Como
o governador de São Paulo, João Dória tem liderança no PSDB, e como as últimas
eleições ont fait balayé et oublié[1]
a Geraldo Alkmin em termos de candidatura viável à Presidência da República,
não espanta que Jair Bolsonaro, o espontâneo, já tenha apontado a sua
artilharia na direção do governador de Sâo Paulo, João Dória, que se afigura,
no painel tucano, como o único candidato viável no embate, mais adiante, contra
o atual presidente, para as próximas eleições presidenciais.
O temor de Bolsonaro é natural,
porque Dória será um rival perigoso que
é bem capaz de pregar-lhe a peça de presidente de um só mandato. Por isso,
Bolsonaro aparece indócil na pista e vem multiplicando doestos e referências
negativas, acusando Doria de "mamar" em governos do PT na semana
passada, e nesta quinta Bolsonaro chamou Doria de "amigão" dos ex-presidentes
Lula e Dilma, ao referir-se à compra de um jatinho pela empresa do governador,
em 2010, com financiamento do BNDES.
O tom de Bolsonaro serviu
para alertar o tucanato: "Amigão do Lula e da Dilma.Vejo Dória falando
"minha bandeira jamais será vermelha". É brincadeira. Quando estava
mamando a bandeira lá era vermelha com foice e martelo."
A escalada do embate com o
presidente vem num momento em que Dória parece não ter força total no próprio partido. Nesse sentido, foi pelo menos um tropeço ver a cúpula do PSDB negar-se
a enterrar o velho correligionário Aécio Neves, e ao invés arquivar-lhe o
pedido de São Paulo para a expulsão de Aécio do tucanato.
Por outro lado, Dória
é um "infighter" e tal se vê
no avanço do governador sobre 'viúvas'
de Bolsonaro. Isso começou em junho com a filiação do empresário e hoje
presidente estadual do PSDB, no Rio, Paulo Marinho. Ele tinha sido um dos
maiores apoiadores da campanha de Bolsonaro e estava no PSL.
Naquela época, Doria
incentivara o ingresso no PSDB do ex-Ministro Gustava Bebianno, que nutre um
senhor rancor contra Bolsonaro et. fam. A filiação não deverá sair - Bebianno
estã negociando com o DEM - mas Doria tem do ex-ministro uma declaração de
apoio.
Dentro de sua
tática, o governador nega interesse nessas filiações. O governador nega
interesse eleitoral em tais filiações. Mas a verdade política mostra que Doria
precisa atrair parte do eleitorado que votou em Bolsonaro, e o apoio dos
ex-aliados do presidente, mesmo que circunstancial, ajudaria na difusão da
mensagem de que o tucano é a alternativa
para os desiludidos.
(
Fonte: O Globo )
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