelas até o dia 19 de  outubro.
                  O total irrealismo de Johnson chegou até a manifestar-se na sua estapafúrdia menção da deputada trabalhista Jo Cox, assassinada, com 41 anos, a facadas e tiros  a poucos dias antes da realização do plebiscito, por um energúmeno, o neonazista Thomas Mair, de 53 anos, que foi por isso condenado à prisão perpétua.  Jo era adepta da permanência do Reino Unido na U.E.  O modo de agir  de Johnson exala uma total falta não só de bom senso, mas também e sobretudo de realismo, a par do respeito devido a um mártir da liberdade, enquanto digna trabalhadora, morta com cruel barbárie, por sua defesa dos ideais do Labour, e pelo que significara o ingresso na Comunidade Europeia.
                   Aliás equilíbrio e bom senso constituem características que não são decerto reforçadas pela educação e o meio em que circula, com tanta excessiva desenvoltura, esse enfant gâté de  sociedade que luta em vão para não ser rotulada de decadente.
                     Não faltam razões para acoimar o iracundo Boris Johnson de um orgulho desmesurado, que se afigura tão grande a ponto de que se venha a temer possa Sua Excelência cair em uma das categorias que Herr Doktor  Sigmund Freud tão bem descreve...

( Fonte: O Estado de S. Paulo ) 

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