Bibi
Netanyahu, além de seus inúmeros problemas com a Lei, como chefe do Likud
(direita) não é exatamente um amigo dos eleitores árabes em seu país.
Essa inimizade chega ao ponto de sutileza como instalar câmeras nas salas de
votação, com o escopo de intimidar o eleitor árabe. Votar em eleição organizada
pela maioria judaica pressuporia já um perigoso adesismo (aos olhos dos demais
palestinos), e daí o "achado" de Netanyahu para afugentar essa
comunidade, que costuma preferir o absenteísmo como mostra de reação ao governo
judaico.
Os árabes-palestinos representam 21% da
população de Israel, estimada em 8,7 milhões. Eles participam e elegem candidatos
ao Knesset
(parlamento), desde a primeira eleição,em 1949, mas têm levado tempo para
conscientizar-se de que, enquanto minoria, possam fazer em prol de sua etnia,
vítimas que foram da colonização judaica.
Apesar de que Israel seja formalmente
uma democracia, há uma grande diferença em ser minoria - depois de sua
longuissima presença na Palestina, como etnia dominante - com as consequências
da vitória dos judeus sobre os palestinos na década de quarenta do século passado.
Outro esforço que os grupos liberais-democráticos
têm procurado incentivar é que o eleitor árabe não deixe de utilizar-se da arma
do sufrágio para reforçar os direitos da minoria palestina no Knesset. Além das
falsas abstenções decorrentes da intimidação, como essa do truque das câmeras
(inventado por Netanyahu), há a impressão de que os eleitos árabes e seus
pequenos partidos são discriminados, como v.g. o investimento do governo
israelense pode ser oito vezes maior
para as cidades de maioria israelense em comparação com as árabo-israelenses.
Nesse contexto, primo, as pessoas devem comparecer (nos centro de votação),
votar nos seus líderes e encorajá-los a serem corajosos (em formar um gabinete
conjunto). É de notar-se que atualmente a maioria dos eleitores
árabo-palestinos (cerca de 75%) apoiaria
um governo de coalizão entre
parlamentares árabes e a centro-esquerda.
È de notar-se que as promessas de
Netanyahu - inclusive de que pretende apossar-se de boa parte da margem direita
do Jordão - o que seria obviamente contra o direito das gentes, eis que se
trata de terra palestina, de que Israel ocupou contra o direito
internacional público e as Resoluções do
Conselho de Segurança das Nações Unidas (podem elas serem transformadas em
letra morta?) - não têm qualquer fundamento no Direito Internacional. Nesse contexto, seria de todo o interesse da comunidade árabe-palestina, que os
seus direitos sejam salvaguardados, o que decerto não ocorreria em um enésimo
governo de Bibi Netanyahu, que justamente já se vangloria de que, se eleito,
iria tornar realidade esse monstrengo do direito internacional público, que é a
anexação manu militari de boa parte da margem oriental do rio Jordão.
Atualmente, Netanyahu e o seu partido Likud disputam voto a voto com o
general Benny Gantz,líder da aliança Azul e Branco, que, inclusive,
intensificou sua campanha, nas últimas semanas, com cartazes em cidades árabo-israelenses, e com entrevistas a canais árabes.
Como reconheceu o candidato ao
Knesset dessa coalizão, Ram Ben-Barak, ex-diretor do Mossad (serviço secreto
israelense): "esta é uma mudança de
estratégia com relação às eleições anteriores (de abril último)", que na
prática terminaram empatadas, por isso forçando a convocação de um novo pleito.
Para o professor de política
da Universidade de Tel Aviv e da Cornell (EUA) Uriel Abulof : o melhor dos
cenários para Netanyahu é que esses àrabes não compareçam em grande número na
terça-feira. No entanto, "se eles decidirem participar na mesma proporção
dos judeus ultra-ortodoxos, podem ganhar entre 16 e 17 cadeiras no Parlamento
(de um total de 120), o que seria um resultado fora do comum". "Poderiam influenciar muito a formação
de uma coalizão e potencialmente participar dela", afirma Abulof.
"Netanyahu é o
primeiro de todos os israelenses a entender que a chave para sua derrota é uma
parceria entre a centro-esquerda e os
árabes", afirmou Ron Gerlitz, diretor da Associação pelo Avanço da Igualdade Cívica em Israel, em entrevista
à revista The New York Review of Books.
Por
fim, uma das queixas mais graves é a violência de grupos e gangues dentro das
comunidades árabes, além da violência de gênero. "Esse tem sido um
problema. Muitos árabes-israelenses estão trabalhando duro para mudar as
coisas. Eles precisam de muito mais ajuda do Estado em suas comunidades",
afirma Abulof.
Segundo dados divulgados em 2016 por
Mamoun Abd al-Hay, então prefeito da cidade de Tira, o investimento do
governo.às vezes, é oito vezes maior para as cidades israelenses em comparação
com as árabo-israelenses. Para analistas, a eleição pode oferecer uma chance de
mudar tal situação.
"No entanto,
primo, as pessoas devem comparecer e votar em seus líderes e encorajá-los a
serem corajosos (a formar um governo
conjunto), disse o professor Abulof. Segundo pesquisa divulgada em abril, a maioria dos eleitores árabes -
entre 73% e 78% - apoiaria um governo de coalizão entre parlamentares árabes e
a centro-esquerda."
Resta saber se os líderes finalmente serão
sensíveis aos desejos do eleitorado palestino.
( Fontes: O Estado de S.
Paulo, The New York Review of Books. )
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