terça-feira, 10 de setembro de 2019

Boris Johnson, muito vento, pouco juízo


                       
       As derrotas se acumulam para o Primeiro Ministro.  Para o premier, que carecia de  434 votos, conseguiu apenas 293, para convocar uma nova votação.
         O plenário, uma vez mais, rejeitou-lhe o pedido de antecipação de eleições. Por outro lado, Boris Johnson assegurou ao plenário  que não se empenhará por  um novo adiamento no Brexit, previsto para 31 de outubro.
         Após não lograr no seu ansiado pedido alcançar a antecipação das eleições, mais uma vez assegurou que nada fará para conseguir ulterior adiamento quanto ao Brexit, que continua marcado para o 31 de outubro.
             O parlamento teme que Johnson não haja desistido de  recorrer à astúcia, malgrado seus reiterados votos de que nada fará quanto a um eventual adiamento do Brexit.
               Os líderes políticos carecem de fundar o próprio poder na confiança dos liderados. Como o seu comportamento anterior  desfez-lhe a credibilidade, não há de surpreender que Johnson provoque temores de algum golpe sujo, não desconsiderando o plenário o risco de uma eventual "armadilha", ou mesmo que eleitores pró-Brexit venham a reforçar o Partido Conservador, para que ele não tenha de pedir por uma terceira postergação.
                 Nesse contexto, o líder do Labour, Jeremy Corbyn, criticou acerbamente a posição do Primeiro Ministro, e declarou que não apoiará eleições até que a possibi-lidade de um Brexit sem acordo tenha sido afastada.
                 "O governo não está buscando um acordo de boa-fé",  afirmou Corbyn, alertando para o "desastre" que seria a saída da UE sem acordo, inclusive para o comércio e o mercado de trabalho.
                   Agora, por decisão do Primeiro Ministro, as duas Câmaras - Comuns e Lords - estarão cerradas até catorze de outubro, duas semanas antes do prazo do Brexit, o que a oposição denuncia como estratégia para evitar que o Parlamento impeça uma saída radical da União Europeia.
                     Foram os temores das eventuais consequências de um Brexit sem acordo que levaram os deputados a aprovar em caráter de urgência lei que obriga a Johnson a pedir um ulterior adiamento, se até dezenove de outubro não fechar um acordo aceitável com Bruxelas - tal mudança não foi por acaso, eis que Johnson foi obrigado a pedir o adiamento.
                        A truculência de Johnson  - expulsou 21 deputados tories por rebeldia - o fez perder a maioria na Câmara dos Comuns. Ele contava também com as eleições antecipadas que, a seu ver, lhe reforçariam a mão antes da cúpula da UE, na qual esperava arrancar dos outros 27 países membros um novo acordo.
                                 Ontem, nove de setembro, a UE declarou que não recebeu até o presente nenhuma proposta "realista" de Londres, segundo reportou o premier irlandês, Leo Varadkar. A Irlanda, como se sabe, faz parte da UE, e não mantém qualquer dúvida sobre a continuação de sua ligação com Bruxelas e o continente.
                                    Como se vê, pela displicência irresponsável  de David Cameron, que estupidamente concordara com um referendo convocado em época errada (pleno verão), a timidez e a falta de maior pulso da sucessora Theresa May, e agora, com o ferrabrás Boris Johnson, com pouquíssima experiência de chefiar  gabinete ministerial, ignorância esta associada com exiguo tempo de aprendizado, eis que o pobre Reino Unido se vê a braços com uma situação - que na verdade sequer precisaria existir - pois foi inventada por Cameron, mal conduzida pela May, e agora entregue a alguém que não tem nem experiência, nem tarimba, nem o necessário controle emocional para sequer pensar em ingressar no reduzido clube de Primeiros Ministros dignos desse nome,  como Disraeli e  Winston Churchill.

( Fontes: O Estado de S. Paulo, Nouveau Larousse Encyclopédique )

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